Abordagens espaciais para caracterização dos condicionantes socioambientais associados ao risco de malária em novas fronteiras na Amazônia: o caso de Lábrea, Amazonas

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Mariane Carvalho de Assis
Data de Publicação: 2011
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações do INPE
Texto Completo: http://urlib.net/sid.inpe.br/mtc-m19/2011/04.05.13.31
Resumo: Apesar dos esforços para erradicar a malária no Brasil desde a criação do Serviço Nacional de Malária em 1941, na região amazônica, a situação ainda está distante do sonho da erradicação. Na década de 1990, foi iniciada uma mudança de estratégia que reorganizou os esforços, anteriormente focalizados na tentativa de erradicação da malária, para o seu controle integrado. Atualmente, o PNCM-Programa Nacional de Prevenção e Controle da Malária utiliza um indicador, o IPA-\textit{Incidência Parasitária Anual}- como marcador do risco à malária para os propósitos de monitoramento e controle. O desenho de estratégias de controle, para seu sucesso, deve ser orientado por informações que observem as características particulares da transmissão, existentes em cada localidade (\textit{diferenciais intramunicipais}). Na Amazônia, onde muitos municípios possuem uma pequena população residente distribuída em uma grande extensão territorial isto é ainda mais relevante. A malária é uma doença com um ciclo de transmissão que envolve a interação complexa entre três elementos: o protozoário parasita, o vetor anofelino e o hospedeiro humano. Para fins de controle, estas interações são mediadas, principalmente, pelos espaços de vida do vetor e do hospedeiro. Em uma região que passou por intensas transformações nos últimos 40 anos as possibilidades de encontro entre vetor e hospedeiro se intensificaram e se diversificaram, sendo essencial para a vigilância um olhar focal e localizado. Este trabalho propõe uma caracterização alternativa para o IPA considerando sua representação espacial em células regulares de [2x2]km$^{2}$. Para o desenvolvimento deste IPA-\textit{Local} ajustado para as células uma metodologia baseada no uso de dados ambientais produzidos por sensoriamento remoto orbital e dados censitários tratados através de técnicas de análise espacial e integrados com o uso de Sistemas de Informação Geográfica foi desenvolvida. \textit{Superfícies Potenciais de População e de Ocorrência de Malária} foram geradas para um espaço celular composto de células regulares de [2x2]km$^{2}$. Com base nestas \textit{superfícies} potenciais estimativas para a redistribuição espacial da população e das ocorrências positivas puderam ser geradas e o IPA-\textit{Local} ajustado para cada célula foi calculado. O município de Lábrea, no estado do Amazonas, apresenta altas taxas para o IPA municipal e para o IPA por localidade, observadas pelo SIVEP-Malária. O IPA-\textit{Local} ajustado por células de [2x2]km$^{2}$ cobrindo toda extensão do município de Lábrea para os anos de 2003 e de 2008 foi produzido e utilizado para estudar os padrões de distribuição espacial do risco de malária e para explorar os seus condicionantes socioambientais. Para o estudo de caracterização de aglomerados espaciais significativos para o risco à malária em Lábrea foi utilizado um indicador de associação espacial, o Gi*(d), combinado com uma técnica de correção para evitar falsas descobertas de associações espaciais locais (\textit{False Discovery Rates - FDR}). Para explorar os condicionantes socioambientais este trabalho partiu da hipótese de que as condições para a incidência podem ser associadas a dois perfis de risco: (a) O perfil \textit{sociodemográfico}, cujos indicadores apontam condições de indivíduos e/ou grupos e as condições de suas moradias, aqui capturadas pela informação censitária, que ajuda a entender a capacidade de proteção destes indivíduos e/ou grupos relacionados às fases do ciclo de transmissão; e (b) O perfil \textit{ambiental/paisagem} definido como aquele que reflete o contexto territorial que possibilita uma potencial exposição do indivíduo e/ou grupo ao vetor anofelino no estágio larvário e adulto. Com base nesta hipótese uma análise das interações locais através da Regressão Geograficamente Ponderada (\textit{Geographically Weighted Regression GWR}) foi realizada com o IPA-\textit{Local} ajustado por células como variável resposta e um conjunto selecionado de variáveis caracterizadoras destes dois perfis, estabelecidas para as mesmas células, como variáveis explicativas. Os resultados mostram evidências da existência de duas grandes dinâmicas associadas ao risco de malária entre os anos de 2003 e 2008 em Lábrea. A primeira dinâmica está ligada a conversão de áreas de \textit{alto} para \textit{médio} risco, associadas à variáveis caracterizadoras do perfil de risco \textit{sociodemográfico}. A segunda dinâmica está ligada à expansão das áreas de \textit{alto} risco mostrando associação com as variáveis caracterizadoras do perfil de risco \textit{ambiental/paisagem}. A proposta de um IPA-\textit{Local} ajustado por células permitiu observar a heterogeneidade da distribuição espacial do risco de malária em Lábrea evidenciando a existência de fatores espaciais condicionantes que afetam o risco. Esses condicionantes atuam diferentemente ao longo da grande extensão do município e, portanto, reforçam a necessidade dos sistemas de vigilância em pensar estratégias e métodos específicos de controle, ajustados às características particulares da transmissão existentes no mosaico de territórios que são à base de formação dos extensos municípios amazônicos.
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Na década de 1990, foi iniciada uma mudança de estratégia que reorganizou os esforços, anteriormente focalizados na tentativa de erradicação da malária, para o seu controle integrado. Atualmente, o PNCM-Programa Nacional de Prevenção e Controle da Malária utiliza um indicador, o IPA-\textit{Incidência Parasitária Anual}- como marcador do risco à malária para os propósitos de monitoramento e controle. O desenho de estratégias de controle, para seu sucesso, deve ser orientado por informações que observem as características particulares da transmissão, existentes em cada localidade (\textit{diferenciais intramunicipais}). Na Amazônia, onde muitos municípios possuem uma pequena população residente distribuída em uma grande extensão territorial isto é ainda mais relevante. A malária é uma doença com um ciclo de transmissão que envolve a interação complexa entre três elementos: o protozoário parasita, o vetor anofelino e o hospedeiro humano. Para fins de controle, estas interações são mediadas, principalmente, pelos espaços de vida do vetor e do hospedeiro. Em uma região que passou por intensas transformações nos últimos 40 anos as possibilidades de encontro entre vetor e hospedeiro se intensificaram e se diversificaram, sendo essencial para a vigilância um olhar focal e localizado. Este trabalho propõe uma caracterização alternativa para o IPA considerando sua representação espacial em células regulares de [2x2]km$^{2}$. Para o desenvolvimento deste IPA-\textit{Local} ajustado para as células uma metodologia baseada no uso de dados ambientais produzidos por sensoriamento remoto orbital e dados censitários tratados através de técnicas de análise espacial e integrados com o uso de Sistemas de Informação Geográfica foi desenvolvida. \textit{Superfícies Potenciais de População e de Ocorrência de Malária} foram geradas para um espaço celular composto de células regulares de [2x2]km$^{2}$. Com base nestas \textit{superfícies} potenciais estimativas para a redistribuição espacial da população e das ocorrências positivas puderam ser geradas e o IPA-\textit{Local} ajustado para cada célula foi calculado. O município de Lábrea, no estado do Amazonas, apresenta altas taxas para o IPA municipal e para o IPA por localidade, observadas pelo SIVEP-Malária. O IPA-\textit{Local} ajustado por células de [2x2]km$^{2}$ cobrindo toda extensão do município de Lábrea para os anos de 2003 e de 2008 foi produzido e utilizado para estudar os padrões de distribuição espacial do risco de malária e para explorar os seus condicionantes socioambientais. Para o estudo de caracterização de aglomerados espaciais significativos para o risco à malária em Lábrea foi utilizado um indicador de associação espacial, o Gi*(d), combinado com uma técnica de correção para evitar falsas descobertas de associações espaciais locais (\textit{False Discovery Rates - FDR}). Para explorar os condicionantes socioambientais este trabalho partiu da hipótese de que as condições para a incidência podem ser associadas a dois perfis de risco: (a) O perfil \textit{sociodemográfico}, cujos indicadores apontam condições de indivíduos e/ou grupos e as condições de suas moradias, aqui capturadas pela informação censitária, que ajuda a entender a capacidade de proteção destes indivíduos e/ou grupos relacionados às fases do ciclo de transmissão; e (b) O perfil \textit{ambiental/paisagem} definido como aquele que reflete o contexto territorial que possibilita uma potencial exposição do indivíduo e/ou grupo ao vetor anofelino no estágio larvário e adulto. Com base nesta hipótese uma análise das interações locais através da Regressão Geograficamente Ponderada (\textit{Geographically Weighted Regression GWR}) foi realizada com o IPA-\textit{Local} ajustado por células como variável resposta e um conjunto selecionado de variáveis caracterizadoras destes dois perfis, estabelecidas para as mesmas células, como variáveis explicativas. Os resultados mostram evidências da existência de duas grandes dinâmicas associadas ao risco de malária entre os anos de 2003 e 2008 em Lábrea. A primeira dinâmica está ligada a conversão de áreas de \textit{alto} para \textit{médio} risco, associadas à variáveis caracterizadoras do perfil de risco \textit{sociodemográfico}. A segunda dinâmica está ligada à expansão das áreas de \textit{alto} risco mostrando associação com as variáveis caracterizadoras do perfil de risco \textit{ambiental/paisagem}. A proposta de um IPA-\textit{Local} ajustado por células permitiu observar a heterogeneidade da distribuição espacial do risco de malária em Lábrea evidenciando a existência de fatores espaciais condicionantes que afetam o risco. Esses condicionantes atuam diferentemente ao longo da grande extensão do município e, portanto, reforçam a necessidade dos sistemas de vigilância em pensar estratégias e métodos específicos de controle, ajustados às características particulares da transmissão existentes no mosaico de territórios que são à base de formação dos extensos municípios amazônicos.The National Program for Prevention and Control of Malaria (PNCM) uses an indicator, the IPA-\textit{Annual Parasitic Index}- as a malaria risk marker for control and monitoring purposes. For the success of malaria control, the control strategies must be guided by information about particular characteristics of the malaria transmission in each locality. In the Amazônia region, many counties have a small population distributed over large territorial extensions. In this case, know the particular characteristic in each locality is even most important. Malaria is a complex disease, with a transmission cycle that involves the interaction between three elements: the protozoan parasite, the Anopheles vector and human host. For control purposes, these interactions are mediated mainly by the living spaces of vector and host. Over the last 40 years the region has been through many transformations, and the chances of encounter between host and vector were intensified and diversified. In this work, we propose an alternative methodology based on spatial analysis methods and remote sensing data integrated in a GIS environment for generating a locally adjusted malaria incidence rate, that we call Local Adjusted-IPA. To build this locally adjusted index first, a potential population surface model, based on [2x2]km$^{2}$ cells, has been developed. Second, a surface model for the spatial distribution of malaria occurrence based on the same cellular space was created making use of the georeferenced (by localities) malaria positive events. The Local Adjusted-IPA is then entirely determined at each one of the [2x2]km$^{2}$ cells, covering the total Labreas area. Two cell maps for the years 2003 and 2008 were produced. The spatial distribution of malaria potential risk was explored based on these two maps. An assessment for the existence of significant spatial clusters of potential risk of malaria in Lábrea was carried out by using a local indicator of spatial association, the Gi*(d), combined with a correction technique to avoid false discovery (FDR). In order to investigate the associations of the potential risk of malaria patterns with socioenvironmental characteristics, this study hypothesized that the conditions for the malaria incidence may be associated with two risk profiles: (a) The \textit{sociodemographic} profile, where indicators suggest conditions of individuals and/or groups and their housing conditions, which helps to understand the resources these individuals and/or groups have to protect themselves when related malaria transmission cycle phases, and (b) The \textit{environmental/landsape} profile defined as the one that reflects the local context that allows a potential exposure the individual and/or group to the vector anopheles larval and adult stages. Based on this hypothesis an analysis of local interactions through Geographically Weighted Regression (GWR) was taken using the Local Adjusted-IPA as the response variable and a set of selected variables characterizing these two profiles as explanatory variables, considering the cell space as a common base. The results have evidenced the existence of two major dynamics associated with the risk of malaria among the years 2003 and 2008 in Lábrea. The first dynamic is linked to conversion of areas of high to medium risk associated with variables characterizing the \textit{socioemographic} risk profile. The second dynamic is linked to the expansion of high-risk areas showing association with the variables that characterize the\textit{ environmental/ landscape} risk profile of. Our local scale approach allowed observing the heterogeneity of spatial distribution of the malaria potential risk in Lábrea and its associated factors. These factors act quite differently over the large extension of the municipality and therefore reinforce the need for surveillance systems in thinking strategies and specific methods of control focused to the particular characteristics of the existing locally determined transmission features.http://urlib.net/sid.inpe.br/mtc-m19/2011/04.05.13.31info:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações do INPEinstname:Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE)instacron:INPE2021-07-31T06:53:36Zoai:urlib.net:sid.inpe.br/mtc-m19/2011/04.05.13.31.18-0Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://bibdigital.sid.inpe.br/PUBhttp://bibdigital.sid.inpe.br/col/iconet.com.br/banon/2003/11.21.21.08/doc/oai.cgiopendoar:32772021-07-31 06:53:37.221Biblioteca Digital de Teses e Dissertações do INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE)false
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Na Amazônia, onde muitos municípios possuem uma pequena população residente distribuída em uma grande extensão territorial isto é ainda mais relevante. A malária é uma doença com um ciclo de transmissão que envolve a interação complexa entre três elementos: o protozoário parasita, o vetor anofelino e o hospedeiro humano. Para fins de controle, estas interações são mediadas, principalmente, pelos espaços de vida do vetor e do hospedeiro. Em uma região que passou por intensas transformações nos últimos 40 anos as possibilidades de encontro entre vetor e hospedeiro se intensificaram e se diversificaram, sendo essencial para a vigilância um olhar focal e localizado. Este trabalho propõe uma caracterização alternativa para o IPA considerando sua representação espacial em células regulares de [2x2]km$^{2}$. Para o desenvolvimento deste IPA-\textit{Local} ajustado para as células uma metodologia baseada no uso de dados ambientais produzidos por sensoriamento remoto orbital e dados censitários tratados através de técnicas de análise espacial e integrados com o uso de Sistemas de Informação Geográfica foi desenvolvida. \textit{Superfícies Potenciais de População e de Ocorrência de Malária} foram geradas para um espaço celular composto de células regulares de [2x2]km$^{2}$. Com base nestas \textit{superfícies} potenciais estimativas para a redistribuição espacial da população e das ocorrências positivas puderam ser geradas e o IPA-\textit{Local} ajustado para cada célula foi calculado. O município de Lábrea, no estado do Amazonas, apresenta altas taxas para o IPA municipal e para o IPA por localidade, observadas pelo SIVEP-Malária. O IPA-\textit{Local} ajustado por células de [2x2]km$^{2}$ cobrindo toda extensão do município de Lábrea para os anos de 2003 e de 2008 foi produzido e utilizado para estudar os padrões de distribuição espacial do risco de malária e para explorar os seus condicionantes socioambientais. Para o estudo de caracterização de aglomerados espaciais significativos para o risco à malária em Lábrea foi utilizado um indicador de associação espacial, o Gi*(d), combinado com uma técnica de correção para evitar falsas descobertas de associações espaciais locais (\textit{False Discovery Rates - FDR}). Para explorar os condicionantes socioambientais este trabalho partiu da hipótese de que as condições para a incidência podem ser associadas a dois perfis de risco: (a) O perfil \textit{sociodemográfico}, cujos indicadores apontam condições de indivíduos e/ou grupos e as condições de suas moradias, aqui capturadas pela informação censitária, que ajuda a entender a capacidade de proteção destes indivíduos e/ou grupos relacionados às fases do ciclo de transmissão; e (b) O perfil \textit{ambiental/paisagem} definido como aquele que reflete o contexto territorial que possibilita uma potencial exposição do indivíduo e/ou grupo ao vetor anofelino no estágio larvário e adulto. Com base nesta hipótese uma análise das interações locais através da Regressão Geograficamente Ponderada (\textit{Geographically Weighted Regression GWR}) foi realizada com o IPA-\textit{Local} ajustado por células como variável resposta e um conjunto selecionado de variáveis caracterizadoras destes dois perfis, estabelecidas para as mesmas células, como variáveis explicativas. Os resultados mostram evidências da existência de duas grandes dinâmicas associadas ao risco de malária entre os anos de 2003 e 2008 em Lábrea. A primeira dinâmica está ligada a conversão de áreas de \textit{alto} para \textit{médio} risco, associadas à variáveis caracterizadoras do perfil de risco \textit{sociodemográfico}. A segunda dinâmica está ligada à expansão das áreas de \textit{alto} risco mostrando associação com as variáveis caracterizadoras do perfil de risco \textit{ambiental/paisagem}. A proposta de um IPA-\textit{Local} ajustado por células permitiu observar a heterogeneidade da distribuição espacial do risco de malária em Lábrea evidenciando a existência de fatores espaciais condicionantes que afetam o risco. Esses condicionantes atuam diferentemente ao longo da grande extensão do município e, portanto, reforçam a necessidade dos sistemas de vigilância em pensar estratégias e métodos específicos de controle, ajustados às características particulares da transmissão existentes no mosaico de territórios que são à base de formação dos extensos municípios amazônicos.
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description Apesar dos esforços para erradicar a malária no Brasil desde a criação do Serviço Nacional de Malária em 1941, na região amazônica, a situação ainda está distante do sonho da erradicação. Na década de 1990, foi iniciada uma mudança de estratégia que reorganizou os esforços, anteriormente focalizados na tentativa de erradicação da malária, para o seu controle integrado. Atualmente, o PNCM-Programa Nacional de Prevenção e Controle da Malária utiliza um indicador, o IPA-\textit{Incidência Parasitária Anual}- como marcador do risco à malária para os propósitos de monitoramento e controle. O desenho de estratégias de controle, para seu sucesso, deve ser orientado por informações que observem as características particulares da transmissão, existentes em cada localidade (\textit{diferenciais intramunicipais}). Na Amazônia, onde muitos municípios possuem uma pequena população residente distribuída em uma grande extensão territorial isto é ainda mais relevante. A malária é uma doença com um ciclo de transmissão que envolve a interação complexa entre três elementos: o protozoário parasita, o vetor anofelino e o hospedeiro humano. Para fins de controle, estas interações são mediadas, principalmente, pelos espaços de vida do vetor e do hospedeiro. Em uma região que passou por intensas transformações nos últimos 40 anos as possibilidades de encontro entre vetor e hospedeiro se intensificaram e se diversificaram, sendo essencial para a vigilância um olhar focal e localizado. Este trabalho propõe uma caracterização alternativa para o IPA considerando sua representação espacial em células regulares de [2x2]km$^{2}$. Para o desenvolvimento deste IPA-\textit{Local} ajustado para as células uma metodologia baseada no uso de dados ambientais produzidos por sensoriamento remoto orbital e dados censitários tratados através de técnicas de análise espacial e integrados com o uso de Sistemas de Informação Geográfica foi desenvolvida. \textit{Superfícies Potenciais de População e de Ocorrência de Malária} foram geradas para um espaço celular composto de células regulares de [2x2]km$^{2}$. Com base nestas \textit{superfícies} potenciais estimativas para a redistribuição espacial da população e das ocorrências positivas puderam ser geradas e o IPA-\textit{Local} ajustado para cada célula foi calculado. O município de Lábrea, no estado do Amazonas, apresenta altas taxas para o IPA municipal e para o IPA por localidade, observadas pelo SIVEP-Malária. O IPA-\textit{Local} ajustado por células de [2x2]km$^{2}$ cobrindo toda extensão do município de Lábrea para os anos de 2003 e de 2008 foi produzido e utilizado para estudar os padrões de distribuição espacial do risco de malária e para explorar os seus condicionantes socioambientais. Para o estudo de caracterização de aglomerados espaciais significativos para o risco à malária em Lábrea foi utilizado um indicador de associação espacial, o Gi*(d), combinado com uma técnica de correção para evitar falsas descobertas de associações espaciais locais (\textit{False Discovery Rates - FDR}). Para explorar os condicionantes socioambientais este trabalho partiu da hipótese de que as condições para a incidência podem ser associadas a dois perfis de risco: (a) O perfil \textit{sociodemográfico}, cujos indicadores apontam condições de indivíduos e/ou grupos e as condições de suas moradias, aqui capturadas pela informação censitária, que ajuda a entender a capacidade de proteção destes indivíduos e/ou grupos relacionados às fases do ciclo de transmissão; e (b) O perfil \textit{ambiental/paisagem} definido como aquele que reflete o contexto territorial que possibilita uma potencial exposição do indivíduo e/ou grupo ao vetor anofelino no estágio larvário e adulto. 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