A responsabilidade penal do programador de veículos autônomos em situações dilemáticas
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2024 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional do FGV (FGV Repositório Digital) |
Texto Completo: | https://hdl.handle.net/10438/35823 |
Resumo: | Apesar de os veículos autônomos serem desenvolvidos sob as promessas de aumento da segurança e de redução de acidentes, o trânsito não deixará de ser um espaço vivo, permeado de imprevistos próprios da experiência humana. Por mais seguros que sejam, ainda é possível que se encontrem em situações dilemáticas de “vida contra vida”: diante de uma colisão inevitável, qualquer decisão do sistema provocará a morte de algum dos envolvidos. Mesmo programada para aprender e decidir de forma autônoma, a máquina também considera comandos pré-determinados por seus programadores, através de algoritmos de acidentes. Tal vinculação e outros fatores de imputação, a princípio, acarretariam a responsabilidade penal do programador pelo resultado típico provocado pela decisão do sistema. Os algoritmos de acidentes, contudo, constituem um dilema ainda anterior: a vida dos passageiros será sempre priorizada? Ainda que custe a vida daquele que não cria tal perigo? Ainda que às custas de um número maior de vítimas? Uma vez que a proteção de um envolvido somente se dá pela morte de outro(s), investigamos se a programação estaria justificada pelo estado de necessidade ou pela colisão de deveres. Observamos o tratamento legal e doutrinário das categorias, bem como a adequação das configurações fáticas impostas pela tecnologia aos seus pressupostos clássicos. Verificamos que a origem do perigo impacta diretamente o dever de tolerância da vítima, a ponderação de interesses e dos deveres que recaem sobre o programador, que deve adotar medidas para que dos veículos autônomos não decorram perigos extremos aos passageiros e à comunidade. Nesse sentido, para o estado de necessidade agressivo, a imponderabilidade da vida impede a justificação do sacrifício de uma vida para salvar outra, diferente da forma defensiva. Para a colisão de deveres, somente estaria justificada a programação que considerasse a origem do perigo, por delimitar a posição jurídica dos envolvidos. |
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Sardenberg, Rodrigo de CastroEscolas::DIREITO SPD´Avila, Fábio RobertoViana, EduardoScalcon, Raquel LimaSiqueira, Flávia Cambraia2024-09-02T13:06:54Z2024-09-02T13:06:54Z2024-08-02https://hdl.handle.net/10438/35823Apesar de os veículos autônomos serem desenvolvidos sob as promessas de aumento da segurança e de redução de acidentes, o trânsito não deixará de ser um espaço vivo, permeado de imprevistos próprios da experiência humana. Por mais seguros que sejam, ainda é possível que se encontrem em situações dilemáticas de “vida contra vida”: diante de uma colisão inevitável, qualquer decisão do sistema provocará a morte de algum dos envolvidos. Mesmo programada para aprender e decidir de forma autônoma, a máquina também considera comandos pré-determinados por seus programadores, através de algoritmos de acidentes. Tal vinculação e outros fatores de imputação, a princípio, acarretariam a responsabilidade penal do programador pelo resultado típico provocado pela decisão do sistema. Os algoritmos de acidentes, contudo, constituem um dilema ainda anterior: a vida dos passageiros será sempre priorizada? Ainda que custe a vida daquele que não cria tal perigo? Ainda que às custas de um número maior de vítimas? Uma vez que a proteção de um envolvido somente se dá pela morte de outro(s), investigamos se a programação estaria justificada pelo estado de necessidade ou pela colisão de deveres. Observamos o tratamento legal e doutrinário das categorias, bem como a adequação das configurações fáticas impostas pela tecnologia aos seus pressupostos clássicos. Verificamos que a origem do perigo impacta diretamente o dever de tolerância da vítima, a ponderação de interesses e dos deveres que recaem sobre o programador, que deve adotar medidas para que dos veículos autônomos não decorram perigos extremos aos passageiros e à comunidade. Nesse sentido, para o estado de necessidade agressivo, a imponderabilidade da vida impede a justificação do sacrifício de uma vida para salvar outra, diferente da forma defensiva. Para a colisão de deveres, somente estaria justificada a programação que considerasse a origem do perigo, por delimitar a posição jurídica dos envolvidos.Even though autonomous vehicles are developed under the promises of safety increasing and damage reduction, traffic will still be a living environment filled with unforeseeable events, typically human. Even with a high secure technology, it will still be possible that they find themselves in “life against life” dilemmatic situations: opposite to an inevitable collision, any decision will provoke someone´s death. Despite programmed to learn and take autonomous decisions, the machine considers pre-determined crash algorithms commands. That binding and other liability factors, in principle, would entail the programmer’s criminal liability by the offense created by the system´s choice. The crash algorithms, however, constitutes an anticipated dilemma: the passenger’s lives are always priority? Even by killing someone that did not created the dangerous situation? Even by killing a higher number of victims? Once that someone´s protection is only possible by the murdering of another(s), we investigate if the programming is justified by the state of necessity or the collision or duties. We observe the categories legal and doctrinate treatment and the adequacy of factual configurations imposed by the technology and their classic presupposition. We verified that the danger’s origin impact directly the victim´s tolerance, the interests and duties weighting that fall on the programmer that must take measures to ensure that the autonomous vehicles do not pose extreme dangers against their passengers and the community. In that way, for the state of necessity, the imponderability of life impedes the justification of the life sacrifice to save another life. By the collision of duties, it would be only justified the programming that considers the danger´s origin for delimiting the legal positions of those involved.porVeículos autônomosSituações dilemáticasResponsabilidade penalEstado de necessidadeColisão de deveresAutonomous vehiclesDilemmatic situationsCriminal liabilittyState of necessityColision of dutiesDireitoResponsabilidade penalVeículos autônomosNecessidade (Direito)AlgoritmosA responsabilidade penal do programador de veículos autônomos em situações dilemáticasinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional do FGV (FGV Repositório Digital)instname:Fundação Getulio Vargas (FGV)instacron:FGVLICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; charset=utf-85112https://repositorio.fgv.br/bitstreams/daf2b870-b537-45d6-af05-abcf33a1e4de/download2a4b67231f701c416a809246e7a10077MD52ORIGINALDissertação de Mestrado - Rodrigo de Castro Sardenberg - Protocolo 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Apesar de os veículos autônomos serem desenvolvidos sob as promessas de aumento da segurança e de redução de acidentes, o trânsito não deixará de ser um espaço vivo, permeado de imprevistos próprios da experiência humana. Por mais seguros que sejam, ainda é possível que se encontrem em situações dilemáticas de “vida contra vida”: diante de uma colisão inevitável, qualquer decisão do sistema provocará a morte de algum dos envolvidos. Mesmo programada para aprender e decidir de forma autônoma, a máquina também considera comandos pré-determinados por seus programadores, através de algoritmos de acidentes. Tal vinculação e outros fatores de imputação, a princípio, acarretariam a responsabilidade penal do programador pelo resultado típico provocado pela decisão do sistema. Os algoritmos de acidentes, contudo, constituem um dilema ainda anterior: a vida dos passageiros será sempre priorizada? Ainda que custe a vida daquele que não cria tal perigo? Ainda que às custas de um número maior de vítimas? Uma vez que a proteção de um envolvido somente se dá pela morte de outro(s), investigamos se a programação estaria justificada pelo estado de necessidade ou pela colisão de deveres. Observamos o tratamento legal e doutrinário das categorias, bem como a adequação das configurações fáticas impostas pela tecnologia aos seus pressupostos clássicos. Verificamos que a origem do perigo impacta diretamente o dever de tolerância da vítima, a ponderação de interesses e dos deveres que recaem sobre o programador, que deve adotar medidas para que dos veículos autônomos não decorram perigos extremos aos passageiros e à comunidade. Nesse sentido, para o estado de necessidade agressivo, a imponderabilidade da vida impede a justificação do sacrifício de uma vida para salvar outra, diferente da forma defensiva. Para a colisão de deveres, somente estaria justificada a programação que considerasse a origem do perigo, por delimitar a posição jurídica dos envolvidos. |
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