Faz de conta que eu cresci: o processo de transição da educação infantil para o ensino fundamental
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2012 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da PUC_CAMPINAS |
Texto Completo: | http://repositorio.sis.puc-campinas.edu.br/xmlui/handle/123456789/15493 |
Resumo: | A transição da Educação Infantil (EI) para o Ensino Fundamental (EF) foi o tema deste trabalho, que apresentou como principal objetivo analisar essa passagem na perspectiva de seus protagonistas, as crianças e os professores. A Lei n° 11.274/06 ampliou a duração do EF para 9 anos com ingresso da criança aos seis anos de idade e os documentos oficiais prescrevem que a transição da EI para o EF não ocorra de maneira abrupta, pois é um momento potencial de rupturas e crises que incidem sobre o desenvolvimento biopsicológico da criança, devendo ser vivenciada de maneira mais produtiva possível. Assim, o problema da presente pesquisa foi formulado da seguinte maneira: Como se tem constituído o processo de transição escolar da EI para o EF de nove anos em instituições de ambos segmentos? . Os objetivos específicos foram: (i) analisar as interpretações das crianças sobre suas experiências na EI e no EF, (ii) identificar as ações das professoras relativas à passagem da EI para o EF e (iii) identificar as concepções das professoras sobre a obrigatoriedade do ingresso da criança de seis anos no EF. O método, de natureza qualitativa, foi constituído no processo de transição escolar, ocorrida em dois momentos: Fase I, realizada com um grupo de 10 crianças de 5 e 6 anos de idade de uma Escola Municipal de Educação Infantil (EMEI); Fase II, feita com 4 crianças do grupo da EI, mas, agora, ingressantes do 1º ano do EF de uma Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF), com idades entre 6 e 7 anos. Os instrumentos de pesquisa foram: (i) análise documental (projetos pedagógicos da EMEI e da EMEF), (ii) questionário com os pais, (iii), observação participante, (iv) entrevista semiestruturada com as professoras da EMEI e da EMEF, (v) entrevista com as crianças (reflexiva e narrativa) e (vi) produção de desenhos. O material empírico foi videogravado e houve o registro em diário de campo e também de desenhos produzidos pelas crianças. Os resultados da pesquisa indicaram ausências de referências recíprocas sobre a transição escolar em ambas as instituições de ensino, inexistentes nos projetos pedagógicos e no cotidiano escolar. Não há um trabalho sistemático sobre a vida futura das crianças na EMEI; menções quanto ao seu ingresso em EMEFs são feitas apenas quando elas manifestam curiosidade sobre a nova escola. As crianças sabem que a nova escola será diferente e querem mudar, muito provavelmente porque a escola de ensino fundamental é socialmente valorizada. Também na EMEF, há poucas referências à vida pregressa das crianças, pois é como se nascesse uma nova criança, que tem que se ajustar à nova realidade por meio do silêncio e do controle corporal. Nesse cenário, tolhe-se o brincar, que dentro da Teoria Histórico-Cultural, é a principal atividade da criança. Em função da ruptura, da desarticulação e descontinuidade do trabalho pedagógico, algumas crianças sinalizaram sofrimento no processo de adaptação e outras, subvertendo a ordem estabelecida, realizaram frequentes microepisódios lúdicos em sala de aula, de certo modo, atenuando a perda do brincar. As crianças da EI e do EF atribuem grande importância ao brincar e um trabalho sistemático sobre a transição escolar traria contribuições relevantes, sobretudo no EF, onde há o esmaecimento da atividade lúdica. Portanto, urge a necessidade de ações articuladoras entre a EI e o EF e o investimento na formação inicial e continuada de docentes, principalmente no que diz respeito à atividade lúdica à luz da Teoria Histórico-Cultural, sobretudo, quando se considera esta atividade como instrumento do desenvolvimento das funções psicológicas superiores. Os problemas evidenciados sobre a implantação do novo EF são também consequência da forma pela qual o poder público prescreve, como em leis e normas, mas não provê, indicando a necessidade de debates sobre qual é, de fato, nosso projeto para a educação da infância. |
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Martinati, Adriana ZampieriPontifícia Universidade Católica de CampinasRocha, Maria Silvia Pinto de Moura Librandi da2022-02-16T18:15:35Z2022-02-16T18:15:35Z2012-12-12http://repositorio.sis.puc-campinas.edu.br/xmlui/handle/123456789/154935252084806551276A transição da Educação Infantil (EI) para o Ensino Fundamental (EF) foi o tema deste trabalho, que apresentou como principal objetivo analisar essa passagem na perspectiva de seus protagonistas, as crianças e os professores. A Lei n° 11.274/06 ampliou a duração do EF para 9 anos com ingresso da criança aos seis anos de idade e os documentos oficiais prescrevem que a transição da EI para o EF não ocorra de maneira abrupta, pois é um momento potencial de rupturas e crises que incidem sobre o desenvolvimento biopsicológico da criança, devendo ser vivenciada de maneira mais produtiva possível. Assim, o problema da presente pesquisa foi formulado da seguinte maneira: Como se tem constituído o processo de transição escolar da EI para o EF de nove anos em instituições de ambos segmentos? . Os objetivos específicos foram: (i) analisar as interpretações das crianças sobre suas experiências na EI e no EF, (ii) identificar as ações das professoras relativas à passagem da EI para o EF e (iii) identificar as concepções das professoras sobre a obrigatoriedade do ingresso da criança de seis anos no EF. O método, de natureza qualitativa, foi constituído no processo de transição escolar, ocorrida em dois momentos: Fase I, realizada com um grupo de 10 crianças de 5 e 6 anos de idade de uma Escola Municipal de Educação Infantil (EMEI); Fase II, feita com 4 crianças do grupo da EI, mas, agora, ingressantes do 1º ano do EF de uma Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF), com idades entre 6 e 7 anos. Os instrumentos de pesquisa foram: (i) análise documental (projetos pedagógicos da EMEI e da EMEF), (ii) questionário com os pais, (iii), observação participante, (iv) entrevista semiestruturada com as professoras da EMEI e da EMEF, (v) entrevista com as crianças (reflexiva e narrativa) e (vi) produção de desenhos. O material empírico foi videogravado e houve o registro em diário de campo e também de desenhos produzidos pelas crianças. Os resultados da pesquisa indicaram ausências de referências recíprocas sobre a transição escolar em ambas as instituições de ensino, inexistentes nos projetos pedagógicos e no cotidiano escolar. Não há um trabalho sistemático sobre a vida futura das crianças na EMEI; menções quanto ao seu ingresso em EMEFs são feitas apenas quando elas manifestam curiosidade sobre a nova escola. As crianças sabem que a nova escola será diferente e querem mudar, muito provavelmente porque a escola de ensino fundamental é socialmente valorizada. Também na EMEF, há poucas referências à vida pregressa das crianças, pois é como se nascesse uma nova criança, que tem que se ajustar à nova realidade por meio do silêncio e do controle corporal. Nesse cenário, tolhe-se o brincar, que dentro da Teoria Histórico-Cultural, é a principal atividade da criança. Em função da ruptura, da desarticulação e descontinuidade do trabalho pedagógico, algumas crianças sinalizaram sofrimento no processo de adaptação e outras, subvertendo a ordem estabelecida, realizaram frequentes microepisódios lúdicos em sala de aula, de certo modo, atenuando a perda do brincar. As crianças da EI e do EF atribuem grande importância ao brincar e um trabalho sistemático sobre a transição escolar traria contribuições relevantes, sobretudo no EF, onde há o esmaecimento da atividade lúdica. Portanto, urge a necessidade de ações articuladoras entre a EI e o EF e o investimento na formação inicial e continuada de docentes, principalmente no que diz respeito à atividade lúdica à luz da Teoria Histórico-Cultural, sobretudo, quando se considera esta atividade como instrumento do desenvolvimento das funções psicológicas superiores. Os problemas evidenciados sobre a implantação do novo EF são também consequência da forma pela qual o poder público prescreve, como em leis e normas, mas não provê, indicando a necessidade de debates sobre qual é, de fato, nosso projeto para a educação da infância.The transition from Childhood Education (Educação Infantil EI) to Elementary School (Ensino Fundamental EF) is the topic of this study, which presents as main objective to analyze this passage from the perspective of their main characters, the children and teachers. The Brazilian Law number 11.274/06 has broadened the duration of EF to 9 years, having children entering at 6 years old; and the official documents prescribe that the transition from EI to EF shall not happen in an abrupt way, because it is a potential moment of breaches and crises which may interfere on the child s bio-psychological development. Such moment shall be lived in the most productive way possible. In this sense, the issue on this research has been formulated in the following way: How has the process of school transaction from EI to the nine-year EF taken place in both schools segment?. The specific objects are: (i) analyzing the children s interpretation on their experiences in EI and EF, (ii) identifying the teachers actions regarding the passage from EI to EF; and (iii) identifying the teachers conceptions on the mandatory entrance of six-year-old children in EF. The method, of qualitative nature, is based on the school transition process, which happens in two moments: Phase I, completed with a group of 10 children between 5 and 6 years old in a Childhood Education Municipal School (Escola Municipal de Educação Infantil EMEI); Phase II, completed with 4 children who were part of the previous EI group, but who now are in the 1st year of EF in an Elementary Municipal School (Escola Municipal de Ensino Fundamental EMEF), aged between 6 and 7 years old. The research instruments have been: (i) documental analysis (of the pedagogical projects in EMEI and EMEF), (ii) questionnaire for the parents, (iii), participative observation, (iv) semi-structured interview with teachers in EMEI and EMEF, (v) (reflexive and narrative) interview with the children; and (vi) drawing. The empirical material has been recorded in video and there was a daily field registration, besides, the drawings produced by the children have been kept. The results of the research indicate the absence of reciprocal references about the school transaction in both school units, which do not exist on the pedagogical projects and on the school day-by-day. There is not a systematic work on the children s future lives in EMEI; their entrance on the EMEFs is only mentioned when the children show curiosity about their new school. They know the new school will be different, and they want to change, most likely because the elementary school is socially valued. Also, in EMEF, there are few references on the children s previous lives, and it is as if a new child was born, who must adjust to the new reality through silence and body control. In this scenario, the playing, which, in the Historical-cultural theory, is the main activity of the child, is cramped. Because of the breach, the lack of articulation and of continuity in the pedagogical work, some children have signed suffering in the process of adaptation; and others, subverting the established order, have presented frequent small playful episodes during classes, somehow attenuating the loss of playing. EI and EF children give a great importance to playing; and a systematic work on the school transaction would cause relevant contributions, moreover in EF, where there is the diminution of playful activities. Therefore there is an urgent need of articulating actions between EI and EF and investing on the initial and ongoing formation of teachers, mainly regarding playful activities from the Historical-cultural theory point of view, especially when these activities are considered to be the instrument for developing superior psychological functions. The problems noticed on the implementation of the new nine-year EF are also a consequence of how the public agencies prescribe, as in laws and regulations, but do not provide, which indicates the need for debates on what our education project for childhood really is.porPUC-Campinasensino fundamental de 9 anoseducação infantiltransição escolarteoria histórico-culturalpesquisa com criançasatividade lúdicanine-year elementary schoolchildhood educationschool transactionhistorical-cultural theoryresearch with childrenplayful activityFaz de conta que eu cresci: o processo de transição da educação infantil para o ensino fundamentalinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da PUC_CAMPINASinstname:Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-CAMPINAS)instacron:PUC_CAMP5277455644761315Azevedo, Heloisa Helena Oliveira deMello, Maria Aparecida47045066672559158338726751746542CCHSA – Centro de Ciências Humanas e Sociais AplicadasPrograma de Pós-Graduação em EducaçãoORIGINALcchsa_ppgedu_me_Adriana_ZM.pdfcchsa_ppgedu_me_Adriana_ZM.pdfapplication/pdf4869381http://repositorio.sis.puc-campinas.edu.br/xmlui/bitstream/123456789/15493/1/cchsa_ppgedu_me_Adriana_ZM.pdff8d08785c07c31b8bf88c6a2a1298c1aMD51123456789/154932022-09-02 11:36:29.415oai:repositorio.sis.puc-campinas.edu.br:123456789/15493Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://tede.bibliotecadigital.puc-campinas.edu.br:8080/jspui/http://tede.bibliotecadigital.puc-campinas.edu.br:8080/oai/requestsbi.bibliotecadigital@puc-campinas.edu.b||sbi.bibliotecadigital@puc-campinas.edu.bropendoar:48862022-09-02T14:36:29Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da PUC_CAMPINAS - Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-CAMPINAS)false |
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A transição da Educação Infantil (EI) para o Ensino Fundamental (EF) foi o tema deste trabalho, que apresentou como principal objetivo analisar essa passagem na perspectiva de seus protagonistas, as crianças e os professores. A Lei n° 11.274/06 ampliou a duração do EF para 9 anos com ingresso da criança aos seis anos de idade e os documentos oficiais prescrevem que a transição da EI para o EF não ocorra de maneira abrupta, pois é um momento potencial de rupturas e crises que incidem sobre o desenvolvimento biopsicológico da criança, devendo ser vivenciada de maneira mais produtiva possível. Assim, o problema da presente pesquisa foi formulado da seguinte maneira: Como se tem constituído o processo de transição escolar da EI para o EF de nove anos em instituições de ambos segmentos? . Os objetivos específicos foram: (i) analisar as interpretações das crianças sobre suas experiências na EI e no EF, (ii) identificar as ações das professoras relativas à passagem da EI para o EF e (iii) identificar as concepções das professoras sobre a obrigatoriedade do ingresso da criança de seis anos no EF. O método, de natureza qualitativa, foi constituído no processo de transição escolar, ocorrida em dois momentos: Fase I, realizada com um grupo de 10 crianças de 5 e 6 anos de idade de uma Escola Municipal de Educação Infantil (EMEI); Fase II, feita com 4 crianças do grupo da EI, mas, agora, ingressantes do 1º ano do EF de uma Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF), com idades entre 6 e 7 anos. Os instrumentos de pesquisa foram: (i) análise documental (projetos pedagógicos da EMEI e da EMEF), (ii) questionário com os pais, (iii), observação participante, (iv) entrevista semiestruturada com as professoras da EMEI e da EMEF, (v) entrevista com as crianças (reflexiva e narrativa) e (vi) produção de desenhos. O material empírico foi videogravado e houve o registro em diário de campo e também de desenhos produzidos pelas crianças. Os resultados da pesquisa indicaram ausências de referências recíprocas sobre a transição escolar em ambas as instituições de ensino, inexistentes nos projetos pedagógicos e no cotidiano escolar. Não há um trabalho sistemático sobre a vida futura das crianças na EMEI; menções quanto ao seu ingresso em EMEFs são feitas apenas quando elas manifestam curiosidade sobre a nova escola. As crianças sabem que a nova escola será diferente e querem mudar, muito provavelmente porque a escola de ensino fundamental é socialmente valorizada. Também na EMEF, há poucas referências à vida pregressa das crianças, pois é como se nascesse uma nova criança, que tem que se ajustar à nova realidade por meio do silêncio e do controle corporal. Nesse cenário, tolhe-se o brincar, que dentro da Teoria Histórico-Cultural, é a principal atividade da criança. Em função da ruptura, da desarticulação e descontinuidade do trabalho pedagógico, algumas crianças sinalizaram sofrimento no processo de adaptação e outras, subvertendo a ordem estabelecida, realizaram frequentes microepisódios lúdicos em sala de aula, de certo modo, atenuando a perda do brincar. As crianças da EI e do EF atribuem grande importância ao brincar e um trabalho sistemático sobre a transição escolar traria contribuições relevantes, sobretudo no EF, onde há o esmaecimento da atividade lúdica. Portanto, urge a necessidade de ações articuladoras entre a EI e o EF e o investimento na formação inicial e continuada de docentes, principalmente no que diz respeito à atividade lúdica à luz da Teoria Histórico-Cultural, sobretudo, quando se considera esta atividade como instrumento do desenvolvimento das funções psicológicas superiores. Os problemas evidenciados sobre a implantação do novo EF são também consequência da forma pela qual o poder público prescreve, como em leis e normas, mas não provê, indicando a necessidade de debates sobre qual é, de fato, nosso projeto para a educação da infância. |
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