Interação dos golfinhos da Amazônia com a pesca no Médio Solimões
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2011 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional do INPA |
Texto Completo: | https://repositorio.inpa.gov.br/handle/1/11320 http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4779280U3 |
Resumo: | Os golfinhos da Amazônia foram, durante muitos anos, protegidos por lendas e superstições. No entanto, com a popularização das redes e a exploração de novos recursos pesqueiros, os conflitos com as atividades de pesca têm sido crescentes. Os golfinhos da Amazônia no Médio Solimões (Tefé, AM e arredores) estão ameaçados por duas principais fontes antrópicas: a mortalidade acidental decorrente de interações operacionais com atividades de pesca e a captura para utilização, principalmente do boto-vermelho, como isca para a pesca da piracatinga. Apesar de não haver evidências de que esses golfinhos estejam ameaçados em toda sua distribuição, muitos impactos antrópicos podem ameaçar populações locais. As populações dos golfinhos da Amazônia no Médio Solimões enfrentam reduções, provavelmente devido aos impactos causados pelas atividades de pesca e, apesar da dificuldade de se determinar níveis seguros para declínio de uma população, o limite de mortalidade (ML) aplicado neste estudo pode ser uma ferramenta muito útil no manejo dessas populações. O objetivo deste trabalho foi descrever a interação do boto-vermelho e do tucuxi com a pesca na região e possíveis implicações para sua conservação. Entre os meses de fevereiro a dezembro de 2010 foram entrevistados 180 pescadores por meio de questionários mistos; acompanhadas 432 atividades de pesca nas cidades de Tefé, Alvarães e Uarini e comunidades próximas por meio de entrevistas de desembarque e atividades de embarque; entrevistados 17 pescadores de piracatinga e levantadas produções pesqueiras de sete frigoríficos. As tramalhas são os apetrechos mais utilizados e há supremacia da utilização de redes de cerco e de emalhar. Segundo os pescadores, são frequentes as interações com botos-vermelhos, jacarés, ariranhas e tucuxis, sendo o boto-vermelho muito comum. Em 90,28% das atividades de pesca monitoradas houve interação operacional com alguma espécie que não a espécie-alvo. Interações com os golfinhos ocorreram em 78,47% das atividades com diferença quanto às duas espécies, sendo as interações com botos-vermelhos muito mais frequentes. Para esta espécie, a interação mais frequente foi tocaia , com a tramalha. Observou-se também prevalência de interações negativas aos pescadores relacionadas às interações operacionais com os botos. As épocas de cheia e seca foram significativas quanto à ocorrência de interações operacionais e há também prevalência de interações em locais de águas calmas. Foram registrados 24 golfinhos envolvidos em interações negativas para os mesmos, sendo 21 botos-vermelhos e três tucuxis. Durante este estudo, foi estimado em 176 botos-vermelhos e 26 tucuxis o número total de golfinhos envolvidos em interações negativas. Os golfinhos não são consumidos ou têm partes utilizadas em superstições na região, sendo o uso do boto-vermelho como isca para a pesca da piracatinga a única utilização reportada. Pescadores de piracatinga entrevistados não identificam este pescado como principal espécie-alvo e sim uma alternativa de rápido retorno financeiro. O procedimento para essa pesca utiliza o artefato conhecido como caixa . A isca utilizada pode ser carne de jacarés, botos ou vísceras de bagres, com preferência pelo boto-vermelho. São comuns relatos de pescadores já especializados na captura de botos ou jacarés para fornecimento de isca. A produção anual de piracatinga dos frigoríficos estabelecidos na região fica em torno de 420 toneladas. A produtividade da pesca da piracatinga é de cerca de 250 kg por pescador por hora de pescaria. Não foi evidenciado uso do tucuxi para esta atividade. Para a utilização do boto-vermelho, obtivemos razão de 1 kg de isca para 3,2 kg de pescado, estimando em 170 o número de botos mortos por ano para utilização como isca nesta região. A mortalidade foi estimada em 346 botos-vermelhos e 26 tucuxis mortos por ano em decorrência de interações com atividades de pesca e o limite de mortalidade estabelecido indicou como sustentável a mortalidade de apenas 48 botos-vermelhos e 43 tucuxis. Concluiu-se que os golfinhos da Amazônia interagem de maneira diferente com a pesca, tanto na visão dos pescadores quanto em interações operacionais, extremamente frequentes na região de estudo. Essa prevalência culmina nos conflitos observados entre pescadores e botos-vermelhos e deve estar contribuindo fortemente para a atual redução desta espécie na área de estudo. O boto-vermelho está seriamente ameaçado e medidas para sua conservação devem ser rápidas e decisivas. |
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Brum, Sannie MunizSilva, Vera Maria Ferreira da2020-02-13T18:22:09Z2020-02-13T18:22:09Z2011-08-24https://repositorio.inpa.gov.br/handle/1/11320http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4779280U3Os golfinhos da Amazônia foram, durante muitos anos, protegidos por lendas e superstições. No entanto, com a popularização das redes e a exploração de novos recursos pesqueiros, os conflitos com as atividades de pesca têm sido crescentes. Os golfinhos da Amazônia no Médio Solimões (Tefé, AM e arredores) estão ameaçados por duas principais fontes antrópicas: a mortalidade acidental decorrente de interações operacionais com atividades de pesca e a captura para utilização, principalmente do boto-vermelho, como isca para a pesca da piracatinga. Apesar de não haver evidências de que esses golfinhos estejam ameaçados em toda sua distribuição, muitos impactos antrópicos podem ameaçar populações locais. As populações dos golfinhos da Amazônia no Médio Solimões enfrentam reduções, provavelmente devido aos impactos causados pelas atividades de pesca e, apesar da dificuldade de se determinar níveis seguros para declínio de uma população, o limite de mortalidade (ML) aplicado neste estudo pode ser uma ferramenta muito útil no manejo dessas populações. O objetivo deste trabalho foi descrever a interação do boto-vermelho e do tucuxi com a pesca na região e possíveis implicações para sua conservação. Entre os meses de fevereiro a dezembro de 2010 foram entrevistados 180 pescadores por meio de questionários mistos; acompanhadas 432 atividades de pesca nas cidades de Tefé, Alvarães e Uarini e comunidades próximas por meio de entrevistas de desembarque e atividades de embarque; entrevistados 17 pescadores de piracatinga e levantadas produções pesqueiras de sete frigoríficos. As tramalhas são os apetrechos mais utilizados e há supremacia da utilização de redes de cerco e de emalhar. Segundo os pescadores, são frequentes as interações com botos-vermelhos, jacarés, ariranhas e tucuxis, sendo o boto-vermelho muito comum. Em 90,28% das atividades de pesca monitoradas houve interação operacional com alguma espécie que não a espécie-alvo. Interações com os golfinhos ocorreram em 78,47% das atividades com diferença quanto às duas espécies, sendo as interações com botos-vermelhos muito mais frequentes. Para esta espécie, a interação mais frequente foi tocaia , com a tramalha. Observou-se também prevalência de interações negativas aos pescadores relacionadas às interações operacionais com os botos. As épocas de cheia e seca foram significativas quanto à ocorrência de interações operacionais e há também prevalência de interações em locais de águas calmas. Foram registrados 24 golfinhos envolvidos em interações negativas para os mesmos, sendo 21 botos-vermelhos e três tucuxis. Durante este estudo, foi estimado em 176 botos-vermelhos e 26 tucuxis o número total de golfinhos envolvidos em interações negativas. Os golfinhos não são consumidos ou têm partes utilizadas em superstições na região, sendo o uso do boto-vermelho como isca para a pesca da piracatinga a única utilização reportada. Pescadores de piracatinga entrevistados não identificam este pescado como principal espécie-alvo e sim uma alternativa de rápido retorno financeiro. O procedimento para essa pesca utiliza o artefato conhecido como caixa . A isca utilizada pode ser carne de jacarés, botos ou vísceras de bagres, com preferência pelo boto-vermelho. São comuns relatos de pescadores já especializados na captura de botos ou jacarés para fornecimento de isca. A produção anual de piracatinga dos frigoríficos estabelecidos na região fica em torno de 420 toneladas. A produtividade da pesca da piracatinga é de cerca de 250 kg por pescador por hora de pescaria. Não foi evidenciado uso do tucuxi para esta atividade. Para a utilização do boto-vermelho, obtivemos razão de 1 kg de isca para 3,2 kg de pescado, estimando em 170 o número de botos mortos por ano para utilização como isca nesta região. A mortalidade foi estimada em 346 botos-vermelhos e 26 tucuxis mortos por ano em decorrência de interações com atividades de pesca e o limite de mortalidade estabelecido indicou como sustentável a mortalidade de apenas 48 botos-vermelhos e 43 tucuxis. Concluiu-se que os golfinhos da Amazônia interagem de maneira diferente com a pesca, tanto na visão dos pescadores quanto em interações operacionais, extremamente frequentes na região de estudo. Essa prevalência culmina nos conflitos observados entre pescadores e botos-vermelhos e deve estar contribuindo fortemente para a atual redução desta espécie na área de estudo. O boto-vermelho está seriamente ameaçado e medidas para sua conservação devem ser rápidas e decisivas.For many years, Amazon dolphins remained protected by legends and superstitions. However, with the popularization of nets and the exploitation of new fishery resources, the conflicts are constantly increasing. The dolphins in the medium Solimões river (Tefé, AM and surroundings) are threatened mainly by two antropic sources: accidental mortality in fishery and the use, especially of boto, as bait to piracatinga´s fishery. Although we have no evidences that Amazon dolphins are threatened in all its distribution, antropic impacts can threaten local populations. The populations of botos and tucuxis in the medium Solimões river are facing reductions, probably due to the impacts caused by fisheries activities. Despite the difficulty on establishing safe levels to populations decline, the mortality limit (ML) applied in this study can be a usefull tool in the handling of dolphin s populations. The objective of this study was to describe the interactions between these dolphins and fisheries in the region and the possible implication for its conservation. During 11 months, from February to December of 2010, 180 fishermen and 17 piracatinga`s fishermen were interviewed using mixed questionnaries, 432 fisheries operations were followed, one Fishing Association and seven cold storages were surveyed in the cities of Tefé, Alvarães, Uarini and its near communities. Tramalha (gillnets) is the gear most used and there is supremacy in the use of nets. According to fishermen, interactions with botos, alligators, giant otters and tucuxis are frequent, with boto being the most common. 90,28% of the fisheries activities monitored had operational interaction with some species other than targeted ones. Interactions with dolphins occurred in 78,47% of the activities and were observed a difference between the two species: interactions with botos are more common. To the boto the most frequent interaction was tocaia (ambush), and the gear most involved were gillnets. Prevalence of negative interactions afffecting the fishermen were also observed. Flooded and Dry seasons were significant in the occurrence of operational interactions and also had prevalence of interactions in calm water locations. We registered 24 dolphins involved in negative interactions for them, being 21 botos and three tucuxis. We estimated 176 botos and 26 tucuxis as the total number of dolphins killed in negative interactions. The dolphins are not consumed nor used on mystical activities in the region and the inclusion of boto as bait for piracatinga´s fisheries was the only reported use. Piracatinga´s fishers did not identificated this fish as main targeted species but as an alternative of fast money return. The procedure for this fishery includes the device known as box . The bait used can be meat of alligators, botos or catfish´s guts, with preference for boto. Stories about fishermen already specialized in the boto´s or alligator´s capture for bait supply are common. The annual piracatinga´s production of cold storages in the region is around 420 tons. The productivity of piracatinga´s fishery is about 250 kg per fisherman per hour. The use of tucuxi for this activity was not evidenced. To boto, we got a rate on 1 kg of bait to attain 3,2 kg of piracatinga and estimated that 170 botos die per year due to this activity in the region. The estimatives of mortality had been defined in 346 botos and 26 tucuxis per year as a result of fisheries interactions and we established 48 botos and 43 tucuxis as the sustainable death rate for each animal. We conclude that, both on fishermen´s mind and in true operational interactions, the Amazon dolphins interact in different ways with fishery. The operational interactions with dolphins are extremely frequent in the studied region and its prevalence generates the conflicts observed between fishers and botos, therefore, this must be the reason to the current reduction of boto´s population in the studied area. The boto is seriously threatened and conservation´s interventions need to be swift and decisive.porInstituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPABiologia de Água Doce e Pesca Interior - BADPIAttribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Brazilhttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/info:eu-repo/semantics/openAccessBoto-vermelhoTucuxiPesca da piracatingaLimite de mortalidadeInteração dos golfinhos da Amazônia com a pesca no Médio Solimõesinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisreponame:Repositório Institucional do INPAinstname:Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA)instacron:INPATEXTDissertacao_Sannie_Brum.pdf.txtDissertacao_Sannie_Brum.pdf.txtExtracted texttext/plain278413https://repositorio.inpa.gov.br/bitstream/1/11320/2/Dissertacao_Sannie_Brum.pdf.txt12c9c944e9135a098dc03759d2d3c3afMD52THUMBNAILDissertacao_Sannie_Brum.pdf.jpgDissertacao_Sannie_Brum.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1204https://repositorio.inpa.gov.br/bitstream/1/11320/3/Dissertacao_Sannie_Brum.pdf.jpg04498548744a843b5bb35cd8b6b2209cMD53ORIGINALDissertacao_Sannie_Brum.pdfDissertacao_Sannie_Brum.pdfapplication/pdf3735280https://repositorio.inpa.gov.br/bitstream/1/11320/1/Dissertacao_Sannie_Brum.pdfb3e8ff8f9eb27ca4fa7faaa4039a6824MD511/113202020-03-10 15:31:29.072oai:repositorio:1/11320Repositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.inpa.gov.br/oai/requestopendoar:2020-03-10T19:31:29Repositório Institucional do INPA - Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA)false |
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