?Desde quando preta tem lugar de fala?? G?nero, trabalho e educa??o t?cnico-profissional de jovens e adultos ? Hist?rias de mulheres negras

• Autor(a) principal: Marques, Ruc?lia Patricia da Silva
• Data de Publicação: 2022
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional do IFPB
• Texto Completo: http://repositorio.ifpb.edu.br/jspui/handle/177683/2620
• topic: Forma??o t?cnico-profissional; Trabalho; Mulher negra; Evento sobre feminismo negro como produto educacional; Programa Nacional de Integra??o da Educa??o Profissional ao Ensino M?dio na Modalidade Educa??o de Jovens e Adultos (Proeja)

Refutando o ordenamento hist?rico e sociocultural (im)posto pelo sistema patriarcal (euroc?ntrico-colonialista, falomachista, branco, androc?ntrico etc.), que imp?e ?s mulheres, principalmente as negras, comandos e manobras arbitr?rios, sexistas, racistas e subjugantes, cerceando a liberdade de criarem as condi??es aut?nomas das experi?ncias de si mesmas, esta pesquisa buscou analisar a rela??o interseccional entre trabalho e educa??o t?cnico profissional a partir da hist?ria de mulheres negras, oriundas do Curso T?cnico-Integrado em Eventos, do Programa Nacional de Integra??o da Educa??o Profissional com a Educa??o B?sica na Modalidade Educa??o de Jovens e Adultos (Proeja), do Instituto Federal da Para?ba (IFPB), Campus Jo?o Pessoa. Trata-se de uma pesquisa aplicada, fundada na abordagem qualitativa, subsidiada na hist?ria oral e na pesquisa participante. Para a coleta de dados, a investiga??o utilizou-se da entrevista narrativa e fecundou suas bases nas trajet?rias de vida das mulheres negras e seu protagonismo diante das adversidades enfrentadas ao longo da caminhada, cujos preceitos centrais foram calcados nas seguintes categorias: g?nero, identidade ?tnico-racial, educa??o e trabalho. A investiga??o selecionou uma amostra de duas mulheres matriculadas e duas egressas do dito curso, todas autodeclaradas negras, no intuito de entender os anseios e as conquistas hist?ricas de tais mulheres durante e ap?s a forma??o t?cnico profissional. Os resultados constaram as situa??es de racismo, opress?o e subjuga??o ?s quais as mulheres estiveram submetidas em suas trajet?rias de vida. S?o m?es solo, cuja maternidade ? vivenciada fora dos padr?es morais e familiares, tendo enfrentado situa??es de machismo e viol?ncia dom?stica, de abandono paterno de si e de seus filhos etc. Os resultados precisaram a identidade e o orgulho ?tnico-racial, interpostos no cabelo afro, como gesto de autoaceita??o e reconhecimento da ancestralidade. As mem?rias de sofrimento da inf?ncia (evas?o escolar) e da adolesc?ncia (gravidez precoce) coadunam-se, na fase adulta, com o embandeiramento pela luta, enfrentamento e resili?ncia que permitiram esperan?ar e ressignificar o olhar para a educa??o como caminho para a emancipa??o. O apoio dos filhos mostrou-se fator preponderante para o retorno ? escola, por meio do Proeja/IFPB. ? assim que floresce o desejo para a mudan?a de vida, por meio do conhecimento e das possibilidades de (re)inser??o no mercado de trabalho. A categoriza??o das narrativas hist?ricas a partir da trajet?ria de vida das mulheres dimensionou a produ??o do Produto Educacional subjacente ? pesquisa, tipificado como ?projeto de evento? (Semin?rio/Webinar), cuja idea??o foi constitu?da em conjunto com as pr?prias mulheres negras participantes da pesquisa, intitulado: ?A vez e a voz das mulheres negras: forma??o, trabalho e emancipa??o?. Portanto, o silenciamento e a invisibiliza??o/apagamento da mulher negra s?o constru??es hist?ricas e socioculturais que castigam essas pessoas na mesma penumbra com que o passado recente da escravatura impunha, a ferro, fogo e grilh?es, a condi??o de servid?o incondicional, o corpo mandado e a alma condenada ? inferioriza??o. Atravessadas pelo racismo, pelo sexismo, pelo machismo estrutural, pelo etarismo etc., por meio dos quais s?o impregnadas pelas m?ltiplas formas de reifica??o e viol?ncia decorrentes, as mulheres perceberam a import?ncia da educa??o profissional e tecnol?gica em suas vidas, muito al?m dos ditames produtivistas do capitalismo neoliberal.