O CONCEITO DE VIOLÊNCIA E O MEIO AMBIENTE EM MICHEL SERRES

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Calloni, Humberto
Data de Publicação: 2013
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Remea - Revista Eletrônica do Mestrado em Educação Ambiental (Online)
Texto Completo: https://periodicos.furg.br/remea/article/view/3330
Resumo: Este artigo trata de enfatizar o profundo anelo de Michel Serres pela paz. Como veremos adiante, o sentido da paz para o filósofo francês não advém de uma determinidade exterior ou deus-ex-machine ao universo humano, mas emerge a partir de contratos jurídicos nos quais as guerras são regulamentadas a fim de se estabelecer o armistício. É que a história da humanidade é a história mesma da violência. Seja a violência objetiva – aquelas agressões permanentes contra a natureza, o planeta Terra -, seja a violência subjetiva – as guerras e agressões regulamentadas ou não entre os seres humanos – a violência é um fenômeno visceral à condição humana, cujas modalidades e intensidades são indescritíveis. Assim, por mais paradoxal que possa parecer, a paz entre os humanos e entre estes e a natureza só será possível a partir de contratos de direito e de fato em que ambas as partes se comprometam com a preservação de suas vidas. No que diz respeito ao planeta Terra, o mundo físico tal e qual, é preciso considerá-lo um inimigo (tal como, de fato, é consciente ou inconscientemente considerado) a fim de declarar a guerra após o devido contrato jurídico, com o qual se preserva o armistício, o fim do combate, a derradeira paz. Assim como foi assinado o Contrato Social para preservar a paz entre os homens, há necessidade, segundo o filósofo, de que se assine um Contrato Natural com o planeta Terra. A partir desse acordo entre iguais juridicamente, as partes inimigas poderão, enfim, assinar o acordo de paz. Para que o contrato natural tenha legitimidade é necessário que o planeta Terra seja considerado sujeito de fato e de direito. Por esse acordo, a Terra não poderá mais ser considerada mero objeto de espoliação, violência pura e simples, sem limites e sem leis. Como sujeito de direito, o mundo natural deverá ser preservado da destruição que se lhe avizinha e nós, humanos, a nossa espécie. O meio ambiente é tudo, diz o pensador francês. O planeta Terra somos nós enquanto conscientes dos vínculos matriciais que nos conectam com o misterioso acontecimento da vida.
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