Rompimento de barragem de mineração e saúde: lições aprendidas e não aprendidas dos desastres da Samarco e da Vale S.A.

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Silva, Mariano Andrade da
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)
Texto Completo: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/50724
Resumo: Entre o fim de 2015 e o início de 2019, o Brasil registrou os dois mais graves desastres do século XXI envolvendo barragens de mineração: os desastres da mineradora Samarco (2015) e Vale S.A(2019). Discutiremos este tipo de desastre tecnológico sobre a ótica da Saúde Pública. Cada um destes eventos, na perspectiva de seus efeitos, apresentam duas características que devem ser consideradas: atualizam cenários de risco passados, o que inclui tanto o risco intensivo relacionado à operação segura de mineração, com todos os procedimentos de monitoramento e fiscalização que posteriormente falharam; mas também criam novos cenários de risco e efeitos que extrapolam o local de origem do evento, bem como ao longo do tempo, produzindo uma multiplicidade de reações em cadeia e sobreposição de exposição, risco e danos, variando de imediato ao longo prazo. Dessa tese objetiva-se, subsidiar a discussão de políticas de saúde voltadas a gestão de risco de desastres de projetos minerários que se utilizam de barramentos para disposição de resíduos/rejeitos de mineração. A reflexão crítica elaborada no decorrer do processo de doutoramento, a partir de um modelo de pesquisa-ação e participação ativa no processo de mudanças sociais em curso, perseguiu-se, cumprir duas metas: modificar uma realidade e adquirir novos conhecimentos específicos do caso estudado. Tendo em vista a complexidade do debate julgou-se pertinente discutir no Capítulo 3- o porquê devemos ter, como sociedade e setor saúde, um olhar atento para este problema de saúde pública. No Capítulo 4, destacamos e discutimos algumas das dimensões sociais, tecnológicas, culturais, institucionais, econômicas e políticas imbuídas nas origens desses desastres. Apresentamos os processos que favorecem o aparecimento de ações arriscadas e condutas degradadoras da segurança desses sistemas produtivos e como a governança para o setor ocorre na realidade Brasileira. No Capítulo 5, discorrermos sobre os casos estudados seus estágios de recuperação e reconstrução, e a débil estrutura de governança desenvolvida. No Capítulo 6, do ponto de vista da Saúde Coletiva, detalharemos a importância de olharmos para as múltiplas consequências que desastres tecnológicos da mineração podem causar. Considerando estes aspectos, apresentaremos a situação das populações expostas ao desastre da Samarco e as consequências de longo prazo, passados 6 anos do desastre, discutiremos sua ocorrência e as lições não aprendidas do caso estudado. Concluímos, sem a pretensão de exaurir a temática, no Capítulo 7, apresentando perspectivas de gestão de risco de desastres envolvendo aspectos da saúde. Se deste desastre podemos extrair lições, estas só fazem sentido se resultarem em políticas e ações para a redução de riscos de desastres mais efetivas. Tornando-se fundamental que a cadeia produtiva minerária seja capaz de combater os processos que elevam este risco. Mas, também é necessário que o setor público esteja preparado para o desafio de indenizar, reparar e restaurar as histórias perdidas, envolvendo-se nas respostas não só no curto prazo, mas também no médio e longo prazo, pois os inúmeros impactos remetem custos e danos irreversíveis que se prolongam por anos.
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Cada um destes eventos, na perspectiva de seus efeitos, apresentam duas características que devem ser consideradas: atualizam cenários de risco passados, o que inclui tanto o risco intensivo relacionado à operação segura de mineração, com todos os procedimentos de monitoramento e fiscalização que posteriormente falharam; mas também criam novos cenários de risco e efeitos que extrapolam o local de origem do evento, bem como ao longo do tempo, produzindo uma multiplicidade de reações em cadeia e sobreposição de exposição, risco e danos, variando de imediato ao longo prazo. Dessa tese objetiva-se, subsidiar a discussão de políticas de saúde voltadas a gestão de risco de desastres de projetos minerários que se utilizam de barramentos para disposição de resíduos/rejeitos de mineração. A reflexão crítica elaborada no decorrer do processo de doutoramento, a partir de um modelo de pesquisa-ação e participação ativa no processo de mudanças sociais em curso, perseguiu-se, cumprir duas metas: modificar uma realidade e adquirir novos conhecimentos específicos do caso estudado. Tendo em vista a complexidade do debate julgou-se pertinente discutir no Capítulo 3- o porquê devemos ter, como sociedade e setor saúde, um olhar atento para este problema de saúde pública. No Capítulo 4, destacamos e discutimos algumas das dimensões sociais, tecnológicas, culturais, institucionais, econômicas e políticas imbuídas nas origens desses desastres. Apresentamos os processos que favorecem o aparecimento de ações arriscadas e condutas degradadoras da segurança desses sistemas produtivos e como a governança para o setor ocorre na realidade Brasileira. No Capítulo 5, discorrermos sobre os casos estudados seus estágios de recuperação e reconstrução, e a débil estrutura de governança desenvolvida. No Capítulo 6, do ponto de vista da Saúde Coletiva, detalharemos a importância de olharmos para as múltiplas consequências que desastres tecnológicos da mineração podem causar. Considerando estes aspectos, apresentaremos a situação das populações expostas ao desastre da Samarco e as consequências de longo prazo, passados 6 anos do desastre, discutiremos sua ocorrência e as lições não aprendidas do caso estudado. Concluímos, sem a pretensão de exaurir a temática, no Capítulo 7, apresentando perspectivas de gestão de risco de desastres envolvendo aspectos da saúde. Se deste desastre podemos extrair lições, estas só fazem sentido se resultarem em políticas e ações para a redução de riscos de desastres mais efetivas. Tornando-se fundamental que a cadeia produtiva minerária seja capaz de combater os processos que elevam este risco. Mas, também é necessário que o setor público esteja preparado para o desafio de indenizar, reparar e restaurar as histórias perdidas, envolvendo-se nas respostas não só no curto prazo, mas também no médio e longo prazo, pois os inúmeros impactos remetem custos e danos irreversíveis que se prolongam por anos.Between the end of 2015 and the beginning of 2019, Brazil recorded the two most serious disasters of the 21st century involving mining dams: the Samarco (2015) and Vale S.A(2019) mining company disasters. We will discuss this type of technological disaster from a Public Health perspective. Each of these events, from the perspective of their effects, present two characteristics that must be considered: they update past risk scenarios, which includes both the intensive risk related to the safe operation of mining, with all the monitoring and enforcement procedures that subsequently failed; but they also create new risk scenarios and effects that extrapolate the place of origin of the event, as well as over time, producing a multiplicity of chain reactions and overlapping exposure, risk and damage, ranging from immediate to long-term. This thesis aims to subsidize the discussion of health policies aimed at disaster risk management of mining projects that use dams for waste disposal / mining waste. The critical reflection developed during the doctoral process, from a model of research-action and active participation in the process of social change underway, was pursued to meet two goals: modify a reality and acquire new knowledge specific to the case studied. In view of the complexity of the debate, it was deemed pertinent to discuss in Chapter 3 why we must, as a society and as a health sector, take a close look at this public health problem. In Chapter 4, we highlight and discuss some of the social, technological, cultural, institutional, economic and political dimensions imbued in the origins of these disasters. We present the processes that favour the appearance of risky actions and conducts that degrade the safety of these productive systems and how governance for the sector occurs in the Brazilian reality. In Chapter 5, we discuss the cases studied their stages of recovery and reconstruction, and the weak governance structure developed. In Chapter 6, from a Public Health perspective, we will detail the importance of looking at the multiple consequences that technological mining disasters can cause. Considering these aspects, we will present the situation of the populations exposed to the Samarco disaster and the long-term consequences, 6 years after the disaster, discuss its occurrence and the lessons not learned from the case studied. We conclude, without claiming to exhaust the theme, in Chapter 7, by presenting perspectives on disaster risk management involving health aspects. If lessons can be drawn from this disaster, they will only make sense if they result in more effective policies and actions for disaster risk reduction. It has become fundamental that the mining production chain is able to combat the processes that increase this risk. However, it is also necessary that the public sector be prepared for the challenge of indemnifying, repairing and restoring lost stories, getting involved in responses not only in the short term, but also in the medium and long terms, since the countless impacts bring irreversible costs and damage that last for years.Fundação Oswaldo Cruz. Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.porDesastre IndustrialGestão em SaúdeSaúde AmbientalIndustrial DisasterHealth ManagementEnvironmental HealthDesastre IndustrialGestão em SaúdeSaúde AmbientalBarragensMineraçãoLicenciamento AmbientalColapso EstruturalPolítica de SaúdeGestão de RiscosPoluição do ArQualidade da ÁguaRelatos de CasosRompimento de barragem de mineração e saúde: lições aprendidas e não aprendidas dos desastres da Samarco e da Vale S.A.Mining dam collapse and health: learned and not learned from the Samarco and Vale S.A. disastersinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesis2021-08-30Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz.Fundação Oswaldo Cruz, Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca.Rio de Janeiro/RJPrograma de Pós-Graduação em Saúde Públicainfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)instname:Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)instacron:FIOCRUZLICENSElicense.txttext/plain1748https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/50724/1/license.txt8a4605be74aa9ea9d79846c1fba20a33MD51ORIGINALmariano_andrade_silva_ensp_dout_2021.pdfapplication/pdf3627350https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/50724/2/mariano_andrade_silva_ensp_dout_2021.pdfd44a442db4e3592a263a2e92766f6433MD52icict/507242022-01-10 19:10:38.408oai:www.arca.fiocruz.br:icict/50724Tk9URTogUExBQ0UgWU9VUiBPV04gTElDRU5TRSBIRVJFClRoaXMgc2FtcGxlIGxpY2Vuc2UgaXMgcHJvdmlkZWQgZm9yIGluZm9ybWF0aW9uYWwgcHVycG9zZXMgb25seS4KCk5PTi1FWENMVVNJVkUgRElTVFJJQlVUSU9OIExJQ0VOU0UKCkJ5IHNpZ25pbmcgYW5kIHN1Ym1pdHRpbmcgdGhpcyBsaWNlbnNlLCB5b3UgKHRoZSBhdXRob3Iocykgb3IgY29weXJpZ2h0Cm93bmVyKSBncmFudHMgdG8gRFNwYWNlIFVuaXZlcnNpdHkgKERTVSkgdGhlIG5vbi1leGNsdXNpdmUgcmlnaHQgdG8gcmVwcm9kdWNlLAp0cmFuc2xhdGUgKGFzIGRlZmluZWQgYmVsb3cpLCBhbmQvb3IgZGlzdHJpYnV0ZSB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gKGluY2x1ZGluZwp0aGUgYWJzdHJhY3QpIHdvcmxkd2lkZSBpbiBwcmludCBhbmQgZWxlY3Ryb25pYyBmb3JtYXQgYW5kIGluIGFueSBtZWRpdW0sCmluY2x1ZGluZyBidXQgbm90IGxpbWl0ZWQgdG8gYXVkaW8gb3IgdmlkZW8uCgpZb3UgYWdyZWUgdGhhdCBEU1UgbWF5LCB3aXRob3V0IGNoYW5naW5nIHRoZSBjb250ZW50LCB0cmFuc2xhdGUgdGhlCnN1Ym1pc3Npb24gdG8gYW55IG1lZGl1bSBvciBmb3JtYXQgZm9yIHRoZSBwdXJwb3NlIG9mIHByZXNlcnZhdGlvbi4KCllvdSBhbHNvIGFncmVlIHRoYXQgRFNVIG1heSBrZWVwIG1vcmUgdGhhbiBvbmUgY29weSBvZiB0aGlzIHN1Ym1pc3Npb24gZm9yCnB1cnBvc2VzIG9mIHNlY3VyaXR5LCBiYWNrLXVwIGFuZCBwcmVzZXJ2YXRpb24uCgpZb3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgdGhlIHN1Ym1pc3Npb24gaXMgeW91ciBvcmlnaW5hbCB3b3JrLCBhbmQgdGhhdCB5b3UgaGF2ZQp0aGUgcmlnaHQgdG8gZ3JhbnQgdGhlIHJpZ2h0cyBjb250YWluZWQgaW4gdGhpcyBsaWNlbnNlLiBZb3UgYWxzbyByZXByZXNlbnQKdGhhdCB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gZG9lcyBub3QsIHRvIHRoZSBiZXN0IG9mIHlvdXIga25vd2xlZGdlLCBpbmZyaW5nZSB1cG9uCmFueW9uZSdzIGNvcHlyaWdodC4KCklmIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uIGNvbnRhaW5zIG1hdGVyaWFsIGZvciB3aGljaCB5b3UgZG8gbm90IGhvbGQgY29weXJpZ2h0LAp5b3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgeW91IGhhdmUgb2J0YWluZWQgdGhlIHVucmVzdHJpY3RlZCBwZXJtaXNzaW9uIG9mIHRoZQpjb3B5cmlnaHQgb3duZXIgdG8gZ3JhbnQgRFNVIHRoZSByaWdodHMgcmVxdWlyZWQgYnkgdGhpcyBsaWNlbnNlLCBhbmQgdGhhdApzdWNoIHRoaXJkLXBhcnR5IG93bmVkIG1hdGVyaWFsIGlzIGNsZWFybHkgaWRlbnRpZmllZCBhbmQgYWNrbm93bGVkZ2VkCndpdGhpbiB0aGUgdGV4dCBvciBjb250ZW50IG9mIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uLgoKSUYgVEhFIFNVQk1JU1NJT04gSVMgQkFTRUQgVVBPTiBXT1JLIFRIQVQgSEFTIEJFRU4gU1BPTlNPUkVEIE9SIFNVUFBPUlRFRApCWSBBTiBBR0VOQ1kgT1IgT1JHQU5JWkFUSU9OIE9USEVSIFRIQU4gRFNVLCBZT1UgUkVQUkVTRU5UIFRIQVQgWU9VIEhBVkUKRlVMRklMTEVEIEFOWSBSSUdIVCBPRiBSRVZJRVcgT1IgT1RIRVIgT0JMSUdBVElPTlMgUkVRVUlSRUQgQlkgU1VDSApDT05UUkFDVCBPUiBBR1JFRU1FTlQuCgpEU1Ugd2lsbCBjbGVhcmx5IGlkZW50aWZ5IHlvdXIgbmFtZShzKSBhcyB0aGUgYXV0aG9yKHMpIG9yIG93bmVyKHMpIG9mIHRoZQpzdWJtaXNzaW9uLCBhbmQgd2lsbCBub3QgbWFrZSBhbnkgYWx0ZXJhdGlvbiwgb3RoZXIgdGhhbiBhcyBhbGxvd2VkIGJ5IHRoaXMKbGljZW5zZSwgdG8geW91ciBzdWJtaXNzaW9uLgo=Repositório InstitucionalPUBhttps://www.arca.fiocruz.br/oai/requestrepositorio.arca@fiocruz.bropendoar:21352022-01-10T22:10:38Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA) - Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)false
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