Kafka e Orson Welles: processos cruzados
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2019 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Cadernos literários |
Texto Completo: | https://periodicos.furg.br/cadliter/article/view/9299 |
Resumo: | Este artigo analisa a leitura fílmica realizada por Orson Welles (1962) da obra O processo, de Franz Kafka. Em filme homônimo ao romance, o narrador onisciente de Kafka é problematizado dentro da diegese cinematográfica através da bifurcação de sua posição operada pela duplicata da voz over (que apresenta o prólogo fílmico e os créditos finais) e as vozes off e in dentro da narrativa, cuja origem enunciativa pode ser identificada na figura da personagem “advogado”, subnarrador responsável pela parábola “Diante da lei”. A voz over, ponto fixo sonoro que abre a película, pode ser associada ao ponto fixo visual produzido pela câmera contra-plongée, típica de Welles. O espanto do protagonista frente aos quadros pintados por Titorelli assemelha-se ao espanto diante do absurdo do seu processo: o limiar entre o visível e o invisível aproxima-se do limiar entre a justiça e a injustiça. Diante do absurdo que atinge Josef K., resta-lhe indagar aos seus algozes “sobre o teatro ao qual pertencem”, uma vez que os seus questionamentos acerca da “objetividade” dos fatos foram soterrados pelo poder. |
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Kafka e Orson Welles: processos cruzadosEste artigo analisa a leitura fílmica realizada por Orson Welles (1962) da obra O processo, de Franz Kafka. Em filme homônimo ao romance, o narrador onisciente de Kafka é problematizado dentro da diegese cinematográfica através da bifurcação de sua posição operada pela duplicata da voz over (que apresenta o prólogo fílmico e os créditos finais) e as vozes off e in dentro da narrativa, cuja origem enunciativa pode ser identificada na figura da personagem “advogado”, subnarrador responsável pela parábola “Diante da lei”. A voz over, ponto fixo sonoro que abre a película, pode ser associada ao ponto fixo visual produzido pela câmera contra-plongée, típica de Welles. O espanto do protagonista frente aos quadros pintados por Titorelli assemelha-se ao espanto diante do absurdo do seu processo: o limiar entre o visível e o invisível aproxima-se do limiar entre a justiça e a injustiça. Diante do absurdo que atinge Josef K., resta-lhe indagar aos seus algozes “sobre o teatro ao qual pertencem”, uma vez que os seus questionamentos acerca da “objetividade” dos fatos foram soterrados pelo poder.Universidade Federal do Rio Grande - FURG2019-08-11info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttps://periodicos.furg.br/cadliter/article/view/9299Cadernos Literários; v. 24 n. 2 (2016): Dossiê Direito e Literatura; 51-602675-38041415-8132reponame:Cadernos literáriosinstname:Universidade Federal do Rio Grande (FURG)instacron:FURGporhttps://periodicos.furg.br/cadliter/article/view/9299/5962Copyright (c) 2019 Cadernos Literáriosinfo:eu-repo/semantics/openAccessBueno, Kim Amaral2024-04-16T16:36:59Zoai:ojs.periodicos.furg.br:article/9299Revistahttps://periodicos.furg.br/cadliterPUBhttps://periodicos.furg.br/cadliter/oaicadernos.literarios@furg.br2594-80402594-8040opendoar:2024-04-16T16:36:59Cadernos literários - Universidade Federal do Rio Grande (FURG)false |
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