Intoxicação por Mascagnia pubiflora em bovinos no estado de Mato Grosso
Autor(a) principal: | |
---|---|
Data de Publicação: | 2014 |
Outros Autores: | |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Pesquisa Agropecuária Brasileira (Online) |
Texto Completo: | https://seer.sct.embrapa.br/index.php/pab/article/view/17373 |
Resumo: | Mascagnia pubiflora (Juss.) Grisebach, da família Malpighiaceae, foi identificada como causa importante de mortandades em bovinos no sul do Estado de Mato Grosso. Foram observadas duas variedades da planta, M. pubiflora, forma glabra, e M. pubiflora, forma pilosa. Através da experimentação em 30 bovinos foi verificado que as duas variedades possuem a mesma toxicidade para essa espécie animal, mas que ambas variaram bastante na sua toxidez de acordo com a época do ano. Enquanto que em agosto/setembro, época de seca, com a planta em brotação, floração e frutificação, a dose letal das folhas frescas foi ao redor de 5 g/kg de peso animal, em abril/maio, final da época de chuva, com as folhas da planta maduras, ela foi em torno de 20 g/kg. As folhas dessecadas da planta, com o tempo, perderam em toxidez. Em um experimento com as folhas dessecadas, a planta não teve efeito acumulativo e não provocou desenvolvimento de tolerância. O quadro da intoxicação experimental pelas folhas frescas de M. pubiflora foi bastante uniforme em todos os bovinos. Alguns (6/15) amanheceram mortos no dia seguinte da administração, tendo a morte ocorrido dentro de 16 a 22 horas e meia após a ingestão da planta. Nos animais em que se pode observar a evolução da doença (9/15), os primeiros sintomas foram vistos dentro de 16 a 25 horas após a administração das folhas, e a sua evolução até a morte foi de poucos minutos a 49 horas e meia; mas em todos os animais, mesmo nos em que a evolução da intoxicação era mais longa, havia uma fase, final dramática, de "morte súbita", de duração ,de minutos. Os sintomas podiam ser provocados ou intensificados e a morte podia ser precipitada, através de exercício. Eles eram de ordem neuromuscular; consistiam em relutância de se levantar, andar rígido e tremores musculares; o animal deitava-se precipitadamente, sobretudo quando tocado. Mais cedo ou mais tarde, dependendo parcialmente do exercício, esses sintomas subitamente tornavam-se muito intensos, o animal caía de lado, fazia movimentos fortes de pedalagem e morria, levando toda essa fase final somente minutos. O exercício tinha efeito maior quando o animal tinha previamente permanecido ao sol. Os achados de necropsia foram pouco relevantes. As alterações histopatológicas que chamam mais a atenção consistem em degeneração hidrópico-vacuolar das células epiteliais dos túbulos uriníferos contornados distais, visto em parte dos animais de experimentação (6/15). |
id |
EMBRAPA-4_bc8f5f46020b817b7169c088ce7077b7 |
---|---|
oai_identifier_str |
oai:ojs.seer.sct.embrapa.br:article/17373 |
network_acronym_str |
EMBRAPA-4 |
network_name_str |
Pesquisa Agropecuária Brasileira (Online) |
repository_id_str |
|
spelling |
Intoxicação por Mascagnia pubiflora em bovinos no estado de Mato GrossoPoisoning of cattle by mascagnia pubiflora in Mato Grasso, BrazilMascagnia pubiflora (Juss.) Grisebach, da família Malpighiaceae, foi identificada como causa importante de mortandades em bovinos no sul do Estado de Mato Grosso. Foram observadas duas variedades da planta, M. pubiflora, forma glabra, e M. pubiflora, forma pilosa. Através da experimentação em 30 bovinos foi verificado que as duas variedades possuem a mesma toxicidade para essa espécie animal, mas que ambas variaram bastante na sua toxidez de acordo com a época do ano. Enquanto que em agosto/setembro, época de seca, com a planta em brotação, floração e frutificação, a dose letal das folhas frescas foi ao redor de 5 g/kg de peso animal, em abril/maio, final da época de chuva, com as folhas da planta maduras, ela foi em torno de 20 g/kg. As folhas dessecadas da planta, com o tempo, perderam em toxidez. Em um experimento com as folhas dessecadas, a planta não teve efeito acumulativo e não provocou desenvolvimento de tolerância. O quadro da intoxicação experimental pelas folhas frescas de M. pubiflora foi bastante uniforme em todos os bovinos. Alguns (6/15) amanheceram mortos no dia seguinte da administração, tendo a morte ocorrido dentro de 16 a 22 horas e meia após a ingestão da planta. Nos animais em que se pode observar a evolução da doença (9/15), os primeiros sintomas foram vistos dentro de 16 a 25 horas após a administração das folhas, e a sua evolução até a morte foi de poucos minutos a 49 horas e meia; mas em todos os animais, mesmo nos em que a evolução da intoxicação era mais longa, havia uma fase, final dramática, de "morte súbita", de duração ,de minutos. Os sintomas podiam ser provocados ou intensificados e a morte podia ser precipitada, através de exercício. Eles eram de ordem neuromuscular; consistiam em relutância de se levantar, andar rígido e tremores musculares; o animal deitava-se precipitadamente, sobretudo quando tocado. Mais cedo ou mais tarde, dependendo parcialmente do exercício, esses sintomas subitamente tornavam-se muito intensos, o animal caía de lado, fazia movimentos fortes de pedalagem e morria, levando toda essa fase final somente minutos. O exercício tinha efeito maior quando o animal tinha previamente permanecido ao sol. Os achados de necropsia foram pouco relevantes. As alterações histopatológicas que chamam mais a atenção consistem em degeneração hidrópico-vacuolar das células epiteliais dos túbulos uriníferos contornados distais, visto em parte dos animais de experimentação (6/15).Mascagnia pubiflora (Juss.) Grisebach, of the Malpighiaceae family, was identified as an important cause of mortality in catlle from the southern Mato Grosso. Two varieties of the plant were observed, a smooth leaved and a velvet leaved form. Experiments in 30 bovines revealed that both varieties had the same toxicity for cattle, but their toxicity varied during the year. In August/September (the dry season of the year) the plant was actively growing, flowering and seeding and during this period the lethal dosage was 5g/kg body weight. In April/May (at the end of the rainy season), when the plant had mature leaves the lethal dosage was 20 g/kg. The toxicity of the dried leaves was diminished if they were kept for several months at room temperature. In one experiment with the dried leaves the plant showed no cumulative effects and did not induce tolerance. The clinical picture of the poisoning was quite uniform in all the experimental animals. Some of them (6/15) were found dead the morning after the administration of the plant; they died between 16 and 22% hours after ingestion of the plant. In those animals where the poisoning was studied clinically (9/15), symptoms were first seen 16 to 25 hours after the administration of the plant. Death occurred within a period of a few minutes to 49% hours after the onset of symptoms; but in all the experimental cases, even in those with a long evolution, there was a final dramatic stage, of "sudden death", which lasted only minutes. The clinical signs of poisoning were reluctance to stand up, staggering gait, muscle tremors, and lying down abruptly especially when driven around. These signs could be precipitated or intensified by exercising the animal. Sooner or later, depending partly on the exercise, these signs suddenly became very intense; the animal fell on its side, made violent movements with its legs and died, and this last stage lasted only minutes. The effect of exercise was enhanced after the animals were left in the sun. Post-mortem examination revealed no abnormal findings. The most interesting histopathological lesions consisted of hydropic degeneration of the epithelial cells of the distal convoluted kidney tubules, but this was not seen in all the experimental animals (6/15).Pesquisa Agropecuaria BrasileiraPesquisa Agropecuária BrasileiraTokarnia, Carlos HubingerDöbereiner, Jürgen2014-04-15info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttps://seer.sct.embrapa.br/index.php/pab/article/view/17373Pesquisa Agropecuaria Brasileira; v.8, n.6, 1973: Série Veterinária; 61-68Pesquisa Agropecuária Brasileira; v.8, n.6, 1973: Série Veterinária; 61-681678-39210100-104xreponame:Pesquisa Agropecuária Brasileira (Online)instname:Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa)instacron:EMBRAPAporhttps://seer.sct.embrapa.br/index.php/pab/article/view/17373/11634info:eu-repo/semantics/openAccess2014-04-15T18:46:30Zoai:ojs.seer.sct.embrapa.br:article/17373Revistahttp://seer.sct.embrapa.br/index.php/pabPRIhttps://old.scielo.br/oai/scielo-oai.phppab@sct.embrapa.br || sct.pab@embrapa.br1678-39210100-204Xopendoar:2014-04-15T18:46:30Pesquisa Agropecuária Brasileira (Online) - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa)false |
dc.title.none.fl_str_mv |
Intoxicação por Mascagnia pubiflora em bovinos no estado de Mato Grosso Poisoning of cattle by mascagnia pubiflora in Mato Grasso, Brazil |
title |
Intoxicação por Mascagnia pubiflora em bovinos no estado de Mato Grosso |
spellingShingle |
Intoxicação por Mascagnia pubiflora em bovinos no estado de Mato Grosso Tokarnia, Carlos Hubinger |
title_short |
Intoxicação por Mascagnia pubiflora em bovinos no estado de Mato Grosso |
title_full |
Intoxicação por Mascagnia pubiflora em bovinos no estado de Mato Grosso |
title_fullStr |
Intoxicação por Mascagnia pubiflora em bovinos no estado de Mato Grosso |
title_full_unstemmed |
Intoxicação por Mascagnia pubiflora em bovinos no estado de Mato Grosso |
title_sort |
Intoxicação por Mascagnia pubiflora em bovinos no estado de Mato Grosso |
author |
Tokarnia, Carlos Hubinger |
author_facet |
Tokarnia, Carlos Hubinger Döbereiner, Jürgen |
author_role |
author |
author2 |
Döbereiner, Jürgen |
author2_role |
author |
dc.contributor.none.fl_str_mv |
|
dc.contributor.author.fl_str_mv |
Tokarnia, Carlos Hubinger Döbereiner, Jürgen |
dc.subject.none.fl_str_mv |
|
description |
Mascagnia pubiflora (Juss.) Grisebach, da família Malpighiaceae, foi identificada como causa importante de mortandades em bovinos no sul do Estado de Mato Grosso. Foram observadas duas variedades da planta, M. pubiflora, forma glabra, e M. pubiflora, forma pilosa. Através da experimentação em 30 bovinos foi verificado que as duas variedades possuem a mesma toxicidade para essa espécie animal, mas que ambas variaram bastante na sua toxidez de acordo com a época do ano. Enquanto que em agosto/setembro, época de seca, com a planta em brotação, floração e frutificação, a dose letal das folhas frescas foi ao redor de 5 g/kg de peso animal, em abril/maio, final da época de chuva, com as folhas da planta maduras, ela foi em torno de 20 g/kg. As folhas dessecadas da planta, com o tempo, perderam em toxidez. Em um experimento com as folhas dessecadas, a planta não teve efeito acumulativo e não provocou desenvolvimento de tolerância. O quadro da intoxicação experimental pelas folhas frescas de M. pubiflora foi bastante uniforme em todos os bovinos. Alguns (6/15) amanheceram mortos no dia seguinte da administração, tendo a morte ocorrido dentro de 16 a 22 horas e meia após a ingestão da planta. Nos animais em que se pode observar a evolução da doença (9/15), os primeiros sintomas foram vistos dentro de 16 a 25 horas após a administração das folhas, e a sua evolução até a morte foi de poucos minutos a 49 horas e meia; mas em todos os animais, mesmo nos em que a evolução da intoxicação era mais longa, havia uma fase, final dramática, de "morte súbita", de duração ,de minutos. Os sintomas podiam ser provocados ou intensificados e a morte podia ser precipitada, através de exercício. Eles eram de ordem neuromuscular; consistiam em relutância de se levantar, andar rígido e tremores musculares; o animal deitava-se precipitadamente, sobretudo quando tocado. Mais cedo ou mais tarde, dependendo parcialmente do exercício, esses sintomas subitamente tornavam-se muito intensos, o animal caía de lado, fazia movimentos fortes de pedalagem e morria, levando toda essa fase final somente minutos. O exercício tinha efeito maior quando o animal tinha previamente permanecido ao sol. Os achados de necropsia foram pouco relevantes. As alterações histopatológicas que chamam mais a atenção consistem em degeneração hidrópico-vacuolar das células epiteliais dos túbulos uriníferos contornados distais, visto em parte dos animais de experimentação (6/15). |
publishDate |
2014 |
dc.date.none.fl_str_mv |
2014-04-15 |
dc.type.none.fl_str_mv |
|
dc.type.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/article info:eu-repo/semantics/publishedVersion |
format |
article |
status_str |
publishedVersion |
dc.identifier.uri.fl_str_mv |
https://seer.sct.embrapa.br/index.php/pab/article/view/17373 |
url |
https://seer.sct.embrapa.br/index.php/pab/article/view/17373 |
dc.language.iso.fl_str_mv |
por |
language |
por |
dc.relation.none.fl_str_mv |
https://seer.sct.embrapa.br/index.php/pab/article/view/17373/11634 |
dc.rights.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/openAccess |
eu_rights_str_mv |
openAccess |
dc.format.none.fl_str_mv |
application/pdf |
dc.publisher.none.fl_str_mv |
Pesquisa Agropecuaria Brasileira Pesquisa Agropecuária Brasileira |
publisher.none.fl_str_mv |
Pesquisa Agropecuaria Brasileira Pesquisa Agropecuária Brasileira |
dc.source.none.fl_str_mv |
Pesquisa Agropecuaria Brasileira; v.8, n.6, 1973: Série Veterinária; 61-68 Pesquisa Agropecuária Brasileira; v.8, n.6, 1973: Série Veterinária; 61-68 1678-3921 0100-104x reponame:Pesquisa Agropecuária Brasileira (Online) instname:Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) instacron:EMBRAPA |
instname_str |
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) |
instacron_str |
EMBRAPA |
institution |
EMBRAPA |
reponame_str |
Pesquisa Agropecuária Brasileira (Online) |
collection |
Pesquisa Agropecuária Brasileira (Online) |
repository.name.fl_str_mv |
Pesquisa Agropecuária Brasileira (Online) - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) |
repository.mail.fl_str_mv |
pab@sct.embrapa.br || sct.pab@embrapa.br |
_version_ |
1793416662126428160 |