Motivos e mecanismos de internação de crianças e adolescentes em hospital psiquiátrico: o circuito do controle

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Braga,Claudia Pellegrini
Data de Publicação: 2022
Outros Autores: d’Oliveira,Ana Flávia Pires Lucas
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Cadernos de Saúde Pública
Texto Completo: http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X2022000505012
Resumo: Os avanços da reforma psiquiátrica incluem a implantação de serviços de saúde mental substitutivos à lógica asilar. Porém, internações em hospitais psiquiátricos, inclusive de crianças e adolescentes, continuam ocorrendo. Esse estudo buscou compreender os motivos de internação em um hospital psiquiátrico a partir da perspectiva da instituição e das crianças e adolescentes internados. Trata-se de pesquisa qualitativa, de abordagem hermenêutico-dialética, tendo sido feita a leitura de documentos institucionais, entrevistas abertas com oito adolescentes e observação participante. Os resultados indicaram que o motivo principal alegado pelo hospital psiquiátrico para internação foi nomeado como “agressividade”, justificada pelo “risco para si e para outros”, enquanto, para as crianças e os adolescentes, os motivos de internação eram múltiplos, incluindo uso de drogas, pequenas brigas e infrações. A análise indicou que os mecanismos para a internação pelo hospital psiquiátrico envolvem, durante a anamnese, uma leitura sobre o outro que o define como desviante de normas sociais e a posterior atribuição de um diagnóstico, avalizando a internação psiquiátrica. Também indicou que a sustentação e continuidade de internações psiquiátricas ocorrem em um circuito do controle operado entre diferentes instituições para tutela dos desviantes. Este estudo evidencia que, para evitar internações em hospitais psiquiátricos, além do fechamento destes, é preciso superar o paradigma psiquiátrico, sendo, para isso, necessárias as práticas de desinstitucionalização e na perspectiva da atenção psicossocial nos serviços de saúde mental abertos, territoriais e substitutivos.
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