Saúde mental e desastres: a condição dos idosos atingidos pelo rompimento da Barragem de Fundão a partir da percepção de profissionais da rede de atenção psicossocial

• Autor(a) principal: Santos, Marcela Alves de Lima
• Data de Publicação: 2018
• Outros Autores: Modena, Celina Maria
• Tipo de documento: Artigo de conferência
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)
• Texto Completo: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/38436
• topic: Desastres; Perda de vínculos sociais; Saúde mental; Idosos; Rede de Atenção Psicossocial

O desastre do rompimento da Barragem de Fundão em Mariana (MG) causou o deslocamento forçado de várias famílias para a área urbana. Diante de um contexto de perda de vínculos sociais e de laços simbólicos, a condição de saúde mental da população idosa é motivo de preocupação, devido a sua maior vulnerabilidade. Por isso, buscou-se compreender a situação dos idosos no município após esse desastre. Compreender e analisar a condição de saúde mental dos idosos atingidos pelo rompimento da Barragem de Fundão em Mariana (MG) a partir da percepção dos profissionais da Rede de Atenção Psicossocial do município. Foi realizada pesquisa social qualitativa no município de Mariana, buscando compreender como os participantes analisam o impacto do desastre na vida dos idosos atingidos no município. Foi realizado grupo focal com os profissionais da equipe multiprofissional que trabalha diretamente com a população atingida. As entrevistas foram analisadas a partir da técnica de Análise de Conteúdo Temática. O grupo foi formado por trabalhadoras de saúde mental de nível superior. Segundo a percepção das profissionais, as atividades relacionadas ao plantio e criação de animais estão entre as perdas mais significativas. A perda de autonomia para deslocamento e para realização de suas tarefas e a redução de suporte social e comunitário são apontados como queixas frequentes. Entre os sintomas mais relatados, estão o isolamento, humor deprimido, angústia e ansiedade. O pouco sentimento de pertencimento e o medo de não poder construir projetos de vida, de não voltar a morar perto da comunidade devido à lentidão do reassentamento também aparecem. Esses sintomas se acentuaram com a morte de idosos das comunidades. O estudo aponta como o luto e as memórias têm significados diferentes para os idosos. O pensamento relacionado à morte também é mais frequente que em outras faixas etárias, assim como a apropriação de um novo espaço é mais difícil quando comparados a outros ciclos de vida. Por isso, pesquisas que aprofundem a condição de saúde mental dos idosos são importantes para a orientação das políticas públicas nesse contexto.