Características neuropsicológicas de agressores de crianças e mulheres
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2022 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da Metodista |
Texto Completo: | http://tede.metodista.br/jspui/handle/tede/2179 |
Resumo: | Mulheres vítimas da violência de gênero sofrem danos psicológicos graves, além de alterações cognitivas. Crianças vivendo num ambiente onde prospera a violência também aprendem a fazer uso dela para resolver seus problemas e a reproduzem de forma intergeracional. Neste contexto, ressalta-se a importância de estudar agressores domésticos e de outra natureza, com vistas a verificar características comuns entre os mesmos. A possível existência de um perfil neuropsicológico desses agressores pode ser útil em programas de intervenção que visem à diminuição na reincidência da violência contra mulheres e crianças. Assim, o principal objetivo deste estudo foi verificar características de personalidade e aspectos cognitivos em agressores de crianças e mulheres. Trata-se de um estudo transversal descritivo com 292 participantes com idade superior a 18 anos, que respondiam juridicamente por violência contra mulheres e crianças. A amostra foi organizada em dois grupos: agressores de mulheres (n=75) e agressores de crianças (n=217) privados de liberdade em penitenciárias no Estado do Paraná. Foram coletados dados sociodemográficos e criminais, aspectos da personalidade por meio da Escala de Impulsividade de Barrat (BIS-11) e o Inventário de Personalidade NEO FFI, e os aspectos cognitivos com a Figura de Rey, Trail A e B, Teste dos Cinco dígitos (FDT), Dígitos (WAIS-III), Teste de Atenção D2-R, Fluência Verbal (FAS) e WMT-2 para o quociente intelectual. Em relação aos agressores de mulheres a média de idade foi de 40 anos, com ensino fundamental incompleto. As vítimas foram predominantemente esposas/companheiras e a violência prevalente foi a sexual na forma do estupro (46%), seguida da agressão física (33%). Na amostra de agressores de crianças a média de idade foi de 50 anos com ensino fundamental incompleto, sendo evidenciada ocorrência da violência sexual com o estupro (49,8%) e o abuso sexual (47%), sendo a maioria das vítimas meninas (93%), com idade média de 10 anos e conhecidas de seus agressores (enteadas, filhas ou netas). Quanto aos aspectos da personalidade, os dois grupos expressaram resultados semelhantes com baixos níveis de abertura, altos níveis de conscienciosidade e falhas no controle de impulsos. O Quoficiente de Inteligência foi inferior à classificação considerada dentro dos limites de normalidade. Os testes cognitivos sinalizaram especialmente dificuldades na habilidade visoconstrutiva, capacidade de planejamento para a realização de tarefas e estratégias para solução de problemas. Déficits atencionais, flexibilidade mental e controle inibitório prejudicado em ambas as amostras. Os estudos permitem concluir que agressores de mulheres e crianças têm sim déficits cognitivos, características típicas de personalidade e histórias de vida marcadas por violência. Tais fatores em consonância podem predispor um indivíduo a perpetrar violência e mais facilmente reincidir em crimes de igual natureza. Levanta-se, portanto, a necessidade de intervenções precoce a nível de prevenção junto a famílias disruptivas onde há crianças vítimas de violência, mas também a necessidade de intervenções mais direcionadas às especificidades desse público já encarcerado, respondendo conforme prevê a justiça retributiva, que prevê a privação da liberdade, mas pouco garante a reabilitação almejada.(AU) |
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Características neuropsicológicas de agressores de crianças e mulheresNeuropsychological characteristics of aggressors of children and womenviolência sexual; agressor de mulheres; agressor de crianças; perfil cognitivo; personalidadesexual violence; aggressors of women; aggressors of children; cognitive profile; personalityCIENCIAS HUMANASMulheres vítimas da violência de gênero sofrem danos psicológicos graves, além de alterações cognitivas. Crianças vivendo num ambiente onde prospera a violência também aprendem a fazer uso dela para resolver seus problemas e a reproduzem de forma intergeracional. Neste contexto, ressalta-se a importância de estudar agressores domésticos e de outra natureza, com vistas a verificar características comuns entre os mesmos. A possível existência de um perfil neuropsicológico desses agressores pode ser útil em programas de intervenção que visem à diminuição na reincidência da violência contra mulheres e crianças. Assim, o principal objetivo deste estudo foi verificar características de personalidade e aspectos cognitivos em agressores de crianças e mulheres. Trata-se de um estudo transversal descritivo com 292 participantes com idade superior a 18 anos, que respondiam juridicamente por violência contra mulheres e crianças. A amostra foi organizada em dois grupos: agressores de mulheres (n=75) e agressores de crianças (n=217) privados de liberdade em penitenciárias no Estado do Paraná. Foram coletados dados sociodemográficos e criminais, aspectos da personalidade por meio da Escala de Impulsividade de Barrat (BIS-11) e o Inventário de Personalidade NEO FFI, e os aspectos cognitivos com a Figura de Rey, Trail A e B, Teste dos Cinco dígitos (FDT), Dígitos (WAIS-III), Teste de Atenção D2-R, Fluência Verbal (FAS) e WMT-2 para o quociente intelectual. Em relação aos agressores de mulheres a média de idade foi de 40 anos, com ensino fundamental incompleto. As vítimas foram predominantemente esposas/companheiras e a violência prevalente foi a sexual na forma do estupro (46%), seguida da agressão física (33%). Na amostra de agressores de crianças a média de idade foi de 50 anos com ensino fundamental incompleto, sendo evidenciada ocorrência da violência sexual com o estupro (49,8%) e o abuso sexual (47%), sendo a maioria das vítimas meninas (93%), com idade média de 10 anos e conhecidas de seus agressores (enteadas, filhas ou netas). Quanto aos aspectos da personalidade, os dois grupos expressaram resultados semelhantes com baixos níveis de abertura, altos níveis de conscienciosidade e falhas no controle de impulsos. O Quoficiente de Inteligência foi inferior à classificação considerada dentro dos limites de normalidade. Os testes cognitivos sinalizaram especialmente dificuldades na habilidade visoconstrutiva, capacidade de planejamento para a realização de tarefas e estratégias para solução de problemas. Déficits atencionais, flexibilidade mental e controle inibitório prejudicado em ambas as amostras. Os estudos permitem concluir que agressores de mulheres e crianças têm sim déficits cognitivos, características típicas de personalidade e histórias de vida marcadas por violência. Tais fatores em consonância podem predispor um indivíduo a perpetrar violência e mais facilmente reincidir em crimes de igual natureza. Levanta-se, portanto, a necessidade de intervenções precoce a nível de prevenção junto a famílias disruptivas onde há crianças vítimas de violência, mas também a necessidade de intervenções mais direcionadas às especificidades desse público já encarcerado, respondendo conforme prevê a justiça retributiva, que prevê a privação da liberdade, mas pouco garante a reabilitação almejada.(AU)Women victims of gender violence suffer serious psychological damage, in addition to cognitive changes. Children, who live in an environment where violence thrives, also learn to use it as a way to solve their problems and they reproduce it intergenerationally. In this context, the importance of studying domestic and other aggressors is emphasized, with a view to verifying common characteristics among them. The possible existence of a neuropsychological profile of these aggressors might be useful in intervention programs which aim to reduce the recurrence of violence against women and children. Thus, the main purpose of this study was to validate personality characteristics and cognitive aspects in aggressors of children and women. This is a descriptive cross-sectional study with 292 participants aged over 18 years old, who were legally responsible for violence against women and children. The sample was organized into two groups: aggressors of women (n=75) and aggressors of children (n= 217) deprived of their liberty in prisons in the State of Paraná. Socio-demographic and criminal data and personality aspects were collected through Barrat Impulsivity Scale (BIS – 11) and the NEO FFI Personality Inventory, and the cognitive aspects were gathered using the Figure of Rey, Trail A and B, Five-digit test (FDT), Digits (WAIS-III), Attention Test D2-R, Verbal Fluency (F-A-S Test) and WMT-2 for the IQ. In relation to the aggressors of women, the average age was 40 years old, with incomplete elementary education. The victims were, in their majority, wives/partners and the prevalent violence was sexual in the form of rape (46%), followed by physical aggression (33%). In the sample related to aggressors of children, the average age was 50 years old with incomplete elementary education, with evidence of sexual violence with rape (49,8%) and sexual abuse (47%), with predominance of female victims (93%) with an average age of 10 years old and known to their aggressors (stepdaughters, daughters or granddaughters). As for the personality aspects, the two groups showed similar results with low levels of openness, high levels of conscientiousness, and failures in impulse control. The IQ (Intelligence Quotient) was lower than the classification considered within the limits of normality. Cognitive tests especially signaled difficulties in visuoconstructive skill, the capacity to plan before performing tasks and problem-solve strategies. Deficits in attention, mental flexibility and inhibitory control were impaired in both samples. The studies allow us to conclude that aggressors of women and children do have cognitive deficits, typical personality characteristics and life experiences marked by violence. Such factors in consonance can influence an individual to commit violence and easily relapse into crimes of the same nature. Therefore, there is a need for early interventions at the level of prevention with disruptive families where there are children who are victims of violence, but also the necessity for interventions more directed to the specificities of this public already in prison, responding accordingly to the retributive justice, which provides for deprivation of liberty, but little guarantees the desired rehabilitation.(AU)Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPESUniversidade Metodista de Sao PauloPsicologia da Saude:Programa de Pos Graduacao em Psicologia da SaudeBrasilIMSPsicologia da SaudeSerafim, Antonio de PáduaAvoglia, Hilda Rosa CapelãoSilva, Rosa Maria Frugoli daRosa, Helena RinaldiBlefari, Carlos AznarSilva, Ana Paula Jesus da2022-05-09T19:29:55Z2022-03-07info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfSilva, Ana Paula Jesus da. Características neuropsicológicas de agressores de crianças e mulheres. 2022. 150 folhas. 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