O poder do mito: um escrito sobre o círculo vicioso da epistemologia e do ensino jurídico

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Machado, Lúcio Carobin
Data de Publicação: 2015
Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da FURG (RI FURG)
Texto Completo: http://repositorio.furg.br/handle/1/7381
Resumo: Esta monografia aborda a epistemologia e o ensino jurídico. Busca traçar um ponto de ligação entre eles, pois acredita que há uma retroalimentação da teoria hegemônica do Direito (dogmática jurídica) e de um ensino, recortado por um poder disciplinar, que não dá espaço para que a Teoria Crítica se desenvolva propriamente. Primeiramente, é abordada a Teoria Pura do Direito de Hans Kelsen, pois configura e é pressuposto para que se compreenda a racionalização universalizante e neutra apresentada pela dogmática jurídica moderna. A partir da semiologia do poder, identifica-se que a neutralidade e universalização em Kelsen, assim como a da dogmática jurídica, são formas ideológicas de se legitimar o exercício do poder, na medida em que se utilizam do mito para cristalizar determinada realidade histórica, conveniente para a classe dominante. Logo em seguida, define-se a Teoria Crítica como sendo uma forma de buscar a linguagem perdida no processo de mitificação, ressignificando o saber e a prática jurídica. No entanto, há uma blindagem epistemológica e também educacional, que dificulta a inserção da teoria crítica nesses espaços. Dessa forma, buscou-se compreender o porquê prepondera uma forma de conhecimento universalizante e pretensamente neutro nas Escolas de Direito. Percebeu-se que há um poder disciplinar exercido pelo discurso dos docentes nas Escolas de Direito, que é responsável pela fabricação de corpos dóceis, suscetíveis às ingerências do poder. Na medida em que o Direito é incumbido de formar agentes propensos a obrar no campo do poder, nas Faculdades de Direito há a inculcação de uma forma de comportamento nos alunos, que visa formar indivíduos tendentes a não questionar ordens. O Direito, por sua vez, tem como função precípua legitimar e justificar a ordem do poder e não explicá-la. Portanto, forma-se um círculo vicioso entre a epistemologia e o ensino do Direito, que orbita ao redor de uma força arbitrária, a mesma que institui o Direito e que forma indivíduos dóceis para cumpri-lo.
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A partir da semiologia do poder, identifica-se que a neutralidade e universalização em Kelsen, assim como a da dogmática jurídica, são formas ideológicas de se legitimar o exercício do poder, na medida em que se utilizam do mito para cristalizar determinada realidade histórica, conveniente para a classe dominante. Logo em seguida, define-se a Teoria Crítica como sendo uma forma de buscar a linguagem perdida no processo de mitificação, ressignificando o saber e a prática jurídica. No entanto, há uma blindagem epistemológica e também educacional, que dificulta a inserção da teoria crítica nesses espaços. Dessa forma, buscou-se compreender o porquê prepondera uma forma de conhecimento universalizante e pretensamente neutro nas Escolas de Direito. Percebeu-se que há um poder disciplinar exercido pelo discurso dos docentes nas Escolas de Direito, que é responsável pela fabricação de corpos dóceis, suscetíveis às ingerências do poder. Na medida em que o Direito é incumbido de formar agentes propensos a obrar no campo do poder, nas Faculdades de Direito há a inculcação de uma forma de comportamento nos alunos, que visa formar indivíduos tendentes a não questionar ordens. O Direito, por sua vez, tem como função precípua legitimar e justificar a ordem do poder e não explicá-la. Portanto, forma-se um círculo vicioso entre a epistemologia e o ensino do Direito, que orbita ao redor de uma força arbitrária, a mesma que institui o Direito e que forma indivíduos dóceis para cumpri-lo.This monograph deals with the epistemology and legal education. Attempts to trace a connection point between them, believing that there is a vicious circle of the hegemonic theory of law and and the legal education, involved by a disciplinary power, which does not give room for the Critical Theory to develop properly. Firstly, to do so, it is addressed to Hans Kelsen's Pure Theory of Law, as precondition for understanding the universalizing and neutral rationalization presented by the modern legal doctrine. From the semiotics of power, it is identified that the neutrality and universality in Kelsen, as well as the legal dogmatic, are ideological ways of legitimizing the exercise of power using the myth to crystallize certain historical reality that is convenient for the ruling class. Soon after, the work defines the Critical Theory as a way of seeking the lost language in the mythologizing process, allowing to give new meaning to the knowledge and legal practice. However, there is an epistemological and education shield, which blocks the integration of critical theory in these spaces. The disciplinary power exercised by the discourse of teachers in Law Schools is responsible for manufacturing docile bodies, susceptible to interference from power, to the extent that the law is charged with forming agents likely to work in the field of power, in law faculties there is the inculcation of a form of behavior in students, which aims to train individuals not to question orders, but to obey because the law has as its primary function to legitimize and to justify the order of power, instead of explain it. Therefore, there's a vicious circle between epistemology and teaching of law, orbiting around an arbitrary force, the same as that established the law and that tame the students to obey blindly.Dias, Renato DuroMachado, Lúcio Carobin2017-07-18T18:17:15Z2017-07-18T18:17:15Z2015info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/bachelorThesisapplication/pdfMACHADO, Lúcio Carobin. 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