Polinização, sistema de cruzamento e fluxo gênico em Caryocar villosum (Aubl.) Pers. (Caryocaraceae) uma árvore emergente da floresta amazônica /
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2002 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional do INPA |
Texto Completo: | https://repositorio.inpa.gov.br/handle/1/12106 |
Resumo: | No presente trabalho foi estudado a biologia floral, a ecologia da polinização e o sistema de cruzamento de Caryocar villosum (Caryocaraceae), uma árvore emergente da floresta tropical. Foram utilizados nove locos microssatélites anteriormente desenvolvidos para uma espécies congênere, para investigar o sistema reprodutivo e o fluxo de pólen. As flores de C. villosum tem a forma de "pincel-de-estames", são predominantemente brancas, ficam expostas acima da copa em inflorescências terminais, apresentam antese noturna, duram apenas uma noite e secretam grandes quantidades de néctar (cerca de 750 µl por flor por noite), características da síndrome de quiropterofilia. A estrutura aberta da flor permite que morcegos que pousam na inflorescência (Phyllostomus discolor), morcegos de vôo adejado (glossofagíneos), bem como mariposas esfingídeas e marsupiais tenham acesso ao néctar. Os testes de polinização controlada indicaram que esta espécie é auto-compatível. A análise genética de progênies oriundas de polinização natural, usando marcadores microssatélites, confirmou os dados dos testes de polinização, porém uma proporção maior de sementee é formada quando as flores são submetidas a polinização cruzada, indicando que C. villosum é uma espécie com sistema de cruzamento misto. Das 55 sementes de cinco árvores genotipadas com microssatélites, 80% foram resultantes de eventos de fecundação cruzada, apresentando ao menos um alelo diferente daqueles encontrados na planta-mãe. As 20% restantes foram resultantes de auto-fecundação ou de cruzamentos entre plantas geneticamente aparentadas. Progênies originadas de três árvores, incluindo uma na área urbana de Manaus. Apresentaram somente sementes de cruzamentos, o que provavelmente está relacionado com a presença de polinizadores de longa distância, como morcegos e esfingídeos, na área de ocorrência desses indivíduos. Em contraste, uma árvore localizada em uma área onde se registrou somente visitas de marsupiais, 58% das sementes apresentaram genótipo consistente com auto-fecundação. A análise de uma progênie de onze sementes coletadas de um indivíduo isolado em fragmento de 10 hectares, apresentou um número mínimo de três árvores doadoras de pólen, permitindo inferir a ocorrência de fluxo de pólen a uma distância de no mínimo 600 metros. Os resultados desse estudo sugerem que o sistema de cruzamento misto e a polinização por um amplo espectro de visitantes, tornam C. villosum resistente às alterações no ambiente que resultem na diminuição da densidade da espécie e/ou de seus polinizadores, porém, as conseqüencias genéticas da endogamia só poderão ser evitadas pela presença de polinizadores de longas distâncias. |
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