Um novo paradigma de ocupação pré-colombiana na Amazônia: detecção com LiDAR e modelagem da ocorrência de estruturas arqueológicas ocultadas pelo dossel florestal

• Autor(a) principal: Vinícius Peripato Borges Pereira
• Data de Publicação: 2019
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações do INPE
• Texto Completo: http://urlib.net/sid.inpe.br/mtc-m21c/2019/06.19.17.14

Diversas pesquisas já realizadas na floresta Amazônica apresentam evidências da extensa população pré-colombiana que habitou a área. Desses achados, 96,8% ocorreram em áreas submetidas ao desmatamento, 2,7% em bordas florestais, e somente 0,5% em áreas preservadas das ações antrópicas contemporâneas. Atualmente, a descoberta desses sítios arqueológicos ainda ocorre, majoritariamente, posterior ao desmatamento e a degradação ambiental, que removem o dossel florestal e revelam as estruturas. Essas ações antrópicas destroem elementos arqueológicos importantes que possibilitariam compreender os estilos de vida humana passada. A detecção de sítios arqueológicos preservados da era pré-colombiana sob florestas densas, tem o potencial de abrir novas fronteiras de conhecimento na antropologia, arquitetura, arqueologia, ecologia, novas hipóteses sobre o funcionamento e resiliência florestal às mudanças climáticas globais. Assim, o principal objetivo do estudo foi detectar áreas com presença de estruturas arqueológicas inexploradas sob o dossel florestal e modelar o potencial de ocorrência destes sítios na Amazônia. Para isso, cerca de 6.000 km² de dados de Light Detection And Ranging (LiDAR), coletados em diferentes regiões foram processados e inspecionados. Esta análise culminou na descoberta de 24 novas possíveis estruturas pré-colombianas na floresta Amazônica. Destas, 22 foram encontradas sob a cobertura do dossel florestal amazônico. Após esta etapa foi utilizado o modelo preditivo MaxEnt para determinar o potencial de ocorrência dos sítios arqueológicos na Amazônia. Modelos foram desenvolvidos para estabelecer a distribuição potencial dos sítios, um baseado somente nos dados de ocorrências antigas, e outro modelo foi desenvolvido contemplando também as novas descobertas desta dissertação. Foram utilizadas variáveis edáficas e topográficas como preditoras, que revelaram um aumento da área de distribuição de sítios no escudo da Guiana, na calha do rio Amazonas (na Amazônia central) e no sul da Amazônia. Como resultado, as novas estruturas arqueológicas identificadas aumentaram em 733% a quantidade de estruturas localizadas em áreas preservadas das ações antrópicas contemporâneas, e a modelagem indica que elas ainda podem ser encontradas em mais de um quarto dos territórios atualmente inexplorados da floresta Amazônica. Pode-se concluir que a Amazônia possui distribuição abrangente de áreas que no passado foram submetidas à terraplanagem para abrigar assentamentos pré-colombianos, localizados estrategicamente em áreas de floresta de terra firme e várzea.