PEDRAS ARTESÃS: MATERIALIDADE, TECNOLOGIAS E MOBILIDADES DAS PANELAS DE PEDRA-SABÃO EM MINAS GERAIS
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2019 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Habitus |
Texto Completo: | https://seer.pucgoias.edu.br/index.php/habitus/article/view/7431 |
Resumo: | A ampla utilização da pedra-sabão na arquitetura em Minas Gerais no período colonial relegou às panelas pedra-sabão um lugar marginal, vistos como objetos mundanos e comuns, oriundos dos trabalhos manuais e ofícios banais que existiam e, no caso dos artesãos paneleiros, permanecem até hoje. Atualmente, além da produção e comércio, esses artefatos se encontram em museus, coleções particulares e sítios arqueológicos da região. De uma maneira geral, as panelas, sua produção e seus produtores são associados a uma identidade regional e nacional, vinculada às artes, ao Barroco mineiro e a Aleijadinho. As panelas são consideradas majoritariamente como contentoras de significados porem, não recebem a devida atenção no que se refere às agencias, nuances e gradações de suas relações. Essas associações diretas acabam por desconsiderar ou reduzir a participação de outros agentes ou seres, como é o caso dos artesãos paneleiros e das próprias panelas. O exercício central consiste na construção da história de vida dessa população de artefatos, partindo de suas materialidades e abordando a permuta de propriedades entre pessoas humanas e coisas. Assim, surgiram apontamentos sobre as maneiras como elas ressoam e compõem o coletivo, entendido como alargamento do termo social e aplicado aos diferentes contextos e situações espaço-temporais. Partindo da confluência de etnografias, que envolvem a análise de coleções arqueológicas, a vivência e acompanhamento na comunidade de artesãos de Cachoeira do Brumado (Mariana) e na Feira de pedra-sabão de Ouro Preto, os processos de musealização e patrimonialização, entre outros, foi possível redefinir de maneira equânime os lugares e as participações desses agentes (artesãos e artefatos). Também vieram à tona relações de constituição mútua vividas no cotidiano, das quais as materialidades são tessituras associadas às tecnologias e mobilidades compartilhadas entre pessoas e coisas. Os modos de vida e existência e os gestos e técnicas presentes nos eventos e processos de constituição desses artefatos se manifestam coletivamente e sugerem dinâmicas das quais participam seres humanos diversos. Percebida dessa maneira, a abordagem construída segue na contramão das informações oficializadas e difundidas sobre esses artefatos, as quais historicamente vêm contribuindo com a institucionalização e naturalização de perspectivas simplistas e excludentes que têm impacto direto na vida dos seres e coletivos nas múltiplas temporalidades. A partir de perspectivas simétricas criticamente aplicadas à Arqueologia, apontamos para um abandono ontológico destes objetos – panelas de pedra-sabão – que transpassam os seres e coletivos, justificados e percebidos por meio de uma série de estigmas, tais como a desabilidade dos gestos e a inferioridade do trabalho manual. Por fim, torna-se possível refletir sobre o potencial de posições teóricas que se opõem à ditadura das ontologias binárias, além de uma aproximação da dinâmica das relações artesãos-artefatos para o contexto de produção do conhecimento científico, colocando as oficinas em patamar análogo aos laboratórios, museus e instituições de pesquisa. |
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PEDRAS ARTESÃS: MATERIALIDADE, TECNOLOGIAS E MOBILIDADES DAS PANELAS DE PEDRA-SABÃO EM MINAS GERAISArqueologia, Arqueologia histórica, Arqueologia do presente, Etnografia arqueológica, Museologia.Materialidade; Panelas de pedra-sabão; Artesãos; Arqueologia; História de Minas Gerais.A ampla utilização da pedra-sabão na arquitetura em Minas Gerais no período colonial relegou às panelas pedra-sabão um lugar marginal, vistos como objetos mundanos e comuns, oriundos dos trabalhos manuais e ofícios banais que existiam e, no caso dos artesãos paneleiros, permanecem até hoje. Atualmente, além da produção e comércio, esses artefatos se encontram em museus, coleções particulares e sítios arqueológicos da região. De uma maneira geral, as panelas, sua produção e seus produtores são associados a uma identidade regional e nacional, vinculada às artes, ao Barroco mineiro e a Aleijadinho. As panelas são consideradas majoritariamente como contentoras de significados porem, não recebem a devida atenção no que se refere às agencias, nuances e gradações de suas relações. Essas associações diretas acabam por desconsiderar ou reduzir a participação de outros agentes ou seres, como é o caso dos artesãos paneleiros e das próprias panelas. O exercício central consiste na construção da história de vida dessa população de artefatos, partindo de suas materialidades e abordando a permuta de propriedades entre pessoas humanas e coisas. Assim, surgiram apontamentos sobre as maneiras como elas ressoam e compõem o coletivo, entendido como alargamento do termo social e aplicado aos diferentes contextos e situações espaço-temporais. Partindo da confluência de etnografias, que envolvem a análise de coleções arqueológicas, a vivência e acompanhamento na comunidade de artesãos de Cachoeira do Brumado (Mariana) e na Feira de pedra-sabão de Ouro Preto, os processos de musealização e patrimonialização, entre outros, foi possível redefinir de maneira equânime os lugares e as participações desses agentes (artesãos e artefatos). Também vieram à tona relações de constituição mútua vividas no cotidiano, das quais as materialidades são tessituras associadas às tecnologias e mobilidades compartilhadas entre pessoas e coisas. Os modos de vida e existência e os gestos e técnicas presentes nos eventos e processos de constituição desses artefatos se manifestam coletivamente e sugerem dinâmicas das quais participam seres humanos diversos. Percebida dessa maneira, a abordagem construída segue na contramão das informações oficializadas e difundidas sobre esses artefatos, as quais historicamente vêm contribuindo com a institucionalização e naturalização de perspectivas simplistas e excludentes que têm impacto direto na vida dos seres e coletivos nas múltiplas temporalidades. A partir de perspectivas simétricas criticamente aplicadas à Arqueologia, apontamos para um abandono ontológico destes objetos – panelas de pedra-sabão – que transpassam os seres e coletivos, justificados e percebidos por meio de uma série de estigmas, tais como a desabilidade dos gestos e a inferioridade do trabalho manual. Por fim, torna-se possível refletir sobre o potencial de posições teóricas que se opõem à ditadura das ontologias binárias, além de uma aproximação da dinâmica das relações artesãos-artefatos para o contexto de produção do conhecimento científico, colocando as oficinas em patamar análogo aos laboratórios, museus e instituições de pesquisa.Editora da PUC GoiásMelquíades, Vinícius2019-08-27info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttps://seer.pucgoias.edu.br/index.php/habitus/article/view/743110.18224/hab.v17i1.7431Revista Habitus - Revista do Instituto Goiano de Pré-História e Antropologia; v. 17, n. 1 (2019); 253-2541983-779810.18224/hab.v17.1.2019reponame:Habitusinstname:Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO)instacron:PUC-GOporhttps://seer.pucgoias.edu.br/index.php/habitus/article/view/7431/4145Direitos autorais 2019 Vinícius Melquíadeshttp://creativecommons.org/licenses/by-nd/4.0info:eu-repo/semantics/openAccess2021-02-26T15:52:28Zoai:ojs.seer.pucgoias.edu.br:article/7431Revistahttp://seer.pucgoias.edu.br/index.php/habitus/indexPRIhttps://seer.pucgoias.edu.br/index.php/habitus/oaihabitus@pucgoias.edu.br||sibeli@pucgoias.edu.br|| felixpadua@gmail.com1983-77981678-6475opendoar:2021-02-26T15:52:28Habitus - Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO)false |
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