Território, Língua e Literatura Oral na Amazônia

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Freire, José Ribamar Bessa
Data de Publicação: 2012
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Habitus
Texto Completo: https://seer.pucgoias.edu.br/index.php/habitus/article/view/2010
Resumo: Resumo: Na Amazônia, durante muitos séculos, os povos indígenas demarcaram seus respectivos territórios, tendo como um dos critérios, as línguas que eram ali faladas, portadoras de narrativas orais, de conhecimentos e de memória. A chegada do europeu acabou por validar tal critério. Durante todo o período colonial, as línguas europeias avançaram de forma muito lenta, demarcando elas também o seu território. Ao longo desse período, a Língua Geral se expandiu e só começou a declinar na segunda metade do século XIX, justamente quando vários tupinólogos se dedicaram a estudar sua função social, sua importância e a literatura oral que ela veiculava, fascinados pelas narrativas indígenas. Um deles foi o Conde Ermanno Stradelli (1852-1926), que viveu 43 anos na região, elaborou um dicionário Nheengatu-Português e Português-Nheengatu, coletou e publicou narrativas míticas e inúmeros textos em jornais e revistas especializadas da Itália e do Brasil. O Nheengatu, conhecido também como Língua Geral Amazônica (LGA), foi declarado, em 2002, língua coofi cial do município de São Gabriel da Cachoeira (AM). Pretendemos discutir aqui as políticas que contribuíram para o destino dessa e de centenas de línguas amazônicas, bem como refl etir sobre a literatura oral coletada por Stradelli, destacando o seu valor como portadora de etnoconhecimentos, como lugar de memória e como patrimônio imaterial. Nenhuma língua primitiva do mundo, nem mesmo o sânscrito, ocupou tão grande extensão geográfi ca como o tupi e seus dialetos; com efeito, desde o Amapá até ao Rio da Prata [...] desde o Cabo de São Roque até ao Javari, [...] estão, nos nomes dos lugares, das plantas, dos rios e das tribos indígenas [...] os imperecedores vestígios dessa língua (COUTO DE MAGALH�ES, 1876a). Palavras-chave: Território. Língua. Literatura oral. Amazônia.
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