Entre feudos e cogestão: paradoxos da autonomia em uma experiência de humanização no âmbito hospitalar

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Silva, Atila Mendes da
Data de Publicação: 2013
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)
Texto Completo: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/24454
Resumo: O estudo teve como objetivo analisar iniciativas de humanização da assistência, com relação à problemática da autonomia dos sujeitos implicados na produção do cuidado em saúde em um hospital materno-infantil no município do Rio de Janeiro-RJ. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, estruturada a partir de um estudo de caso e apoiada na abordagem teórica da Psicossociologia Francesa e na contribuição de autores do campo do planejamento e gestão em saúde. As estratégias metodológicas utilizadas foram: entrevistas semiestruturadas com profissionais de saúde e gestores responsáveis pela implementação das iniciativas de humanização e análise dos documentos disponibilizados por tais iniciativas. A implementação da humanização no hospital estudado se deu através de algumas iniciativas voltadas prioritariamente para os usuários, sendo ressaltado como resultado de seus trabalhos: a transformação da percepção dos familiares a respeito da criança internada (―ressignificação‖) e a participação ativa dos usuários no processo de tratamento (―empoderamento‖). Entretanto, esse processo de humanização privilegiou uma experiência, ainda em curso, de implementação dos arranjos organizacionais de Colegiados Gestores (CG) e Unidades de Produção (UP). Tais arranjos foram valorizados na iniciativa, principalmente, como um meio de amplificar o comprometimento dos trabalhadores com o hospital. Na perspectiva dos sujeitos responsáveis pela estruturação destes dispositivos, a inclusão dos trabalhadores nos espaços de gestão dos colegiados ampliaria sua capacidade decisória, ao mesmo tempo em que os mobilizaria a se comprometerem mais com o cuidado prestado. Em alguns momentos, os entrevistados parecem ter uma visão utópica dos colegiados, os idealizando como um espaço que, quando completamente instalado, levaria a uma mudança de cultura no hospital e a um apaziguamento das tensões existentes, o que possibilitaria incluir os usuários neste arranjo e lidar com temáticas mais árduas. Por outro lado, os sujeitos de pesquisa mencionam a força das categorias profissionais no hospital como uma das principais resistências ao processo de implementação dos Colegiados Gestores e Unidades de Produção, apontando para o entendimento de que o novo modo de organização do hospital envolve lidar com os interesses das categorias profissionais e dos antigos departamentos do hospital, caracterizados pelos sujeitos de pesquisa em alguns momentos como ―feudos‖. Por fim, dialogando o material das entrevistas com nossa base teórica, ressaltamos a importância de reconhecer os conflitos decorrentes das divergências entre os interesses dos trabalhadores e usuários, o que possibilitaria criar estratégias para lidar com tais conflitos de forma produtiva, sem mitigá-los de maneira autoritária. Além disso, discutimos o potencial de que tais arranjos possam funcionar como um espaço intermediário, permitindo o diálogo entre o singular e coletivo e possibilitando a construção de um projeto compartilhado entre os trabalhadores para a produção de valores de uso para o hospital.
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As estratégias metodológicas utilizadas foram: entrevistas semiestruturadas com profissionais de saúde e gestores responsáveis pela implementação das iniciativas de humanização e análise dos documentos disponibilizados por tais iniciativas. A implementação da humanização no hospital estudado se deu através de algumas iniciativas voltadas prioritariamente para os usuários, sendo ressaltado como resultado de seus trabalhos: a transformação da percepção dos familiares a respeito da criança internada (―ressignificação‖) e a participação ativa dos usuários no processo de tratamento (―empoderamento‖). Entretanto, esse processo de humanização privilegiou uma experiência, ainda em curso, de implementação dos arranjos organizacionais de Colegiados Gestores (CG) e Unidades de Produção (UP). Tais arranjos foram valorizados na iniciativa, principalmente, como um meio de amplificar o comprometimento dos trabalhadores com o hospital. Na perspectiva dos sujeitos responsáveis pela estruturação destes dispositivos, a inclusão dos trabalhadores nos espaços de gestão dos colegiados ampliaria sua capacidade decisória, ao mesmo tempo em que os mobilizaria a se comprometerem mais com o cuidado prestado. Em alguns momentos, os entrevistados parecem ter uma visão utópica dos colegiados, os idealizando como um espaço que, quando completamente instalado, levaria a uma mudança de cultura no hospital e a um apaziguamento das tensões existentes, o que possibilitaria incluir os usuários neste arranjo e lidar com temáticas mais árduas. Por outro lado, os sujeitos de pesquisa mencionam a força das categorias profissionais no hospital como uma das principais resistências ao processo de implementação dos Colegiados Gestores e Unidades de Produção, apontando para o entendimento de que o novo modo de organização do hospital envolve lidar com os interesses das categorias profissionais e dos antigos departamentos do hospital, caracterizados pelos sujeitos de pesquisa em alguns momentos como ―feudos‖. Por fim, dialogando o material das entrevistas com nossa base teórica, ressaltamos a importância de reconhecer os conflitos decorrentes das divergências entre os interesses dos trabalhadores e usuários, o que possibilitaria criar estratégias para lidar com tais conflitos de forma produtiva, sem mitigá-los de maneira autoritária. Além disso, discutimos o potencial de que tais arranjos possam funcionar como um espaço intermediário, permitindo o diálogo entre o singular e coletivo e possibilitando a construção de um projeto compartilhado entre os trabalhadores para a produção de valores de uso para o hospital.The study aimed to analyze the humanization initiatives with respect to the issue of autonomy of the subjects involved in the production of health care in a maternal and child hospital in the city of Rio de Janeiro-RJ. This is a qualitative research, structured from a case study and based on the theoretical approach of the French Social Psychology and of the contribution of authors from the field of planning and health management. The methodological strategies were used: semi-structured interviews with health professionals and managers responsible for implementing the initiatives of humanization and analysis of documents provided by such initiatives. The implementation of humanization in the hospital was made through some initiatives aimed primarily for users, being emphasized as a result of their work: the transformation of family perception about the hospitalized child ("reframing") and the active participation of users in the process treatment ("empowerment"). However, this process of humanization has privileged a experience, still in progress, the implementation of the organizational arrangements of Collegiate Managers (CG) and Production Units (PU). Such arrangements were valued in the initiative, mainly as a means of amplifying the commitment of workers to the hospital. In the perspective of those responsible for the structuring of these devices, the inclusion of the workers in the areas of management of collegiate would broaden their decision-making capacity, while it will mobilize them to commit themselves more with the care provided. In a few moments, the respondents seem to have a utopian vision of the collegiate, idealizing them as a space that, when fully installed, would lead to a change of culture in the hospital and a calming of tensions, which would allow users being included in this arrangement and be able to deal themed toughest. On the other hand, research subjects mention the strength of the professional categories in the hospital as a major resistance to the implementation process of the CGs and UPs, pointing to the understanding that the new mode of organization of hospital involves dealing with the professionals' interests and the former departments of the hospital, was characterized by the research subjects at times as "fiefdoms". Finally, dialoguing material from the interviews with our theoretical basis, we emphasize the importance of recognizing the conflicts arising from disagreement between the interests of workers and users, which would allow to create strategies for dealing with such conflicts productively without mitigate them authoritarian manner. In addition, we discuss the potential that such arrangements they can work as an intermediary space, allowing the dialogue between the singular and the collective and the construction of a shared project between workers for the production of use values for the hospital.Fundação Oswaldo Cruz. Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.porHumanização da AssistênciaAutonomiaGestão ColegiadaCogestãoSubjetividadePolítica Nacional de Humanização (PNH)Humanization of CareAutonomyCollective ManagementCo-ManagementSubjectivityNational Humanization Policy (NHP)Humanização da AssistênciaGestão em SaúdeAvaliação de Serviços de SaúdeEntre feudos e cogestão: paradoxos da autonomia em uma experiência de humanização no âmbito hospitalarAmong feuds and comanagement: paradoxes of autonomy in a humanizing experience in hospitalsinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisEscola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz.Fundação Oswaldo Cruz, Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca.Rio de Janeiro/RJPrograma de Pós-Graduação em Saúde Públicainfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)instname:Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)instacron:FIOCRUZORIGINALve_Atila_Mendes_ENSP_2013application/pdf1646086https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/24454/1/ve_Atila_Mendes_ENSP_2013c5e2a01c7831528ba6b53f4e64938e91MD51LICENSElicense.txttext/plain1748https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/24454/2/license.txt8a4605be74aa9ea9d79846c1fba20a33MD52TEXT527.pdf.txt527.pdf.txtExtracted texttext/plain363290https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/24454/3/527.pdf.txt2867098fa51b0d753f317b1ffe933668MD53icict/244542023-01-17 14:49:23.751oai:www.arca.fiocruz.br:icict/24454Tk9URTogUExBQ0UgWU9VUiBPV04gTElDRU5TRSBIRVJFClRoaXMgc2FtcGxlIGxpY2Vuc2UgaXMgcHJvdmlkZWQgZm9yIGluZm9ybWF0aW9uYWwgcHVycG9zZXMgb25seS4KCk5PTi1FWENMVVNJVkUgRElTVFJJQlVUSU9OIExJQ0VOU0UKCkJ5IHNpZ25pbmcgYW5kIHN1Ym1pdHRpbmcgdGhpcyBsaWNlbnNlLCB5b3UgKHRoZSBhdXRob3Iocykgb3IgY29weXJpZ2h0Cm93bmVyKSBncmFudHMgdG8gRFNwYWNlIFVuaXZlcnNpdHkgKERTVSkgdGhlIG5vbi1leGNsdXNpdmUgcmlnaHQgdG8gcmVwcm9kdWNlLAp0cmFuc2xhdGUgKGFzIGRlZmluZWQgYmVsb3cpLCBhbmQvb3IgZGlzdHJpYnV0ZSB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gKGluY2x1ZGluZwp0aGUgYWJzdHJhY3QpIHdvcmxkd2lkZSBpbiBwcmludCBhbmQgZWxlY3Ryb25pYyBmb3JtYXQgYW5kIGluIGFueSBtZWRpdW0sCmluY2x1ZGluZyBidXQgbm90IGxpbWl0ZWQgdG8gYXVkaW8gb3IgdmlkZW8uCgpZb3UgYWdyZWUgdGhhdCBEU1UgbWF5LCB3aXRob3V0IGNoYW5naW5nIHRoZSBjb250ZW50LCB0cmFuc2xhdGUgdGhlCnN1Ym1pc3Npb24gdG8gYW55IG1lZGl1bSBvciBmb3JtYXQgZm9yIHRoZSBwdXJwb3NlIG9mIHByZXNlcnZhdGlvbi4KCllvdSBhbHNvIGFncmVlIHRoYXQgRFNVIG1heSBrZWVwIG1vcmUgdGhhbiBvbmUgY29weSBvZiB0aGlzIHN1Ym1pc3Npb24gZm9yCnB1cnBvc2VzIG9mIHNlY3VyaXR5LCBiYWNrLXVwIGFuZCBwcmVzZXJ2YXRpb24uCgpZb3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgdGhlIHN1Ym1pc3Npb24gaXMgeW91ciBvcmlnaW5hbCB3b3JrLCBhbmQgdGhhdCB5b3UgaGF2ZQp0aGUgcmlnaHQgdG8gZ3JhbnQgdGhlIHJpZ2h0cyBjb250YWluZWQgaW4gdGhpcyBsaWNlbnNlLiBZb3UgYWxzbyByZXByZXNlbnQKdGhhdCB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gZG9lcyBub3QsIHRvIHRoZSBiZXN0IG9mIHlvdXIga25vd2xlZGdlLCBpbmZyaW5nZSB1cG9uCmFueW9uZSdzIGNvcHlyaWdodC4KCklmIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uIGNvbnRhaW5zIG1hdGVyaWFsIGZvciB3aGljaCB5b3UgZG8gbm90IGhvbGQgY29weXJpZ2h0LAp5b3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgeW91IGhhdmUgb2J0YWluZWQgdGhlIHVucmVzdHJpY3RlZCBwZXJtaXNzaW9uIG9mIHRoZQpjb3B5cmlnaHQgb3duZXIgdG8gZ3JhbnQgRFNVIHRoZSByaWdodHMgcmVxdWlyZWQgYnkgdGhpcyBsaWNlbnNlLCBhbmQgdGhhdApzdWNoIHRoaXJkLXBhcnR5IG93bmVkIG1hdGVyaWFsIGlzIGNsZWFybHkgaWRlbnRpZmllZCBhbmQgYWNrbm93bGVkZ2VkCndpdGhpbiB0aGUgdGV4dCBvciBjb250ZW50IG9mIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uLgoKSUYgVEhFIFNVQk1JU1NJT04gSVMgQkFTRUQgVVBPTiBXT1JLIFRIQVQgSEFTIEJFRU4gU1BPTlNPUkVEIE9SIFNVUFBPUlRFRApCWSBBTiBBR0VOQ1kgT1IgT1JHQU5JWkFUSU9OIE9USEVSIFRIQU4gRFNVLCBZT1UgUkVQUkVTRU5UIFRIQVQgWU9VIEhBVkUKRlVMRklMTEVEIEFOWSBSSUdIVCBPRiBSRVZJRVcgT1IgT1RIRVIgT0JMSUdBVElPTlMgUkVRVUlSRUQgQlkgU1VDSApDT05UUkFDVCBPUiBBR1JFRU1FTlQuCgpEU1Ugd2lsbCBjbGVhcmx5IGlkZW50aWZ5IHlvdXIgbmFtZShzKSBhcyB0aGUgYXV0aG9yKHMpIG9yIG93bmVyKHMpIG9mIHRoZQpzdWJtaXNzaW9uLCBhbmQgd2lsbCBub3QgbWFrZSBhbnkgYWx0ZXJhdGlvbiwgb3RoZXIgdGhhbiBhcyBhbGxvd2VkIGJ5IHRoaXMKbGljZW5zZSwgdG8geW91ciBzdWJtaXNzaW9uLgo=Repositório InstitucionalPUBhttps://www.arca.fiocruz.br/oai/requestrepositorio.arca@fiocruz.bropendoar:21352023-01-17T17:49:23Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA) - Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)false
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