Modernismo de pés descalços Mário de Andrade e a cultura caipira

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Marques, Ivan
Data de Publicação: 2012
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Revista do Instituto de Estudos Brasileiros
Texto Completo: https://www.revistas.usp.br/rieb/article/view/53895
Resumo: Depois das “palavras em liberdade” de Pauliceia desvairada, Mário de Andrade inaugurou, nos anos de 1920, uma nova fase de sua obra literária, que correspondia a uma reorientação do próprio Modernismo brasileiro: a busca da “contribuição milionária de todos os erros” (Oswald de Andrade, “Manifesto Pau Brasil”). Contra as regras da gramática e do discurso letrado, procurava-se imitar a “língua errada do povo”. No caso de Mário de Andrade, o desejo de estilizar a fala popular resultou no projeto da Gramatiquinha da Língua Brasileira, que tinha no chamado dialeto caipira uma de suas inspirações. O diálogo com a cultura caipira ocorre em momentos centrais da sua produção literária: Macunaíma, Clã do jabuti, Os contos de Belazarte. Estudando a pintura de Tarsila do Amaral, Mário dirá que a sua brasilidade consiste no “caipirismo” das cores e das formas; algo que também se aplica, e mais radicalmente, à literatura cada vez mais enraizada de Mário de Andrade, na qual os “erros” de linguagem e a presença de personagens caipiras ou selvagens figuram o deslocamento do Brasil e o do próprio escritor em relação ao processo de modernização.
id IEB-1_032023892268d568f43f52f8472ef01d
oai_identifier_str oai:revistas.usp.br:article/53895
network_acronym_str IEB-1
network_name_str Revista do Instituto de Estudos Brasileiros
repository_id_str
spelling Modernismo de pés descalços Mário de Andrade e a cultura caipiraBarefoot Modernism Mário de Andrade and the Rural CultureModernismoMário de Andradelíngua brasileiracultura caipiraModernismMário de AndradeBrazilian languagerural cultureDepois das “palavras em liberdade” de Pauliceia desvairada, Mário de Andrade inaugurou, nos anos de 1920, uma nova fase de sua obra literária, que correspondia a uma reorientação do próprio Modernismo brasileiro: a busca da “contribuição milionária de todos os erros” (Oswald de Andrade, “Manifesto Pau Brasil”). Contra as regras da gramática e do discurso letrado, procurava-se imitar a “língua errada do povo”. No caso de Mário de Andrade, o desejo de estilizar a fala popular resultou no projeto da Gramatiquinha da Língua Brasileira, que tinha no chamado dialeto caipira uma de suas inspirações. O diálogo com a cultura caipira ocorre em momentos centrais da sua produção literária: Macunaíma, Clã do jabuti, Os contos de Belazarte. Estudando a pintura de Tarsila do Amaral, Mário dirá que a sua brasilidade consiste no “caipirismo” das cores e das formas; algo que também se aplica, e mais radicalmente, à literatura cada vez mais enraizada de Mário de Andrade, na qual os “erros” de linguagem e a presença de personagens caipiras ou selvagens figuram o deslocamento do Brasil e o do próprio escritor em relação ao processo de modernização.After exercising the boldness of “words in freedom” on his Pauliceia Desvairada futuristic verses, Mário de Andrade began a new phase in his literary work in the mid-1920’s, which coincided with the reorganization of the Brazilian modernism itself, moved by the search for the “millionaire contribution of all mistakes” (an expression by Oswald de Andrade on Manifesto Pau-Brasil). Standing up against grammar rules and the literate discourse, modernists sought to emulate the “wrong language of the people”, well aware that this would be the route to our “native originality”. In the particular case of Mário de Andrade, the desire to define the popular speech resulted in a project called Gramatiquinha da Língua Brasileira (Brazilian Language Little Grammar), which had as one of its main inspirations the rural dialect. The dialogue with the Brazilian rural culture actually occurs in key moments of his writing in the 1920’s: on the novel Macunaíma, on the Clã do Jabuti poems, and on the Os Contos de Belazarte suburban stories. By studying Tarsila do Amaral’s paintings, Mário says its Brazilianness lies in the rural aspect of the colors and shapes – a principle that also applies, and even more radically, to his increasingly rooted writing, in which language “mistakes” and the presence of rural or wild characters represent the displacement of Brazil and the writer himself regarding the modernization process.Universidade de São Paulo. Instituto de Estudos Brasileiros2012-09-01info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttps://www.revistas.usp.br/rieb/article/view/5389510.11606/issn.2316-901X.v0i55p27-42Revista do Instituto de Estudos Brasileiros; Núm. 55 (2012); 27-42Revista do Instituto de Estudos Brasileiros; n. 55 (2012); 27-42Revista do Instituto de Estudos Brasileiros; No 55 (2012); 27-42Revista do Instituto de Estudos Brasileiros; No. 55 (2012); 27-422316-901X0020-3874reponame:Revista do Instituto de Estudos Brasileirosinstname:Instituto de Estudos Brasileiros (IEB)instacron:IEBporhttps://www.revistas.usp.br/rieb/article/view/53895/57832Copyright (c) 2016 Revista do Instituto de Estudos Brasileirosinfo:eu-repo/semantics/openAccessMarques, Ivan2014-12-19T12:12:35Zoai:revistas.usp.br:article/53895Revistahttps://www.revistas.usp.br/rieb/indexPUBhttps://www.revistas.usp.br/rieb/oai||revistaieb@usp.br2316-901X0020-3874opendoar:2014-12-19T12:12:35Revista do Instituto de Estudos Brasileiros - Instituto de Estudos Brasileiros (IEB)false
dc.title.none.fl_str_mv Modernismo de pés descalços Mário de Andrade e a cultura caipira
Barefoot Modernism Mário de Andrade and the Rural Culture
title Modernismo de pés descalços Mário de Andrade e a cultura caipira
spellingShingle Modernismo de pés descalços Mário de Andrade e a cultura caipira
Marques, Ivan
Modernismo
Mário de Andrade
língua brasileira
cultura caipira
Modernism
Mário de Andrade
Brazilian language
rural culture
title_short Modernismo de pés descalços Mário de Andrade e a cultura caipira
title_full Modernismo de pés descalços Mário de Andrade e a cultura caipira
title_fullStr Modernismo de pés descalços Mário de Andrade e a cultura caipira
title_full_unstemmed Modernismo de pés descalços Mário de Andrade e a cultura caipira
title_sort Modernismo de pés descalços Mário de Andrade e a cultura caipira
author Marques, Ivan
author_facet Marques, Ivan
author_role author
dc.contributor.author.fl_str_mv Marques, Ivan
dc.subject.por.fl_str_mv Modernismo
Mário de Andrade
língua brasileira
cultura caipira
Modernism
Mário de Andrade
Brazilian language
rural culture
topic Modernismo
Mário de Andrade
língua brasileira
cultura caipira
Modernism
Mário de Andrade
Brazilian language
rural culture
description Depois das “palavras em liberdade” de Pauliceia desvairada, Mário de Andrade inaugurou, nos anos de 1920, uma nova fase de sua obra literária, que correspondia a uma reorientação do próprio Modernismo brasileiro: a busca da “contribuição milionária de todos os erros” (Oswald de Andrade, “Manifesto Pau Brasil”). Contra as regras da gramática e do discurso letrado, procurava-se imitar a “língua errada do povo”. No caso de Mário de Andrade, o desejo de estilizar a fala popular resultou no projeto da Gramatiquinha da Língua Brasileira, que tinha no chamado dialeto caipira uma de suas inspirações. O diálogo com a cultura caipira ocorre em momentos centrais da sua produção literária: Macunaíma, Clã do jabuti, Os contos de Belazarte. Estudando a pintura de Tarsila do Amaral, Mário dirá que a sua brasilidade consiste no “caipirismo” das cores e das formas; algo que também se aplica, e mais radicalmente, à literatura cada vez mais enraizada de Mário de Andrade, na qual os “erros” de linguagem e a presença de personagens caipiras ou selvagens figuram o deslocamento do Brasil e o do próprio escritor em relação ao processo de modernização.
publishDate 2012
dc.date.none.fl_str_mv 2012-09-01
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/article
info:eu-repo/semantics/publishedVersion
format article
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv https://www.revistas.usp.br/rieb/article/view/53895
10.11606/issn.2316-901X.v0i55p27-42
url https://www.revistas.usp.br/rieb/article/view/53895
identifier_str_mv 10.11606/issn.2316-901X.v0i55p27-42
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv https://www.revistas.usp.br/rieb/article/view/53895/57832
dc.rights.driver.fl_str_mv Copyright (c) 2016 Revista do Instituto de Estudos Brasileiros
info:eu-repo/semantics/openAccess
rights_invalid_str_mv Copyright (c) 2016 Revista do Instituto de Estudos Brasileiros
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade de São Paulo. Instituto de Estudos Brasileiros
publisher.none.fl_str_mv Universidade de São Paulo. Instituto de Estudos Brasileiros
dc.source.none.fl_str_mv Revista do Instituto de Estudos Brasileiros; Núm. 55 (2012); 27-42
Revista do Instituto de Estudos Brasileiros; n. 55 (2012); 27-42
Revista do Instituto de Estudos Brasileiros; No 55 (2012); 27-42
Revista do Instituto de Estudos Brasileiros; No. 55 (2012); 27-42
2316-901X
0020-3874
reponame:Revista do Instituto de Estudos Brasileiros
instname:Instituto de Estudos Brasileiros (IEB)
instacron:IEB
instname_str Instituto de Estudos Brasileiros (IEB)
instacron_str IEB
institution IEB
reponame_str Revista do Instituto de Estudos Brasileiros
collection Revista do Instituto de Estudos Brasileiros
repository.name.fl_str_mv Revista do Instituto de Estudos Brasileiros - Instituto de Estudos Brasileiros (IEB)
repository.mail.fl_str_mv ||revistaieb@usp.br
_version_ 1798949707896061952