A Arquitetura vernácula rural no momento contemporâneo: exemplo da casa do Manso

• Autor(a) principal: Morais, Fabíola Arantes de
• Data de Publicação: 2003
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da PUC_GOAIS (TEDE-PUC Goiás)
• Texto Completo: http://tede2.pucgoias.edu.br:8080/handle/tede/4591
• topic: arquitetura vernacular rural, usina hidrelétrica, bacias dos rios Manso, Casca e Quilombo, transmissão de energia, impactos na natureza; CIÊNCIAS HUMANAS: ANTROPOLOGIA

O presente trabalho tem origem nas conclusões de dois projetos de RESGATE DE PATRIMÔNIO CULTURAL ARQUITETÔNICO que integraram os respectivos projetos de RESGATE DO PATRIMÔNIO CULTURAL formulados por equipes de pesquisadores do IGPA (Instituto Goiano de Pré-história e Antropologia/ UCG), que teve na região centro –sul do estado do Mato Grosso. Ambos os projetos estão relacionados à construção de uma usina hidrelétrica nas bacias dos rios Manso, Casca e Quilombo detendo-se nos respectivos impactos que as obras de construção do lago reservatório da usina e, posteriormente, da linha de transmissão de energia da usina até a estação de Nobres tiveram sobre a população local. Embora tais impactos sejam de natureza distintas, posto que a população da área do lago teve de ser transferida enquanto a da linha de transmissão pôde permanecer em suas casas, ambos os projetos foram trabalhados numa perspectiva que suscitasse questões de interesse não só para as populações diretamente afetadas, mas também de forma a reunir informações e permitir reflexões que colocassem em questão os próprios conceitos da arquitetura e suas formas correntes de consideração do edifício de uma maneira geral e da casa e os valores culturais que esta encerra, de maneira específica. Dessa forma, tornou-se importante estabelecer uma discussão sobre alguns dos pressupostos da arquitetura moderna, especialmente sua face industrial e científica assumida ao longo do século 20, posto que a arquitetura encontrada na região do lago da usina é, em sua especificidade, vernacular rural, e em muitas características, oposta à arquitetura urbana. Essa diferença se traduz não só na construção, mas também na interpretação desses espaços construídos. Na primeira parte dessa dissertação, a que se ocupa das casas da região posteriormente inundada pelas águas do lago reservatório da usina, trabalhou-se numa perspectiva tecnicamente descritiva procurando-se estabelecer conexões entre as soluções construtivas e os condicionantes imperiosos como meio ambiente e herança cultural e, em seguida, entre essas soluções e o hábito de seus moradores. Na Segunda parte, teve lugar uma reflexão a partir das casas situadas ao longo da Linha de Transmissão sendo estas tidas como estando numa situação intermediária e de fronteira entre as casas da região do lago e as casas da periferia das grandes cidades. Estas marcas de transformação, às vezes anotadas de forma muito lenta, são abstraídas das formas arquitetônicas através da utilização de parâmetros tomados emprestados da arqueologia através da utilização de alguns métodos de análise que essa disciplina empenha sobre os vestígios arquitetônicos. Os valores da arquitetura moderna e sua situação contemporânea de paradigmas que se avizinham e outras que já estão em pleno curso abrem, dentro dessa matéria, uma possibilidade de percepção de questões sociais persistentes, oriundas dos impactos que sucedem ao impacto de uma grande obra, ou seja, o impacto que uma população deslocada para assentamento ou absorvida por grandes cidades, sofre e provoca. Qualquer discussão sobre o Patrimônio Cultural envolve um sistema de valores que se perpetuam em monumentos e obras, mas que também se transformam ou desaparecem levando consigo modos de lidar com a vida, com os outros e com o mundo. Trabalhar com esse acervo de informações de uma maneira que possibilite à população estudada, refletir sobre si mesma, suas atitudes refletem em sua qualidade de vida, nos parece um dos caminhos mais construtivos da pesquisa científica.