Participação em construção de políticas de saúde: o caso da política nacional de atenção integral à saúde do homem

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Hemmi, Ana Paula Azevedo
Data de Publicação: 2018
Outros Autores: Baptista, Tatiana Wargas de Faria, Rezende, Mônica de
Tipo de documento: Artigo de conferência
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)
Texto Completo: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/38628
Resumo: A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH) afirma ser resultado dos consensos obtidos nos eventos produzidos para sua construção e que exprime, com fidelidade, ideias democraticamente discutidas e pactuadas entre os representantes dos setores responsáveis pela gestão e execução das ações de saúde no país. A pesquisa partiu do estranhamento de tais afirmações. Este estudo busca analisar o processo de construção do documento Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH) com ênfase na participação desses diversos agentes sociais. Para o desenvolvimento do estudo, recorreu-se aos ex-gestores da Área Técnica de Saúde do Homem que estiveram à frente do processo de construção do documento, assim como aqueles que foram convidados para participar desse processo. Realizou-se entrevistas com diversos agentes sociais envolvidos, além de consultas a documentos que se mostraram pertinentes. Adotou-se como contribuições teóricas, dentre outros, os conceitos de Chantal Mouffe, que se posiciona contrária à ideia de democracia deliberativa que tem como base o consenso, já que este tende a apagar identidades, e defende a importância de processos democráticos que levem em consideração o conflito. Pela análise das entrevistas e análise de documentos, foi possível perceber que as sociedades médicas participantes, principalmente, a de urologia e de cardiologia estavam em disputa por uma saúde do homem pautada por um discurso biomédico, em que deveriam se levar em conta os agravos da população masculina relacionados às doenças urológicas e do coração, respectivamente. Enquanto acadêmicos, pesquisadores e as Organizações Não-Governamentais que estavam representando as entidades civis buscaram se pautar no discurso sócio-antropológico, de gênero e das masculinidades, mais ligado à racionalidade da Saúde Coletiva. Além desses, houve aqueles que defendiam o lugar dos gays e homens trans. Ao longo do estudo nos deparamos com a disputa por uma saúde do homem repartida em pelo menos duas racionalidades: a biomédica e da Saúde Coletiva. Ao invés de ideias democraticamente pactuadas que permitiram traçar consensos, encontramos a existência de conflitos que produziram dominação, silenciamentos e apagamentos. Dentre eles, o apagamento da identidade dos homens gays e trans por ambas as racionalidades apontadas.
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Este estudo busca analisar o processo de construção do documento Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH) com ênfase na participação desses diversos agentes sociais. Para o desenvolvimento do estudo, recorreu-se aos ex-gestores da Área Técnica de Saúde do Homem que estiveram à frente do processo de construção do documento, assim como aqueles que foram convidados para participar desse processo. Realizou-se entrevistas com diversos agentes sociais envolvidos, além de consultas a documentos que se mostraram pertinentes. Adotou-se como contribuições teóricas, dentre outros, os conceitos de Chantal Mouffe, que se posiciona contrária à ideia de democracia deliberativa que tem como base o consenso, já que este tende a apagar identidades, e defende a importância de processos democráticos que levem em consideração o conflito. Pela análise das entrevistas e análise de documentos, foi possível perceber que as sociedades médicas participantes, principalmente, a de urologia e de cardiologia estavam em disputa por uma saúde do homem pautada por um discurso biomédico, em que deveriam se levar em conta os agravos da população masculina relacionados às doenças urológicas e do coração, respectivamente. Enquanto acadêmicos, pesquisadores e as Organizações Não-Governamentais que estavam representando as entidades civis buscaram se pautar no discurso sócio-antropológico, de gênero e das masculinidades, mais ligado à racionalidade da Saúde Coletiva. Além desses, houve aqueles que defendiam o lugar dos gays e homens trans. Ao longo do estudo nos deparamos com a disputa por uma saúde do homem repartida em pelo menos duas racionalidades: a biomédica e da Saúde Coletiva. Ao invés de ideias democraticamente pactuadas que permitiram traçar consensos, encontramos a existência de conflitos que produziram dominação, silenciamentos e apagamentos. Dentre eles, o apagamento da identidade dos homens gays e trans por ambas as racionalidades apontadas.Fundação Oswaldo Cruz. Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca. Rio de Janeiro, RJ, Brasil / Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri. Diamantina, MG, Brasil.Fundação Oswaldo Cruz. Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.Universidade Federal Fluminense. 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