HERÓIS EM CENA: A CONSTRUÇÃO PARADIGMÁTICA CONTRACULTUAL DA MESOCRISTOLOGIA JOANINA.
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2018 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Caminhos (Goiânia. Online) |
Texto Completo: | https://seer.pucgoias.edu.br/index.php/caminhos/article/view/6769 |
Resumo: | Esta investigação tem como objeto de pesquisa a homologese (confissão) da encarnação do herói, em Jo 1,14. Utilizando-se de um referencial metodológico analítico diacrônico-sincrônico do tipo pendular, objetiva-se efetuar o rastreamento exegético-reconstitutivo do conteúdo cristológico implícito em Jo 1,14 e a sua interface com o contexto sociorreligioso vivenciado pelos grupos joaninos. Diante desta demanda, a hipótese a ser demonstrada é que o discurso da encarnação do herói joanino, estruturado dentro de uma poética sequencial do prólogo, repercute a saga cristológica da comunidade e revela a configuração genético-noemática da mesocristologia joanina. Trata-se de um modelo protocristológico que se faz construção heterotópica e teo-política em relação à apoteose romana, e, por conseguinte, estabelece-se como construto cristolátrico, cristocêntrico e paradigmático em relação ao culto imperial e às estruturas teatrocráticas engendradas neste. O alcance desta hipótese arquiteta-se, por sua vez, a partir do enredo poético kierkegaardiano, no qual, categorias analíticas como o herói, o teatro e o poeta encontram-se imbricadas em cena. Nesse contexto, a empresa reconstitutiva da saga cristológica do herói joanino desenha-se na trilha hermenêutica da indecidibilidade e da imaginação criativa, nutrindo-se, sobretudo, da teoria das fontes de Senén Vidal e do referencial heterotopológico foucaultiano, o qual permitiu-nos visibilizar cada passo cristológico da comunidade contingencialmente explicitado na trama de cada capítulo a partir do enredo metafórico do barco joanino a navegar no mar do cosmos-Império. À luz do enredo foucaultiano, no primeiro capítulo, emerge-se de forma direta no primeiro passo da saga. Este trata acerca do herói-rei e o reino. Nessa trama, tendo como referencial exegético as Tradições Básicas joaninas e, sobretudo, o fragmento Jo 18,36, versa-se acerca do processo de construção da cristológica real joanina, a partir dos paradigmas do herói-rei e sua basileia, visibilizando-se, neste encadeamento, o background de contingências, desafios e efeitualidades que se relacionam com este momento incipiente da história dos grupos joaninos. Nesse encadeamento se delineia a tese de que o conteúdo cristológico do fragmento textual Jo 18,36, subsidiado pela anamnese monumental do herói-rei, evidencia a maturação e consolidação de um processo de ressignificação do messianismo davídico popular joanino e, por conseguinte, postula, a partir de uma síntese dialética entre os substratos cristológicos do rei e da basileia, a complexa e incipiente dynamis construcional paradigmática do modelo protocristológico real joanino. Diante do círculo concêntrico em que se materializa o cosmos no QE, o teor ressignificado da cristologia real joanina, de um lado, visibiliza o viés heterotópico dos grupos joaninos perante as práticas de dominação do Império Romano, de outro, se configura como vetor dos embates messianológicos com o judaísmo rabínico e consequentemente como elemento catalisador da expulsão dos grupos joaninos da sinagoga. O segundo capítulo, por sua vez, remete ao segundo passo da saga. Este revela a interface entre o herói e a glória. Neste contexto, tendo como referencial exegético o fragmento hínico-poético Jo 1,1, versa-se acerca da dinâmica de elaboração da cristologia da glória do herói joanino. Diante deste tablado, objetiva-se evocar fundamentalmente, a partir do cruzamento imagético-simbólico (Jesus-César), uma arqueologia da glória, que por sua vez, evidencie as instâncias e fios paradoxais que orbitam o processo prototípico de construção da divindade e do culto a Júlio César, e a dynamis de compreensão acerca da divindade e da devoção ao Jesus joanino. Nessa trama epistêmica, os substratos arqueológicos coletados em terras italianas e gregas configuram-se em alicerces históricos ratificadores da hipótese proposta. Nesse trajeto se delineia a tese de que na dinâmica poética do prólogo joanino, os três atos do drama cosmológico do herói, em Jo 1,1 (Jo 1,1a; Jo 1,1b; Jo 1,1c), evidenciam a construção paradigmática do modelo protocristológico da glória, no qual o herói joanino é compreendido como Theos diante de uma atmosfera de pressão cultual sob Domiciano. Este modelo protocristológico, por sua vez, designa a estruturação de uma plataforma protocultual neomonoteísta de cunho ideológico anti-idolátrico e anti-politeísta diante de um iceberg piramidal cultual teatrocrático gestado matricialmente em César e travestido no culto domiciano. Por fim, o terceiro e último capítulo aborda o passo final da saga cristológica joanina. Este revela a relação entre o herói, o reino e a glória. Nessa paisagem textual, tendo como referencial exegético Jo 1,14, trata-se acerca da construção genético-paradigmática do modelo protocristológico mesocristológico, das suas implicações em relação à apoteose romana e a instituição paradigmática do culto imperial no seio joanino, bem como da história dos efeitos e sintagmas intrínsecos ao caráter heterotópico da mesocristologia joanina. Neste último passo se evidencia a tese principal de que este neoprotótipo cristológico sintético, no qual os modelos cristológicos real/horizontal e da glória/vertical orbitam e se ressignificam dialeticamente, institui-se como construção heterotópica e teo-política em relação aos ritos de apoteose romana, e, por conseguinte, se estabelece como construto cristolátrico, cristocêntrico e paradigmático em relação ao culto imperial e às teias teatrocráticas imbricadas neste. Esta tese, por sua vez, tem como escopo basilar explicitar que o cristianismo originário joanino instaura-se como protótipo cristológico-cultual cristolátrico que kerigmatiza e reivindica uma práxis devocional centralizada em Jesus. Nesse sentido, a gens mesocristológica, implícita no discurso encarnacional do herói joanino, implanta-se como construto homologético paradigmático em relação a qualquer práxis divinizante e cultual, forjada teatrocraticamente sob dispositivos hermenêuticos não cristocêntricos ao longo da história. Este modelo investigativo nos permite questionar em que proporção o protótipo paradigmático devocional e, por conseguinte, contracultual joanino tem sido subvertido ou negligenciado, por uma parte, pelas dinâmicas e faces do poder que continuam a fabricar devotos, deuses-heróis e seus respectivos cultos no decorrer dos tempos e sociedades; por outra parte, na medida em que, antigas e novas dinâmicas devocionais e cultuais de caráter não cristocêntrico, a partir de uma apropriação prototípico-simbólica gestada em César, tem se estabelecido mimeticamente na história eclesiástica dos cristianismos ao longo dos tempos. |
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Trata-se de um modelo protocristológico que se faz construção heterotópica e teo-política em relação à apoteose romana, e, por conseguinte, estabelece-se como construto cristolátrico, cristocêntrico e paradigmático em relação ao culto imperial e às estruturas teatrocráticas engendradas neste. O alcance desta hipótese arquiteta-se, por sua vez, a partir do enredo poético kierkegaardiano, no qual, categorias analíticas como o herói, o teatro e o poeta encontram-se imbricadas em cena. Nesse contexto, a empresa reconstitutiva da saga cristológica do herói joanino desenha-se na trilha hermenêutica da indecidibilidade e da imaginação criativa, nutrindo-se, sobretudo, da teoria das fontes de Senén Vidal e do referencial heterotopológico foucaultiano, o qual permitiu-nos visibilizar cada passo cristológico da comunidade contingencialmente explicitado na trama de cada capítulo a partir do enredo metafórico do barco joanino a navegar no mar do cosmos-Império. À luz do enredo foucaultiano, no primeiro capítulo, emerge-se de forma direta no primeiro passo da saga. Este trata acerca do herói-rei e o reino. Nessa trama, tendo como referencial exegético as Tradições Básicas joaninas e, sobretudo, o fragmento Jo 18,36, versa-se acerca do processo de construção da cristológica real joanina, a partir dos paradigmas do herói-rei e sua basileia, visibilizando-se, neste encadeamento, o background de contingências, desafios e efeitualidades que se relacionam com este momento incipiente da história dos grupos joaninos. Nesse encadeamento se delineia a tese de que o conteúdo cristológico do fragmento textual Jo 18,36, subsidiado pela anamnese monumental do herói-rei, evidencia a maturação e consolidação de um processo de ressignificação do messianismo davídico popular joanino e, por conseguinte, postula, a partir de uma síntese dialética entre os substratos cristológicos do rei e da basileia, a complexa e incipiente dynamis construcional paradigmática do modelo protocristológico real joanino. Diante do círculo concêntrico em que se materializa o cosmos no QE, o teor ressignificado da cristologia real joanina, de um lado, visibiliza o viés heterotópico dos grupos joaninos perante as práticas de dominação do Império Romano, de outro, se configura como vetor dos embates messianológicos com o judaísmo rabínico e consequentemente como elemento catalisador da expulsão dos grupos joaninos da sinagoga. O segundo capítulo, por sua vez, remete ao segundo passo da saga. Este revela a interface entre o herói e a glória. Neste contexto, tendo como referencial exegético o fragmento hínico-poético Jo 1,1, versa-se acerca da dinâmica de elaboração da cristologia da glória do herói joanino. Diante deste tablado, objetiva-se evocar fundamentalmente, a partir do cruzamento imagético-simbólico (Jesus-César), uma arqueologia da glória, que por sua vez, evidencie as instâncias e fios paradoxais que orbitam o processo prototípico de construção da divindade e do culto a Júlio César, e a dynamis de compreensão acerca da divindade e da devoção ao Jesus joanino. Nessa trama epistêmica, os substratos arqueológicos coletados em terras italianas e gregas configuram-se em alicerces históricos ratificadores da hipótese proposta. Nesse trajeto se delineia a tese de que na dinâmica poética do prólogo joanino, os três atos do drama cosmológico do herói, em Jo 1,1 (Jo 1,1a; Jo 1,1b; Jo 1,1c), evidenciam a construção paradigmática do modelo protocristológico da glória, no qual o herói joanino é compreendido como Theos diante de uma atmosfera de pressão cultual sob Domiciano. Este modelo protocristológico, por sua vez, designa a estruturação de uma plataforma protocultual neomonoteísta de cunho ideológico anti-idolátrico e anti-politeísta diante de um iceberg piramidal cultual teatrocrático gestado matricialmente em César e travestido no culto domiciano. Por fim, o terceiro e último capítulo aborda o passo final da saga cristológica joanina. Este revela a relação entre o herói, o reino e a glória. Nessa paisagem textual, tendo como referencial exegético Jo 1,14, trata-se acerca da construção genético-paradigmática do modelo protocristológico mesocristológico, das suas implicações em relação à apoteose romana e a instituição paradigmática do culto imperial no seio joanino, bem como da história dos efeitos e sintagmas intrínsecos ao caráter heterotópico da mesocristologia joanina. Neste último passo se evidencia a tese principal de que este neoprotótipo cristológico sintético, no qual os modelos cristológicos real/horizontal e da glória/vertical orbitam e se ressignificam dialeticamente, institui-se como construção heterotópica e teo-política em relação aos ritos de apoteose romana, e, por conseguinte, se estabelece como construto cristolátrico, cristocêntrico e paradigmático em relação ao culto imperial e às teias teatrocráticas imbricadas neste. Esta tese, por sua vez, tem como escopo basilar explicitar que o cristianismo originário joanino instaura-se como protótipo cristológico-cultual cristolátrico que kerigmatiza e reivindica uma práxis devocional centralizada em Jesus. Nesse sentido, a gens mesocristológica, implícita no discurso encarnacional do herói joanino, implanta-se como construto homologético paradigmático em relação a qualquer práxis divinizante e cultual, forjada teatrocraticamente sob dispositivos hermenêuticos não cristocêntricos ao longo da história. 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Nessa trama, tendo como referencial exegético as Tradições Básicas joaninas e, sobretudo, o fragmento Jo 18,36, versa-se acerca do processo de construção da cristológica real joanina, a partir dos paradigmas do herói-rei e sua basileia, visibilizando-se, neste encadeamento, o background de contingências, desafios e efeitualidades que se relacionam com este momento incipiente da história dos grupos joaninos. Nesse encadeamento se delineia a tese de que o conteúdo cristológico do fragmento textual Jo 18,36, subsidiado pela anamnese monumental do herói-rei, evidencia a maturação e consolidação de um processo de ressignificação do messianismo davídico popular joanino e, por conseguinte, postula, a partir de uma síntese dialética entre os substratos cristológicos do rei e da basileia, a complexa e incipiente dynamis construcional paradigmática do modelo protocristológico real joanino. Diante do círculo concêntrico em que se materializa o cosmos no QE, o teor ressignificado da cristologia real joanina, de um lado, visibiliza o viés heterotópico dos grupos joaninos perante as práticas de dominação do Império Romano, de outro, se configura como vetor dos embates messianológicos com o judaísmo rabínico e consequentemente como elemento catalisador da expulsão dos grupos joaninos da sinagoga. O segundo capítulo, por sua vez, remete ao segundo passo da saga. Este revela a interface entre o herói e a glória. Neste contexto, tendo como referencial exegético o fragmento hínico-poético Jo 1,1, versa-se acerca da dinâmica de elaboração da cristologia da glória do herói joanino. Diante deste tablado, objetiva-se evocar fundamentalmente, a partir do cruzamento imagético-simbólico (Jesus-César), uma arqueologia da glória, que por sua vez, evidencie as instâncias e fios paradoxais que orbitam o processo prototípico de construção da divindade e do culto a Júlio César, e a dynamis de compreensão acerca da divindade e da devoção ao Jesus joanino. Nessa trama epistêmica, os substratos arqueológicos coletados em terras italianas e gregas configuram-se em alicerces históricos ratificadores da hipótese proposta. Nesse trajeto se delineia a tese de que na dinâmica poética do prólogo joanino, os três atos do drama cosmológico do herói, em Jo 1,1 (Jo 1,1a; Jo 1,1b; Jo 1,1c), evidenciam a construção paradigmática do modelo protocristológico da glória, no qual o herói joanino é compreendido como Theos diante de uma atmosfera de pressão cultual sob Domiciano. Este modelo protocristológico, por sua vez, designa a estruturação de uma plataforma protocultual neomonoteísta de cunho ideológico anti-idolátrico e anti-politeísta diante de um iceberg piramidal cultual teatrocrático gestado matricialmente em César e travestido no culto domiciano. Por fim, o terceiro e último capítulo aborda o passo final da saga cristológica joanina. Este revela a relação entre o herói, o reino e a glória. Nessa paisagem textual, tendo como referencial exegético Jo 1,14, trata-se acerca da construção genético-paradigmática do modelo protocristológico mesocristológico, das suas implicações em relação à apoteose romana e a instituição paradigmática do culto imperial no seio joanino, bem como da história dos efeitos e sintagmas intrínsecos ao caráter heterotópico da mesocristologia joanina. Neste último passo se evidencia a tese principal de que este neoprotótipo cristológico sintético, no qual os modelos cristológicos real/horizontal e da glória/vertical orbitam e se ressignificam dialeticamente, institui-se como construção heterotópica e teo-política em relação aos ritos de apoteose romana, e, por conseguinte, se estabelece como construto cristolátrico, cristocêntrico e paradigmático em relação ao culto imperial e às teias teatrocráticas imbricadas neste. Esta tese, por sua vez, tem como escopo basilar explicitar que o cristianismo originário joanino instaura-se como protótipo cristológico-cultual cristolátrico que kerigmatiza e reivindica uma práxis devocional centralizada em Jesus. Nesse sentido, a gens mesocristológica, implícita no discurso encarnacional do herói joanino, implanta-se como construto homologético paradigmático em relação a qualquer práxis divinizante e cultual, forjada teatrocraticamente sob dispositivos hermenêuticos não cristocêntricos ao longo da história. Este modelo investigativo nos permite questionar em que proporção o protótipo paradigmático devocional e, por conseguinte, contracultual joanino tem sido subvertido ou negligenciado, por uma parte, pelas dinâmicas e faces do poder que continuam a fabricar devotos, deuses-heróis e seus respectivos cultos no decorrer dos tempos e sociedades; por outra parte, na medida em que, antigas e novas dinâmicas devocionais e cultuais de caráter não cristocêntrico, a partir de uma apropriação prototípico-simbólica gestada em César, tem se estabelecido mimeticamente na história eclesiástica dos cristianismos ao longo dos tempos. |
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