Por que ensinar a história da África e do negro no Brasil de hoje?

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Munanga, Kabengele
Data de Publicação: 2015
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Revista do Instituto de Estudos Brasileiros
Texto Completo: https://www.revistas.usp.br/rieb/article/view/107184
Resumo: O Brasil oferece o melhor exemplo de um país que nasceu do encontro das diversidades étnicas e culturais. Povos indígenas, primeiros habitantes da terra que se tornou Brasil; aventureiros e colonizadores portugueses; africanos deportados e aqui escravizados; imigrantes europeus de diversas origens étnicas e culturais e imigrantes asiáticos, todos formam as raízes culturais do Brasil de hoje. Sem dúvida, os sangues se misturaram como continuam a se misturar. Os deuses se tocaram e as cercas das identidades se aproximaram. No entanto, as resistências identitárias dessas matrizes culturais formadoras do Brasil continuam a se manifestar, influenciando a vida cotidiana de todos os brasileiros indistintamente. Por outro lado, os preconceitos culturais, apesar da mestiçagem, não deixaram de existir como ilustrado hoje pela chamada intolerância religiosa e pelos preconceitos raciais que estão correndo soltos até nos campos de futebol. A questão fundamental que se coloca é como ensinar a história desses povos que na historiografia oficial foi preterida e substituída pela história de um único continente, silenciando a rica diversidade cultural em nome de um monoculturalismo justificado pelo chamado sincretismo cultural ou mestiçagem, quando na realidade o que se ensina mesmo é a Europa com sua história e sua cultura. Aqui se coloca a importância de uma educação multicultural que enfoque nossa rica diversidade ao incluir na formação da cidadania a história e a cultura de outras raízes formadoras do Brasil. As leis 10 639/03 e 11645/08 que tornam obrigatório o ensino da história do continente africano, dos negros e povos indígenas brasileiros têm essa função reparatória e corretora.
id IEB-1_f2c3b3e1cc91c79e72c71566be6a1745
oai_identifier_str oai:revistas.usp.br:article/107184
network_acronym_str IEB-1
network_name_str Revista do Instituto de Estudos Brasileiros
repository_id_str
spelling Por que ensinar a história da África e do negro no Brasil de hoje?Why teach the history of Africa and of the negro intodays Brazil?cultural prejudiceidentity resistancesmulticultural educational.preconceito culturalresistências identitáriamulticultural educacional.O Brasil oferece o melhor exemplo de um país que nasceu do encontro das diversidades étnicas e culturais. Povos indígenas, primeiros habitantes da terra que se tornou Brasil; aventureiros e colonizadores portugueses; africanos deportados e aqui escravizados; imigrantes europeus de diversas origens étnicas e culturais e imigrantes asiáticos, todos formam as raízes culturais do Brasil de hoje. Sem dúvida, os sangues se misturaram como continuam a se misturar. Os deuses se tocaram e as cercas das identidades se aproximaram. No entanto, as resistências identitárias dessas matrizes culturais formadoras do Brasil continuam a se manifestar, influenciando a vida cotidiana de todos os brasileiros indistintamente. Por outro lado, os preconceitos culturais, apesar da mestiçagem, não deixaram de existir como ilustrado hoje pela chamada intolerância religiosa e pelos preconceitos raciais que estão correndo soltos até nos campos de futebol. A questão fundamental que se coloca é como ensinar a história desses povos que na historiografia oficial foi preterida e substituída pela história de um único continente, silenciando a rica diversidade cultural em nome de um monoculturalismo justificado pelo chamado sincretismo cultural ou mestiçagem, quando na realidade o que se ensina mesmo é a Europa com sua história e sua cultura. Aqui se coloca a importância de uma educação multicultural que enfoque nossa rica diversidade ao incluir na formação da cidadania a história e a cultura de outras raízes formadoras do Brasil. As leis 10 639/03 e 11645/08 que tornam obrigatório o ensino da história do continente africano, dos negros e povos indígenas brasileiros têm essa função reparatória e corretora.Brazil offers the best example of a country that was born of the encounter of ethnic and cultural diversities. Indigenous people, first inhabitants of the land that became Brazil; adventurers and Portuguese settlers; deported Africans and here enslaved; European immigrants of several ethnic and cultural origins and Asian immigrants, all form the cultural roots of Brazil today. Without a doubt, bloods were mixed and they continue to mix. The limits of identities approached. However, the identity resistances of these cultural matrixes, that shape Brazil, continue to manifest, influencing the daily life of all Brazilians, indistinctively. On the other hand, the cultural prejudices in spite of the crossing of races didn’t stop existing, as illustrated today by the religious intolerance and the racial prejudices that are running loose even in the soccer fields. The fundamental question is how to teach the history of these people that was ignored in the official historiography and substituted by the history of a single continent, silencing the rich cultural diversity on behalf of monoculturalism, justified by the so called cultural syncretism or crossing of races, when in reality, Europe, her history and culture is taught. Here the emphasis is on the importance of a multicultural education, that focuses on our rich diversity when including in the formation of the citizenship, the history and culture of other roots forming Brazil. The laws 10.639/03 and 11.645/08 that make obligatory teaching history of the African continent, of negros and Brazilian indigenous people, have this corrective and repairing functionUniversidade de São Paulo. Instituto de Estudos Brasileiros2015-11-13info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttps://www.revistas.usp.br/rieb/article/view/10718410.11606/issn.2316-901X.v0i62p20-31Revista do Instituto de Estudos Brasileiros; Núm. 62 (2015); 20-31Revista do Instituto de Estudos Brasileiros; n. 62 (2015); 20-31Revista do Instituto de Estudos Brasileiros; No 62 (2015); 20-31Revista do Instituto de Estudos Brasileiros; No. 62 (2015); 20-312316-901X0020-3874reponame:Revista do Instituto de Estudos Brasileirosinstname:Instituto de Estudos Brasileiros (IEB)instacron:IEBporhttps://www.revistas.usp.br/rieb/article/view/107184/105723Copyright (c) 2016 Revista do Instituto de Estudos Brasileirosinfo:eu-repo/semantics/openAccessMunanga, Kabengele2015-11-13T15:38:17Zoai:revistas.usp.br:article/107184Revistahttps://www.revistas.usp.br/rieb/indexPUBhttps://www.revistas.usp.br/rieb/oai||revistaieb@usp.br2316-901X0020-3874opendoar:2015-11-13T15:38:17Revista do Instituto de Estudos Brasileiros - Instituto de Estudos Brasileiros (IEB)false
dc.title.none.fl_str_mv Por que ensinar a história da África e do negro no Brasil de hoje?
Why teach the history of Africa and of the negro intodays Brazil?
title Por que ensinar a história da África e do negro no Brasil de hoje?
spellingShingle Por que ensinar a história da África e do negro no Brasil de hoje?
Munanga, Kabengele
cultural prejudice
identity resistances
multicultural educational.
preconceito cultural
resistências identitária
multicultural educacional.
title_short Por que ensinar a história da África e do negro no Brasil de hoje?
title_full Por que ensinar a história da África e do negro no Brasil de hoje?
title_fullStr Por que ensinar a história da África e do negro no Brasil de hoje?
title_full_unstemmed Por que ensinar a história da África e do negro no Brasil de hoje?
title_sort Por que ensinar a história da África e do negro no Brasil de hoje?
author Munanga, Kabengele
author_facet Munanga, Kabengele
author_role author
dc.contributor.author.fl_str_mv Munanga, Kabengele
dc.subject.por.fl_str_mv cultural prejudice
identity resistances
multicultural educational.
preconceito cultural
resistências identitária
multicultural educacional.
topic cultural prejudice
identity resistances
multicultural educational.
preconceito cultural
resistências identitária
multicultural educacional.
description O Brasil oferece o melhor exemplo de um país que nasceu do encontro das diversidades étnicas e culturais. Povos indígenas, primeiros habitantes da terra que se tornou Brasil; aventureiros e colonizadores portugueses; africanos deportados e aqui escravizados; imigrantes europeus de diversas origens étnicas e culturais e imigrantes asiáticos, todos formam as raízes culturais do Brasil de hoje. Sem dúvida, os sangues se misturaram como continuam a se misturar. Os deuses se tocaram e as cercas das identidades se aproximaram. No entanto, as resistências identitárias dessas matrizes culturais formadoras do Brasil continuam a se manifestar, influenciando a vida cotidiana de todos os brasileiros indistintamente. Por outro lado, os preconceitos culturais, apesar da mestiçagem, não deixaram de existir como ilustrado hoje pela chamada intolerância religiosa e pelos preconceitos raciais que estão correndo soltos até nos campos de futebol. A questão fundamental que se coloca é como ensinar a história desses povos que na historiografia oficial foi preterida e substituída pela história de um único continente, silenciando a rica diversidade cultural em nome de um monoculturalismo justificado pelo chamado sincretismo cultural ou mestiçagem, quando na realidade o que se ensina mesmo é a Europa com sua história e sua cultura. Aqui se coloca a importância de uma educação multicultural que enfoque nossa rica diversidade ao incluir na formação da cidadania a história e a cultura de outras raízes formadoras do Brasil. As leis 10 639/03 e 11645/08 que tornam obrigatório o ensino da história do continente africano, dos negros e povos indígenas brasileiros têm essa função reparatória e corretora.
publishDate 2015
dc.date.none.fl_str_mv 2015-11-13
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/article
info:eu-repo/semantics/publishedVersion
format article
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv https://www.revistas.usp.br/rieb/article/view/107184
10.11606/issn.2316-901X.v0i62p20-31
url https://www.revistas.usp.br/rieb/article/view/107184
identifier_str_mv 10.11606/issn.2316-901X.v0i62p20-31
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv https://www.revistas.usp.br/rieb/article/view/107184/105723
dc.rights.driver.fl_str_mv Copyright (c) 2016 Revista do Instituto de Estudos Brasileiros
info:eu-repo/semantics/openAccess
rights_invalid_str_mv Copyright (c) 2016 Revista do Instituto de Estudos Brasileiros
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade de São Paulo. Instituto de Estudos Brasileiros
publisher.none.fl_str_mv Universidade de São Paulo. Instituto de Estudos Brasileiros
dc.source.none.fl_str_mv Revista do Instituto de Estudos Brasileiros; Núm. 62 (2015); 20-31
Revista do Instituto de Estudos Brasileiros; n. 62 (2015); 20-31
Revista do Instituto de Estudos Brasileiros; No 62 (2015); 20-31
Revista do Instituto de Estudos Brasileiros; No. 62 (2015); 20-31
2316-901X
0020-3874
reponame:Revista do Instituto de Estudos Brasileiros
instname:Instituto de Estudos Brasileiros (IEB)
instacron:IEB
instname_str Instituto de Estudos Brasileiros (IEB)
instacron_str IEB
institution IEB
reponame_str Revista do Instituto de Estudos Brasileiros
collection Revista do Instituto de Estudos Brasileiros
repository.name.fl_str_mv Revista do Instituto de Estudos Brasileiros - Instituto de Estudos Brasileiros (IEB)
repository.mail.fl_str_mv ||revistaieb@usp.br
_version_ 1798949710775451649