Mortalidade de cacaueiros (Theobroma cacao L.) em várzeas após cheia extrema no baixo Rio Madeira

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Simão, Marcos Vinícius Ribeiro de Castro
Data de Publicação: 2017
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional do INPA
Texto Completo: https://repositorio.inpa.gov.br/handle/1/5127
http://lattes.cnpq.br/0371932049521169
Resumo: O cacau é cultivado há séculos nas várzeas da Amazônia. Esse já foi o produto mais exportado da região e atualmente é um importante produto florestal não madeireiro para famílias ribeirinhas que residem em várzeas de rios de água branca. Em 2014, o nível de água no baixo Rio Madeira atingiu sua maior cota já registrada, o que resultou em grande mortalidade de cacaueiros nas várzeas. Apesar de haver relatos esparsos de mortalidade de cacaueiros após uma cheia extrema, esses são eventos pouco estudados na região Amazônica. Assim, os objetivos desse trabalho foram: compreender a dinâmica das cheias no baixo rio Madeira; estimar a taxa de mortalidade dos cacaueiros após uma cheia extrema; e identificar a influência de variáveis ambientais e dendrométricas sobre essa taxa de mortalidade. Constatou-se uma tendência de crescimento das cotas máximas atingidas pelo rio nas últimas três décadas, destacandose a cheia de 2014, a qual superou em 3,71 metros a média das máximas dessa série histórica. Observou-se que a partir do início do século XXI houve aumento do cultivo de cacau na região, já que a maioria (85%) dos cacauais foram implantados nos últimos 15 anos. Isso potencializou a mortalidade causada pela cheia extrema, haja vista que cacaueiros de menor porte sofrem maior mortalidade após alagamento. A cheia extrema ocorrida em 2014 causou a mortalidade de 100% dos cacaueiros jovens e 46% dos cacaueiros adultos. Considerando apenas os cacaueiros adultos, aqueles com maior diâmetro sofreram menor mortalidade por serem mais resistentes à ação da correnteza e a injúrias causadas no tronco. O aumento da cobertura do dossel contribui para redução da mortalidade provavelmente por diminuir o impacto de troncos trazidos pela correnteza e por reduzir o estresse causado pelo excesso de radiação no cacaueiro, que é uma espécie umbrófila. A mortalidade não foi influenciada pela profundidade da camada de sedimentos depositada durante a cheia, resultado esse atribuído à capacidade da espécie em emitir raízes adventícias a partir do tronco. A variação da duração do alagamento, entre 70 e 105 dias, também não influenciou a mortalidade. É possível que isso seja devido à extrema magnitude dessa cheia, o que impossibilitou amostrar cacauais que sofreram alagamento por menos de 70 dias. A realização de poda de copa e a distância do cacaual à margem do rio também não influenciaram a mortalidade. Assim, diante do cenário de tendência de aumento dos picos de cheia no baixo rio Madeira e da intensificação do plantio de cacau na região, esses resultados constituem passos importantes para a compreensão dos eventos de mortalidade e para adaptação do cultivo de cacau nas várzeas.
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Constatou-se uma tendência de crescimento das cotas máximas atingidas pelo rio nas últimas três décadas, destacandose a cheia de 2014, a qual superou em 3,71 metros a média das máximas dessa série histórica. Observou-se que a partir do início do século XXI houve aumento do cultivo de cacau na região, já que a maioria (85%) dos cacauais foram implantados nos últimos 15 anos. Isso potencializou a mortalidade causada pela cheia extrema, haja vista que cacaueiros de menor porte sofrem maior mortalidade após alagamento. A cheia extrema ocorrida em 2014 causou a mortalidade de 100% dos cacaueiros jovens e 46% dos cacaueiros adultos. Considerando apenas os cacaueiros adultos, aqueles com maior diâmetro sofreram menor mortalidade por serem mais resistentes à ação da correnteza e a injúrias causadas no tronco. O aumento da cobertura do dossel contribui para redução da mortalidade provavelmente por diminuir o impacto de troncos trazidos pela correnteza e por reduzir o estresse causado pelo excesso de radiação no cacaueiro, que é uma espécie umbrófila. A mortalidade não foi influenciada pela profundidade da camada de sedimentos depositada durante a cheia, resultado esse atribuído à capacidade da espécie em emitir raízes adventícias a partir do tronco. A variação da duração do alagamento, entre 70 e 105 dias, também não influenciou a mortalidade. É possível que isso seja devido à extrema magnitude dessa cheia, o que impossibilitou amostrar cacauais que sofreram alagamento por menos de 70 dias. A realização de poda de copa e a distância do cacaual à margem do rio também não influenciaram a mortalidade. Assim, diante do cenário de tendência de aumento dos picos de cheia no baixo rio Madeira e da intensificação do plantio de cacau na região, esses resultados constituem passos importantes para a compreensão dos eventos de mortalidade e para adaptação do cultivo de cacau nas várzeas.The cocoa has been cultivated for centuries in Amazonia floodplains. This was the product most exported of this region and nowadays it has been an important non-timber forest product for riverine populations of white water rivers. In 2014, the rivers water level in lower Madeira river reached the highest level ever recorded, resulting in the mortality of many cocoa trees on the floodplains. Despite some reports of cocoa tree mortality after extreme floods, these are events rarely studied in the amazon region. Then, the goals of this paper were: understand the floods dynamic in the lower Madeira river; to estimate the cocoa tree mortality rate after an extreme flood; and to identify the influence of environmental and dendrometric variables over this mortality rate. It was found a growth trend of the higher water levels reached over the last three decades, highlighting the flood of 2014, which exceeded 3.71 meters the mean of the maximum levels of this historical series. It was observed that since the beginning of the 21st century it has happened an increase in the cocoa plantations in the region, since the majority (85%) of the cocoa plantations were set down over the last 15 years. This fact potentialized the mortality caused by the extreme flood, considering that small cocoa trees experience higher mortality rates after floods. The extreme flood occurred in 2014 caused the mortality of 100% of young cocoa tress and 46% of adult cocoa trees. Taking into account only adult cocoa trees, those bigger in diameter experienced lower mortality because they were more resistant to the action of the flow and the injuries caused in the trunk. The increase in canopy cover contributed to lower mortality probably by reducing the impact of logs brought by the flow and reducing the stress caused by excess radiation in cocoa trees, which is a shade tolerant species. Mortality was not influenced by the depth of the sediment layer deposited during the flood; this result can be attributed to the species capacity to emit adventitious root from the trunk. The variation in the flooding duration, between 70 and 105 days, also did not influence mortality. It is possible that this result is due to the extreme magnitude of this flood, which did not allow to sample cocoa plantations that went through less than 70 days of flood. The pruning and the distance of the cocoa plantation at the riverbank also did not influence the mortality. Thus, in view of the trend of increasing flood peaks in the lower Madeira river and of intensification of new cocoa plantations in the region, the results of this work are important steps for understanding these mortality events and for adaptation of the cultivation of cocoa tree in the floodplains.porInstituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPACiências de Florestas Tropicais - CFTAttribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Brazilhttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/info:eu-repo/semantics/openAccessCacauVárzeaProdutos florestal não madereiroMortalidade de cacaueiros (Theobroma cacao L.) em várzeas após cheia extrema no baixo Rio Madeirainfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisreponame:Repositório Institucional do INPAinstname:Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA)instacron:INPAORIGINALMarcos_Simao.pdfMarcos_Simao.pdfapplication/pdf2219742https://repositorio.inpa.gov.br/bitstream/1/5127/1/Marcos_Simao.pdfd07eac3a96b5e9af2df482b6a2624a86MD511/51272020-01-20 15:47:45.301oai:repositorio:1/5127Repositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.inpa.gov.br/oai/requestopendoar:2020-01-20T19:47:45Repositório Institucional do INPA - Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA)false
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