Tudo não é por acaso: exploração, greves, sindicatos surpreendidos e a saúde dos trabalhadores do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Almeida, Hugo Pinto de
Data de Publicação: 2016
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)
Texto Completo: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/26394
Resumo: Esta pesquisa analisa a luta coletiva e sindical dos trabalhadores em sua relação com a saúde, tendo como campo de estudo o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (COMPERJ). No COMPERJ, um conjunto de lutas e greves dos operários da construção civil, como a de 2014, pôs em questão as condições de exploração e a representação sindical da categoria. Com base na Saúde Coletiva/Saúde do Trabalhador, a abordagem teórico-metodológica da investigação compreende as práticas coletivas dos operários do COMPERJ de resistência e enfretamento à exploração capitalista como expressão das contradições do processo de trabalho capaz de contribuir com o conhecimento em saúde dos trabalhadores. Nessa linhagem, enfatizamos a perspectiva da pesquisa participante junto a coletivos de trabalhadores para se gerar transformação. O trabalho de campo incluiu dois momentos, sendo o primeiro a participação em audiências públicas relativas as condições de trabalho do COMPERJ, assembleias da categoria e visitas ao sindicato representativo. O segundo momento compreendeu entrevista semidiretiva e individual com informantes-chave, sendo realizadas ao todo 10 (dez) entrevistas com três grupos: 5 (cinco) com trabalhadores de base do COMPERJ que participaram dos movimentos de greve; 4 (quatro) com diretores do SINDIPETRO-RJ, entidade sindical implicada na luta dos operários e 01 (uma) com técnico do sindicato legalmente investido da representação dos trabalhadores da construção civil do COMPERJ. Os resultados e a discussão destacam um conjunto de reivindicações que traduzem resistência do processo de trabalho, tais como: prolongamento do trabalho, administração por estresse, práticas gerenciais de controle e vigilância do trabalhador, bem como práticas de enfraquecimento coletivo dos trabalhadores, base da resistência operária. Algumas das práticas de enfraquecimento ocorrem pela fragmentação dos trabalhadores através das formas de terceirização presente na obra e as características da estrutura sindical de Estado. No enfrentamento a exploração, os trabalhadores produziram diferentes formas de solidariedade e resistência no sentindo de produção de saúde, sendo uma destas a criação de comissões de base, instância independente do sindicato representativo, devido ao enfraquecimento da organização no local de trabalho. Estas comissões objetivavam organizar as lutas, greves e reivindicações dos trabalhadores da construção civil do COMPERJ. O movimento dos trabalhadores do COMPERJ, apoiado por sindicatos de outras categorias, se constituiu como uma forma de resistência perante as condições de exploração e reafirmando a possibilidade de conquistas e mudanças no processo de trabalho, como também a possibilidade do reencontro com o coletivo de trabalhadores, apesar dos limites impostos pelos patrões e o próprio sindicato legal da categoria que tinham o objetivo de diminuir ou fragmentar a luta operária. A presente dissertação, surgida pela interpelação da luta dos trabalhadores, contribui ao apontar para a necessidade do aprofundamento da realidade dos trabalhadores a partir das suas próprias práticas organizativas e compreendendo assim os próprios limites da estrutura sindical de Estado para a luta pela saúde dos trabalhadores.
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Com base na Saúde Coletiva/Saúde do Trabalhador, a abordagem teórico-metodológica da investigação compreende as práticas coletivas dos operários do COMPERJ de resistência e enfretamento à exploração capitalista como expressão das contradições do processo de trabalho capaz de contribuir com o conhecimento em saúde dos trabalhadores. Nessa linhagem, enfatizamos a perspectiva da pesquisa participante junto a coletivos de trabalhadores para se gerar transformação. O trabalho de campo incluiu dois momentos, sendo o primeiro a participação em audiências públicas relativas as condições de trabalho do COMPERJ, assembleias da categoria e visitas ao sindicato representativo. O segundo momento compreendeu entrevista semidiretiva e individual com informantes-chave, sendo realizadas ao todo 10 (dez) entrevistas com três grupos: 5 (cinco) com trabalhadores de base do COMPERJ que participaram dos movimentos de greve; 4 (quatro) com diretores do SINDIPETRO-RJ, entidade sindical implicada na luta dos operários e 01 (uma) com técnico do sindicato legalmente investido da representação dos trabalhadores da construção civil do COMPERJ. Os resultados e a discussão destacam um conjunto de reivindicações que traduzem resistência do processo de trabalho, tais como: prolongamento do trabalho, administração por estresse, práticas gerenciais de controle e vigilância do trabalhador, bem como práticas de enfraquecimento coletivo dos trabalhadores, base da resistência operária. Algumas das práticas de enfraquecimento ocorrem pela fragmentação dos trabalhadores através das formas de terceirização presente na obra e as características da estrutura sindical de Estado. No enfrentamento a exploração, os trabalhadores produziram diferentes formas de solidariedade e resistência no sentindo de produção de saúde, sendo uma destas a criação de comissões de base, instância independente do sindicato representativo, devido ao enfraquecimento da organização no local de trabalho. Estas comissões objetivavam organizar as lutas, greves e reivindicações dos trabalhadores da construção civil do COMPERJ. O movimento dos trabalhadores do COMPERJ, apoiado por sindicatos de outras categorias, se constituiu como uma forma de resistência perante as condições de exploração e reafirmando a possibilidade de conquistas e mudanças no processo de trabalho, como também a possibilidade do reencontro com o coletivo de trabalhadores, apesar dos limites impostos pelos patrões e o próprio sindicato legal da categoria que tinham o objetivo de diminuir ou fragmentar a luta operária. A presente dissertação, surgida pela interpelação da luta dos trabalhadores, contribui ao apontar para a necessidade do aprofundamento da realidade dos trabalhadores a partir das suas próprias práticas organizativas e compreendendo assim os próprios limites da estrutura sindical de Estado para a luta pela saúde dos trabalhadores.This research analyses the collective and trade union struggle of workers in relation to health in the Petrochemical Complex of Rio de Janeiro (CMPERJ). In COMPERJ, a set of struggles and strikes of construction workers, such as the one in 2014, questioned the work conditions and union representation of the category. Based on Public Health / Works` Health, the theoretical and methodological approach of this research includes the collective practices of the COMPERJ workers in regard to resistance and fighting the capitalist exploitation, as an expression of the contradictions of what the work process can contribute to the health knowledge of the workers. In this sense, we conducted participant observation of workers' collectives generating transformation. The fieldwork included two moments: First, participation in public hearings about working conditions in COMPERJ meetings and visits to the Union. In the second moment, we conducted 10 (ten) interviews with three groups: five (5) with COMPERJ workers who participated in the strike movement; 4 (four) with SINDIPETRO-RJ directors, Labour Union involved in the struggle of the workers and 1 (one) with a technical legally invested by the Union to represent COMPERJ constructions workers. The results and discussion highlighted a number of claims that translate the resistance to the work process, such as prolongation of work, stress management, management practices of control and surveillance of the worker at the same time, collective weakening of workers. We emphasize forms of outsourcing this work and the characteristics of the Union structure in the State. In addressing the exploitation, the workers produced different forms of solidarity and resistance in the sense of health production, and formed base commission, an independent body of the representative Union. These commissions organized struggles, strikes and workers' demands from the workplace. The movement of COMPERJ workers, supported by trade unions of other categories, constituted as a form of resistance against the conditions of exploitation, reaffirming the possibility of achievements and changes in the labour process, but also the possibility of reunion with the collective of workers despite the limits imposed by employers and own legal category union. This dissertation, which appeared for the interpellation of the workers' struggle, helps to point out the needs of deepen studies from the real struggles and their own organizational practices of workers for the production of knowledge in Workers` Health.Fundação Oswaldo Cruz. Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.porSaúde do TrabalhadorIndústria da ConstruçãoServiços TerceirizadosGreveSindicatosWorkers HealthConstruction IndustryOutsourced ServicesStrikeUnionsSaúde do TrabalhadorIndústria da ConstruçãoServiços TerceirizadosGreveSindicatosTudo não é por acaso: exploração, greves, sindicatos surpreendidos e a saúde dos trabalhadores do Complexo Petroquímico do Rio de JaneiroIt is not by chance: exploration, strikes, surprised unions and health of workers at the Petrochemical Complex of Rio de Janeiroinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisEscola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz.Fundação Oswaldo Cruz. 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