ESCOLHAS E DECISÕES: ESTUDO DO PROCESSO PARTICIPATIVO EM ORGANIZAÇÕES DA ECONOMIA SOLIDÁRIA

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Nascimento, Anderson Rafael Barros do
Data de Publicação: 2008
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da Metodista
Texto Completo: http://tede.metodista.br/jspui/handle/tede/135
Resumo: As últimas décadas, no caso brasileiro, foram marcadas pela predominância da estabilidade econômica e desregulamentação estatal no campo da economia, desconsiderando o impacto na vida das pessoas. Quebras e falências são constatadas como resultado desse processo. Aos trabalhadores surge a oportunidade, com muito esforço, de modelos alternativos nas relações de trabalho. Aparece nesse contexto, o novo discurso da Economia Solidária que preza por práticas autogestionadas. As Empresas Recuperadas são enquadradas dentro desse novo discurso. Entretanto, nas Empresas Recuperadas e nos empreendimentos da Economia Solidária, o espaço fértil proporcionado no campo da subjetividade enfrenta um dilema objetivo. Em sua batalha pela sobrevivência e sustentação, a organização deverá adotar práticas burocráticas e poderá desencantar o espaço da participação. Resulta disso, um dilema entre a objetividade, que a gestão demanda, e a subjetividade que o discurso da Economia Solidária exige. Nessa dissertação, propõe-se que a participação permite um efeito psicológico na medida em que assegura uma inter-relação contínua entre o funcionamento das instituições e as qualidades e atitudes das pessoas que atuam em seu interior. Escolhas e decisões, dessa forma, se colocam como processo que compõe a categoria da participação. Como os trabalhadores das Organizações da Economia Solidária participam do processo de escolhas e decisões em um sistema coletivo e cooperativo de trabalho? Essa é a pergunta central desta pesquisa, que tem por objetivo analisar o processo de escolhas e decisões em organizações da Economia Solidária. Nesse intuito realizou-se um estudo de caso por meio da metodologia da pesquisa-ação de uma empresa recuperada no interior de São Paulo. A pesquisa-ação é um tipo de pesquisa social, com base empírica, que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou resolução de um problema. Esse problema, no contexto do estudo de caso, foi a concepção de um processo de formação de funcionários para futuros cooperados. A trajetória da discussão foi realizada com acompanhamento de um Grupo Tarefa composto por membros (celetistas e cooperados) da organização. A análise dos resultados foi construída a partir da fundamentação teórica convergindo em três categorias, que compõe o processo de participação, dentro de uma organização da Economia Solidária: Eu comigo (EUCMG), Eu com o(s) outro(s) (EUCOU) e Eu na Organização (EUORG). Os resultados mostram que a Empresa estudada não pode ser considerada como autogestionada e está fundamentada em práticas elitizadas. Há poucas práticas coletivas e se divide em classes internas (chão-defábrica e staff). Contudo, reconhece-se um grande esforço para chegar a uma nova prática de gestão coletiva. A participação se dá dentro de aspectos formais (assembléia) com predominância de assuntos burocráticos que não passaram por apropriação coletiva em sua construção. A educatividade ilumina o caminho processual, rompendo com visões finalísticas e alcançando uma sustentabilidade para a organização.(AU)
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Em sua batalha pela sobrevivência e sustentação, a organização deverá adotar práticas burocráticas e poderá desencantar o espaço da participação. Resulta disso, um dilema entre a objetividade, que a gestão demanda, e a subjetividade que o discurso da Economia Solidária exige. Nessa dissertação, propõe-se que a participação permite um efeito psicológico na medida em que assegura uma inter-relação contínua entre o funcionamento das instituições e as qualidades e atitudes das pessoas que atuam em seu interior. Escolhas e decisões, dessa forma, se colocam como processo que compõe a categoria da participação. Como os trabalhadores das Organizações da Economia Solidária participam do processo de escolhas e decisões em um sistema coletivo e cooperativo de trabalho? Essa é a pergunta central desta pesquisa, que tem por objetivo analisar o processo de escolhas e decisões em organizações da Economia Solidária. Nesse intuito realizou-se um estudo de caso por meio da metodologia da pesquisa-ação de uma empresa recuperada no interior de São Paulo. A pesquisa-ação é um tipo de pesquisa social, com base empírica, que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou resolução de um problema. Esse problema, no contexto do estudo de caso, foi a concepção de um processo de formação de funcionários para futuros cooperados. A trajetória da discussão foi realizada com acompanhamento de um Grupo Tarefa composto por membros (celetistas e cooperados) da organização. A análise dos resultados foi construída a partir da fundamentação teórica convergindo em três categorias, que compõe o processo de participação, dentro de uma organização da Economia Solidária: Eu comigo (EUCMG), Eu com o(s) outro(s) (EUCOU) e Eu na Organização (EUORG). Os resultados mostram que a Empresa estudada não pode ser considerada como autogestionada e está fundamentada em práticas elitizadas. Há poucas práticas coletivas e se divide em classes internas (chão-defábrica e staff). Contudo, reconhece-se um grande esforço para chegar a uma nova prática de gestão coletiva. A participação se dá dentro de aspectos formais (assembléia) com predominância de assuntos burocráticos que não passaram por apropriação coletiva em sua construção. A educatividade ilumina o caminho processual, rompendo com visões finalísticas e alcançando uma sustentabilidade para a organização.(AU)Last decades in Brazil have presented the predominance of stability and state deregulation in Economy, disregarding its impact on people's lives. Crashes and bankruptcies are a result of such process. For workers, opportunities of alternative models in labor relations have come after much effort. In this context, the new speech of Sympathetic Economy arises, valuing self-managed practices. Recovered Companies are included in this new speech. However, in Sympathetic Economy recovered companies and enterprises, fertile ground in the field of subjectivity faces an objective dilemma. In a struggle for survival and sustenance, organizations will have to adopt bureaucratic practices, and it is possible that participation may become disillusioned. As a consequence, there is a dilemma between objectivity, demanded by the management, and subjectivity, demanded by the Sympathetic Economy speech. This paper proposes that participation allows a psychological effect as it assures a continuous interrelation between institutions operation and qualities and attitudes of people who work on them. Choices and decisions, thus, are placed as a process which composes the participation category. How do workers from Sympathetic Economy organizations participate in the process of choices and decisions in a collective, cooperative working system? This is the core question in this paper research, which aims to analyze the process of choices and decisions in Sympathetic Economy organizations. Based on it, a case study has been carried out through an "action-research" methodology in a recovered company in the countryside of São Paulo. This action-research is a kind of empiric-based social research conceived and carried out in close association with an action or solution for a problem. Such problem, in the case study context, was conceiving an employee-training process for future cooperated members. The discussion path was followed by a Task Group composed of organization CLT (Labor Laws Consolidation) employees and cooperated members. The analysis of the outcomes was carried out from theoretical grounding, converging into three categories which compose the participation process in a Sympathetic Economy organization: "I by myself", "the others and I", and "the organization and I". The outcomes have shown that the studied company may not be considered as self-managed, is based on elite practices, has few collective practices and is divided in internal classes (factory floor and staff). However, recognize a large force to construction a new collective management practice. Participation occurs in formal aspects (meetings) with predominance of bureaucratic issues which will not go through collective appropriation in its construction. Teachability lights up the process path, breaking off with final views, and reaching sustenance in the organization.(AU)Universidade Metodista de São PauloGestão de organizaçõesBRUMESPPÓS GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃOCastro, Dagmar Silva Pinto deCPF:23656312318http://lattes.cnpq.br/6371527386043638Alves, Luiz RobertoCPF:49655320000http://lattes.cnpq.br/4505968273643745Bresler, Ricardo Rocha BritoCPF:12156456123http://lattes.cnpq.br/0317102987855943Nascimento, Anderson Rafael Barros do2016-08-02T21:42:52Z2008-12-052008-09-15info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfNASCIMENTO, Anderson Rafael Barros do. ESCOLHAS E DECISÕES: ESTUDO DO PROCESSO PARTICIPATIVO EM ORGANIZAÇÕES DA ECONOMIA SOLIDÁRIA. 2008. 208 f. 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