IMAGENS PARA O COLAPSO ECOLÓGICO: A NEGAÇÃO COMO SENSIBILIDADE MODERNA

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: RACHEL PIRES DO REGO
Data de Publicação: 2022
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da PUC-RIO (Projeto Maxwell)
Texto Completo: https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=60817@1
https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=60817@2
Resumo: A presente dissertação percorre a exposição Zonas Críticas: observatório para políticas terrestres, com curadoria de Bruno Latour e Peter Weibel (2020), que aborda a oposição entre as ideias de Globo e de Zona Crítica –, apontando para formas distintas de pertencimento e agência no contexto do colapso ecológico. A partir da exposição e das imagens por ela mobilizadas ao longo de seis seções, analiso o modo como a incongruência entre o que Latour chama de os territórios dos quais dependemos e aqueles nos quais de fato vivemos existe não apenas como um sintoma de desconexão, insensibilidade ou indiferença, como argumenta o autor, mas também como resultado de um profundo investimento psíquico, afetivo e desejante dos sujeitos modernos que mediam suas relações com o mundo através do privilégio da negligência e da falta de cuidado com as condições que possibilitam suas existências, minimizando inseguranças e incômodos na busca por estabilidade. Proponho que essa desconexão é uma forma particular de negação, que não representa uma inflexão ou ponto fora da curva da trajetória moderna, mas antes nos mantém apegados à fantasia dessa modernidade como horizonte de possibilidades. Nesse sentido, investigo os entraves ao movimento de aterragem proposto pela exposição e a falta de perspectivas futuras não como consequências de uma incapacidade imaginativa ou paralisia, mas como uma insistência em direcionar os nossos desejos e sensibilidades para soluções supostamente fáceis, que na verdade inviabilizam o luto e o desapego dos vínculos que nos prendem a um mundo já em ruínas – cujo apelo ainda parece irresistível. Ficar com a negação, no sentido mobilizado por Donna Haraway ao afirmar que devemos ficar com o problema, aparece enquanto estratégia para reconhecermos as contradições que atravessam os sujeitos, a fim de não mais suprimi-las, e sim, compreender como elas têm sido mobilizadas politicamente enquanto oportunidades de corroborar fantasias de ordem e estabilidade que seguem, paradoxalmente, retardando o enfrentamento do colapso ecológico.
id PUC_RIO-1_94db395708b573357e4692336926bc17
oai_identifier_str oai:MAXWELL.puc-rio.br:60817
network_acronym_str PUC_RIO-1
network_name_str Repositório Institucional da PUC-RIO (Projeto Maxwell)
repository_id_str 534
spelling info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisIMAGENS PARA O COLAPSO ECOLÓGICO: A NEGAÇÃO COMO SENSIBILIDADE MODERNAIMAGES FOR THE ECOLOGICAL COLLAPSE: DENIAL AS A MODERN SENSIBILITY2022-09-16DEBORAH DANOWSKI55320600704lattes.cnpq.br/1025380440209314DEBORAH DANOWSKIALYNE DE CASTRO COSTAALYNE DE CASTRO COSTAALYNE DE CASTRO COSTAANELISE DE CARLI05544555796lattes.cnpq.br/9664604793619194RACHEL PIRES DO REGOPONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO DE JANEIROPPG EM FILOSOFIAPUC-RioBRA presente dissertação percorre a exposição Zonas Críticas: observatório para políticas terrestres, com curadoria de Bruno Latour e Peter Weibel (2020), que aborda a oposição entre as ideias de Globo e de Zona Crítica –, apontando para formas distintas de pertencimento e agência no contexto do colapso ecológico. A partir da exposição e das imagens por ela mobilizadas ao longo de seis seções, analiso o modo como a incongruência entre o que Latour chama de os territórios dos quais dependemos e aqueles nos quais de fato vivemos existe não apenas como um sintoma de desconexão, insensibilidade ou indiferença, como argumenta o autor, mas também como resultado de um profundo investimento psíquico, afetivo e desejante dos sujeitos modernos que mediam suas relações com o mundo através do privilégio da negligência e da falta de cuidado com as condições que possibilitam suas existências, minimizando inseguranças e incômodos na busca por estabilidade. Proponho que essa desconexão é uma forma particular de negação, que não representa uma inflexão ou ponto fora da curva da trajetória moderna, mas antes nos mantém apegados à fantasia dessa modernidade como horizonte de possibilidades. Nesse sentido, investigo os entraves ao movimento de aterragem proposto pela exposição e a falta de perspectivas futuras não como consequências de uma incapacidade imaginativa ou paralisia, mas como uma insistência em direcionar os nossos desejos e sensibilidades para soluções supostamente fáceis, que na verdade inviabilizam o luto e o desapego dos vínculos que nos prendem a um mundo já em ruínas – cujo apelo ainda parece irresistível. Ficar com a negação, no sentido mobilizado por Donna Haraway ao afirmar que devemos ficar com o problema, aparece enquanto estratégia para reconhecermos as contradições que atravessam os sujeitos, a fim de não mais suprimi-las, e sim, compreender como elas têm sido mobilizadas politicamente enquanto oportunidades de corroborar fantasias de ordem e estabilidade que seguem, paradoxalmente, retardando o enfrentamento do colapso ecológico.This dissertation walks through the exhibition Critical Zones: observatory for land politics, curated by Bruno Latour and Peter Weibel (2020), which addresses the opposition between the ideas of Globe and Critical Zone - pointing to distinct forms of belonging and agency in the context of ecological collapse. Drawing on the exhibition and the images it mobilizes over six sections, I analyze how the incongruence between what Latour calls the territories we depend on and those in which we actually live exists not only as a symptom of disconnection, insensitivity, or indifference, as the author argues but also as a result of a deep psychic, affective, and desiring investment of modern subjects who mediate their relations with the world through the privileging of neglect and lack of care for the conditions that make their existence possible, minimizing insecurities and discomforts in the search for stability. I propose that this disconnection is a particular form of denial, which does not represent an inflection or a point outside the curve of the modern trajectory, but rather keeps us attached to the fantasy of this modernity as a horizon of possibilities. In this sense, I investigate the impediments to the grounding movement proposed by the exhibition and the lack of future prospects not as consequences of an imaginative incapacity or paralysis, but as an insistence on directing our desires and sensibilities toward supposedly easy solutions that actually make it impossible to mourn and detach from the bonds that bind us to an already crumbling world-whose appeal still seems irresistible. Staying with the denial, in the sense mobilized by Donna Haraway when she says that we should stay with the problem, appears as a strategy to recognize the contradictions that cross the subjects, in order to no longer suppress them, but to understand how they have been politically mobilized as opportunities to corroborate fantasies of order and stability that continue, paradoxically, delaying the confrontation of ecological collapse.PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO DE JANEIROCONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICOhttps://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=60817@1https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=60817@2porreponame:Repositório Institucional da PUC-RIO (Projeto Maxwell)instname:Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RIO)instacron:PUC_RIOinfo:eu-repo/semantics/openAccess2022-11-01T14:08:15Zoai:MAXWELL.puc-rio.br:60817Repositório InstitucionalPRIhttps://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/ibict.phpopendoar:5342022-10-11T00:00Repositório Institucional da PUC-RIO (Projeto Maxwell) - Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RIO)false
dc.title.pt.fl_str_mv IMAGENS PARA O COLAPSO ECOLÓGICO: A NEGAÇÃO COMO SENSIBILIDADE MODERNA
dc.title.alternative.en.fl_str_mv IMAGES FOR THE ECOLOGICAL COLLAPSE: DENIAL AS A MODERN SENSIBILITY
title IMAGENS PARA O COLAPSO ECOLÓGICO: A NEGAÇÃO COMO SENSIBILIDADE MODERNA
spellingShingle IMAGENS PARA O COLAPSO ECOLÓGICO: A NEGAÇÃO COMO SENSIBILIDADE MODERNA
RACHEL PIRES DO REGO
title_short IMAGENS PARA O COLAPSO ECOLÓGICO: A NEGAÇÃO COMO SENSIBILIDADE MODERNA
title_full IMAGENS PARA O COLAPSO ECOLÓGICO: A NEGAÇÃO COMO SENSIBILIDADE MODERNA
title_fullStr IMAGENS PARA O COLAPSO ECOLÓGICO: A NEGAÇÃO COMO SENSIBILIDADE MODERNA
title_full_unstemmed IMAGENS PARA O COLAPSO ECOLÓGICO: A NEGAÇÃO COMO SENSIBILIDADE MODERNA
title_sort IMAGENS PARA O COLAPSO ECOLÓGICO: A NEGAÇÃO COMO SENSIBILIDADE MODERNA
author RACHEL PIRES DO REGO
author_facet RACHEL PIRES DO REGO
author_role author
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv DEBORAH DANOWSKI
dc.contributor.advisor1ID.fl_str_mv 55320600704
dc.contributor.advisor1Lattes.fl_str_mv lattes.cnpq.br/1025380440209314
dc.contributor.referee1.fl_str_mv DEBORAH DANOWSKI
dc.contributor.referee2.fl_str_mv ALYNE DE CASTRO COSTA
dc.contributor.referee3.fl_str_mv ALYNE DE CASTRO COSTA
dc.contributor.referee4.fl_str_mv ALYNE DE CASTRO COSTA
dc.contributor.referee5.fl_str_mv ANELISE DE CARLI
dc.contributor.authorID.fl_str_mv 05544555796
dc.contributor.authorLattes.fl_str_mv lattes.cnpq.br/9664604793619194
dc.contributor.author.fl_str_mv RACHEL PIRES DO REGO
contributor_str_mv DEBORAH DANOWSKI
DEBORAH DANOWSKI
ALYNE DE CASTRO COSTA
ALYNE DE CASTRO COSTA
ALYNE DE CASTRO COSTA
ANELISE DE CARLI
description A presente dissertação percorre a exposição Zonas Críticas: observatório para políticas terrestres, com curadoria de Bruno Latour e Peter Weibel (2020), que aborda a oposição entre as ideias de Globo e de Zona Crítica –, apontando para formas distintas de pertencimento e agência no contexto do colapso ecológico. A partir da exposição e das imagens por ela mobilizadas ao longo de seis seções, analiso o modo como a incongruência entre o que Latour chama de os territórios dos quais dependemos e aqueles nos quais de fato vivemos existe não apenas como um sintoma de desconexão, insensibilidade ou indiferença, como argumenta o autor, mas também como resultado de um profundo investimento psíquico, afetivo e desejante dos sujeitos modernos que mediam suas relações com o mundo através do privilégio da negligência e da falta de cuidado com as condições que possibilitam suas existências, minimizando inseguranças e incômodos na busca por estabilidade. Proponho que essa desconexão é uma forma particular de negação, que não representa uma inflexão ou ponto fora da curva da trajetória moderna, mas antes nos mantém apegados à fantasia dessa modernidade como horizonte de possibilidades. Nesse sentido, investigo os entraves ao movimento de aterragem proposto pela exposição e a falta de perspectivas futuras não como consequências de uma incapacidade imaginativa ou paralisia, mas como uma insistência em direcionar os nossos desejos e sensibilidades para soluções supostamente fáceis, que na verdade inviabilizam o luto e o desapego dos vínculos que nos prendem a um mundo já em ruínas – cujo apelo ainda parece irresistível. Ficar com a negação, no sentido mobilizado por Donna Haraway ao afirmar que devemos ficar com o problema, aparece enquanto estratégia para reconhecermos as contradições que atravessam os sujeitos, a fim de não mais suprimi-las, e sim, compreender como elas têm sido mobilizadas politicamente enquanto oportunidades de corroborar fantasias de ordem e estabilidade que seguem, paradoxalmente, retardando o enfrentamento do colapso ecológico.
publishDate 2022
dc.date.issued.fl_str_mv 2022-09-16
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/masterThesis
format masterThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=60817@1
https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=60817@2
url https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=60817@1
https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=60817@2
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.publisher.none.fl_str_mv PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO DE JANEIRO
dc.publisher.program.fl_str_mv PPG EM FILOSOFIA
dc.publisher.initials.fl_str_mv PUC-Rio
dc.publisher.country.fl_str_mv BR
publisher.none.fl_str_mv PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO DE JANEIRO
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da PUC-RIO (Projeto Maxwell)
instname:Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RIO)
instacron:PUC_RIO
instname_str Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RIO)
instacron_str PUC_RIO
institution PUC_RIO
reponame_str Repositório Institucional da PUC-RIO (Projeto Maxwell)
collection Repositório Institucional da PUC-RIO (Projeto Maxwell)
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da PUC-RIO (Projeto Maxwell) - Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RIO)
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1748324965390745600