Estabelecimento de algoritmos para diagnóstico e vigilância dos vírus das hepatites A e E no Laboratório Central de Saúde Pública do Estado do Amapá

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Rêgo, Márlisson Octávio da Silva
Data de Publicação: 2015
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)
Texto Completo: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/40029
Resumo: As infecções pelos vírus da hepatite A (HAV) e da hepatite E (HEV) permanecem como importante causa de morbidade e mortalidade em todo o mundo. Ambos são transmitidos primariamente pela via fecal-oral, ingestão de água/alimentos contaminados, frequentemente associados a amplos surtos epidêmicos de veiculação hídrica. No Brasil, uma transição de alta para média endemicidade para a hepatite A tem sido observada com base em estudos de soroprevalência por faixa etária. Contudo, existem grupos populacionais que não foram beneficiados pelos recentes avanços econômicos que resultaram em melhoria das condições de saneamento. Localizado na região Norte, onde as condições de higiene e saneamento da população são em geral precárias, o estado do Amapá exibe as mais altas taxas de incidência da infecção por HAV. No que diz respeito à hepatite E, não há dados disponíveis, uma vez que o algoritmo adotado para diagnóstico laboratorial de rotina não inclui a pesquisa dos marcadores sorológicos. Visando a implementação, no LACEN-AP, da metodologia aplicada no diagnóstico e vigilância laboratorial das hepatites virais agudas, um estudo foi conduzido com o objetivo de avaliar (i) um método in-house para detecção de HAV RNA por RT-Nested PCR e ii) testes imunoenzimáticos comerciais para detecção de anticorpos das classes IgM e IgG específicos para HEV. A população de estudo incluiu 171 casos suspeitos de hepatite viral aguda recebidos no LACEN-AP, durante o período de março a dezembro de 2014. A viremia pode ser evidenciada pela detecção do HAV RNA em 59,06% das amostras (101/171) enquanto que pelo método imunoenzimático 55,55% (95/171) dos casos suspeitos tiveram o diagnóstico confirmado pela detecção do marcador sorológico anti-HAV IgM. A taxa de positividade para o HAV RNA foi mais alta entre as amostras reagentes para o anti-HAV IgM (70,5%) do que em amostras não reagentes para este marcador sorológico (44,7%). Por outro lado, 36,58% das amostras negativas para o HAV RNA tiveram resultado reagente para o anti-HAV IgM. A combinação desses 2 marcadores levou a um incremento do número de casos confirmados laboratorialmente, de 55 (55,5%) para 129 (75,4%). Houve predominância de indivíduos menores de 20 anos de idade (100/129), dos quais 43,4% estavam na faixa etária de 1 a 9 anos e 34,1% entre 10 e 19 anos. A maioria dos casos de hepatite A aguda (110/171) ocorreu nos bairros localizados em áreas alagadas (áreas de ressaca). Todas as amostras analisadas foram negativas para os marcadores anti-HEV IgM e IgG, de onde se presume que o HEV não esteja circulando nesta localidade, visto que as condições favoráveis à transmissão de vírus entéricos estão presentes como evidenciado pela alta endemicidade da hepatite A na população estudada.
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No Brasil, uma transição de alta para média endemicidade para a hepatite A tem sido observada com base em estudos de soroprevalência por faixa etária. Contudo, existem grupos populacionais que não foram beneficiados pelos recentes avanços econômicos que resultaram em melhoria das condições de saneamento. Localizado na região Norte, onde as condições de higiene e saneamento da população são em geral precárias, o estado do Amapá exibe as mais altas taxas de incidência da infecção por HAV. No que diz respeito à hepatite E, não há dados disponíveis, uma vez que o algoritmo adotado para diagnóstico laboratorial de rotina não inclui a pesquisa dos marcadores sorológicos. Visando a implementação, no LACEN-AP, da metodologia aplicada no diagnóstico e vigilância laboratorial das hepatites virais agudas, um estudo foi conduzido com o objetivo de avaliar (i) um método in-house para detecção de HAV RNA por RT-Nested PCR e ii) testes imunoenzimáticos comerciais para detecção de anticorpos das classes IgM e IgG específicos para HEV. A população de estudo incluiu 171 casos suspeitos de hepatite viral aguda recebidos no LACEN-AP, durante o período de março a dezembro de 2014. A viremia pode ser evidenciada pela detecção do HAV RNA em 59,06% das amostras (101/171) enquanto que pelo método imunoenzimático 55,55% (95/171) dos casos suspeitos tiveram o diagnóstico confirmado pela detecção do marcador sorológico anti-HAV IgM. A taxa de positividade para o HAV RNA foi mais alta entre as amostras reagentes para o anti-HAV IgM (70,5%) do que em amostras não reagentes para este marcador sorológico (44,7%). Por outro lado, 36,58% das amostras negativas para o HAV RNA tiveram resultado reagente para o anti-HAV IgM. A combinação desses 2 marcadores levou a um incremento do número de casos confirmados laboratorialmente, de 55 (55,5%) para 129 (75,4%). Houve predominância de indivíduos menores de 20 anos de idade (100/129), dos quais 43,4% estavam na faixa etária de 1 a 9 anos e 34,1% entre 10 e 19 anos. A maioria dos casos de hepatite A aguda (110/171) ocorreu nos bairros localizados em áreas alagadas (áreas de ressaca). Todas as amostras analisadas foram negativas para os marcadores anti-HEV IgM e IgG, de onde se presume que o HEV não esteja circulando nesta localidade, visto que as condições favoráveis à transmissão de vírus entéricos estão presentes como evidenciado pela alta endemicidade da hepatite A na população estudada.Hepatitis A virus (HAV) and hepatitis E virus (HEV) infections remain as important causes of morbility and mortality worldwide. Both viruses are transmitted primarily via fecal-oral route, through the ingestion of contaminated water/food, and are frequently associated to waterborne outbreaks, usually with high attack rates. In Brazil, a transition from high to moderate endemicity of HAV infection has been observed as indicated by age-related seroprevalence studies. However, there are population groups that are not benefited from the recent economic and sanitation improvements. The Northern state of Amapá where the hygiene and sanitation conditions are poor, displays the highest incidence rates of HAV infection. With regard to hepatitis E, no data is available, since the algorithm adopted for routine laboratory diagnosis does not include search of serological markers of infection with HEV. For the implementation, in LACEN-AP, of the methodology applied to diagnosis and laboratory surveillance of acute viral hepatitis, a study was conducted with the objective of assessing (i) an in-house method for HAV RNA detection by RT-nested PCR, and ii) commercial enzyme immunoassays for antibodies of the IgM and IgG specific for hepatitis E virus (HEV). The study population included 171 suspected cases of acute viral hepatitis prospectively referred to LACEN-AP during the period from March to December 2014. The viremia may be evidenced by the detection of HAV RNA in 59.06% of samples (101/171) while the enzyme immunoassay method 55.55% (95/171) of suspected cases had the diagnosis confirmed by serological detection of anti-HAV IgM marker. The positivity rate for HAV RNA was highest among the positive samples for anti-HAV IgM (70.5%) than in negative for this serological marker samples (44.7%). Moreover, 36.58% of samples negative for HAV RNA were positive result for IgM anti-HAV. The combination of these two markers has led to an increase in the number of laboratory confirmed cases, 55 (55.5%) 129 (75.4%). There was a predominance of children under the age of 20 subjects (100/129), of which 43.4% were aged 1-9 years and 34.1% between 10 and 19 years. Most cases of acute hepatitis A (110/171) occurred in neighborhoods located in flooded areas (surf areas). All analyzed samples were negative for anti-HAV IgM and IgG markers, where it is assumed that HEV is not circulating in this location, because conditions favorable to the transmission of enteric viruses are present as evidenced by high endemic hepatitis A in population studied.Fundação Oswaldo Cruz. Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.porHepatite AHepatite EVeiculação HídricaMacapá-APVigilância SanitáriaHepatitis AHepatitis EWaterborneMacapá-APHepatite AHepatite EDoenças Transmitidas pela ÁguaTécnicas ImunoenzimáticasVigilância SanitariaEstabelecimento de algoritmos para diagnóstico e vigilância dos vírus das hepatites A e E no Laboratório Central de Saúde Pública do Estado do Amapáinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesis2015Coordenação de Pós-GraduaçãoFundação Oswaldo Cruz. 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