[pt] A DISPOSIÇÃO DO(S) TEMPO(S): MELANCOLIA E OS LIMITES DO PENSAMENTO TEMPORAL EM POLÍTICA INTERNACIONAL
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Data de Publicação: | 2019 |
Tipo de documento: | Outros |
Idioma: | eng |
Título da fonte: | Repositório Institucional da PUC-RIO (Projeto Maxwell) |
Texto Completo: | https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=36301@1 https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=36301@2 http://doi.org/10.17771/PUCRio.acad.36301 |
Resumo: | [pt] Desde o final do século XX, o tempo - enquanto conceito, objeto, tema, ou categoria do entendimento e da experiência - tem sido crescentemente mobilizado como instrumento crítico nas ciências sociais e nas humanidades. De diferentes formas, viemos a ser interpelados a levar o tempo a sério, na busca por lançar luz sobre pressupostos não reconhecidos, esclarecer debates conceituais, aprimorar investigações empíricas, e buscar melhores análises, ações e disposições sociais e políticas. Em particular, os debates sobre política internacional responderam a tal interpelação refletindo sobre os limites e as possibilidades advindas de seus pressupostos temporais, muitas vezes mantidos implícitos. Nesta tese, proponho que, embora não haja como negar estas afirmações nem o importante trabalho delas decorrente, há também boas razões para considerá-las sob uma outra perspectiva. Nesse sentido, abordo essa literatura não tanto em termos da legitimidade das posições articuladas por meio dela, mas em termos das suas condições de existência e dos efeitos decorrentes destas. Mais especificamente, proponho lermos tal proliferação do tempo em termos de uma formação discursiva, isto é, de um conjunto de regularidades que organizam e distribuem o tempo em campos de conhecimento, poder e afetos por meio dos quais podemos a governar a nós mesmos e aos outros. Para tanto, parto de uma leitura de discurso que reúne a ênfase inicial de Foucault em campos de dispersão com uma interpretação de formações discursivas como circuitos de afetos pelos quais elas não apenas são investidas de libido, mas também efetivamente libidinais. Eu então desenvolvo dois argumentos. Em primeiro lugar, trabalhando com debates sobre tempo e política internacional, descrevo os campos de conceitos, objetos, sujeitos e estratégias a partir dos quais tais debates ocorrem. Ao fazê-lo, argumento que eles tendem a reproduzir dualismos como fixidez e fluidez, temporâneo e disjunção, unidade e multiplicidade, necessidade e contingência, assim como metáforas de escalas e inversões que muitas vezes recuperam as próprias concepções de política moderna e subjetividade que buscam contrariar ao levar o tempo a sério. Entretanto, ao invés de interpretar tal ambivalência como um problema, proponho entendê-la em termos da efetividade produtiva do discurso do tempo. Em segundo lugar, caminhando para uma compreensão da melancolia como um modo de articulação de relações discursivas por meio de perda, identificação, reflexividade e prazer, proponho que podemos nomear o discurso do tempo como melancólico. Ao fazê-lo, argumento que tal discurso é não apenas embebido de poderosos efeitos de atração, mas também dá forma particular à melancolia nos nossos dias. Diante dos melancólicos circuitos de poder e conhecimento que são o discurso do tempo, concluo propondo que a proliferação do tempo desde o final do século XX pode nos dizer algo sobre os modos de governo mobilizados na política mundial pelo menos, se não além dela. |
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[pt] A DISPOSIÇÃO DO(S) TEMPO(S): MELANCOLIA E OS LIMITES DO PENSAMENTO TEMPORAL EM POLÍTICA INTERNACIONAL[en] THE MOOD OF TIME(S): MELANCHOLIA AND THE LIMITS OF TEMPORAL THINKING IN WORLD POLITICS[pt] MELANCOLIA[pt] CIRCUITO DE AFETOS[pt] VIRADA TEMPORAL[pt] TEMPO[pt] DISCURSO[en] MELANCHOLIA[en] CIRCUIT OF AFFECT[en] TEMPORAL TURN[en] TIME[en] DISCOURSE[pt] Desde o final do século XX, o tempo - enquanto conceito, objeto, tema, ou categoria do entendimento e da experiência - tem sido crescentemente mobilizado como instrumento crítico nas ciências sociais e nas humanidades. De diferentes formas, viemos a ser interpelados a levar o tempo a sério, na busca por lançar luz sobre pressupostos não reconhecidos, esclarecer debates conceituais, aprimorar investigações empíricas, e buscar melhores análises, ações e disposições sociais e políticas. Em particular, os debates sobre política internacional responderam a tal interpelação refletindo sobre os limites e as possibilidades advindas de seus pressupostos temporais, muitas vezes mantidos implícitos. Nesta tese, proponho que, embora não haja como negar estas afirmações nem o importante trabalho delas decorrente, há também boas razões para considerá-las sob uma outra perspectiva. Nesse sentido, abordo essa literatura não tanto em termos da legitimidade das posições articuladas por meio dela, mas em termos das suas condições de existência e dos efeitos decorrentes destas. Mais especificamente, proponho lermos tal proliferação do tempo em termos de uma formação discursiva, isto é, de um conjunto de regularidades que organizam e distribuem o tempo em campos de conhecimento, poder e afetos por meio dos quais podemos a governar a nós mesmos e aos outros. Para tanto, parto de uma leitura de discurso que reúne a ênfase inicial de Foucault em campos de dispersão com uma interpretação de formações discursivas como circuitos de afetos pelos quais elas não apenas são investidas de libido, mas também efetivamente libidinais. Eu então desenvolvo dois argumentos. Em primeiro lugar, trabalhando com debates sobre tempo e política internacional, descrevo os campos de conceitos, objetos, sujeitos e estratégias a partir dos quais tais debates ocorrem. Ao fazê-lo, argumento que eles tendem a reproduzir dualismos como fixidez e fluidez, temporâneo e disjunção, unidade e multiplicidade, necessidade e contingência, assim como metáforas de escalas e inversões que muitas vezes recuperam as próprias concepções de política moderna e subjetividade que buscam contrariar ao levar o tempo a sério. Entretanto, ao invés de interpretar tal ambivalência como um problema, proponho entendê-la em termos da efetividade produtiva do discurso do tempo. Em segundo lugar, caminhando para uma compreensão da melancolia como um modo de articulação de relações discursivas por meio de perda, identificação, reflexividade e prazer, proponho que podemos nomear o discurso do tempo como melancólico. Ao fazê-lo, argumento que tal discurso é não apenas embebido de poderosos efeitos de atração, mas também dá forma particular à melancolia nos nossos dias. Diante dos melancólicos circuitos de poder e conhecimento que são o discurso do tempo, concluo propondo que a proliferação do tempo desde o final do século XX pode nos dizer algo sobre os modos de governo mobilizados na política mundial pelo menos, se não além dela.[en] In the late 20th and early 21st century, time - as a concept, an object, a theme, or a category of understanding and of experience - has been increasingly lmobilized as a critical category in the social sciences and the humanities. In different ways, we have come to be interpellated by the injunction to take time seriously in an endeavor to shed light on unacknowledged assumptions, clarify conceptual debates, improve empirical investigations, and work towards better social and political analysis, action, and disposition. In particular, debates in International Relations have responded to this interpellation by considering the limits and possibilities coming from its often-unacknowledged conceptions of time. In this dissertation, I surmise that, even though there is no contending with these assertions and the important work stemming from them, there are also good reasons for us to consider them under a different light. In this sense, I engage this literature not so much in terms of the legitimacy of positions articulated in it, but in terms of their conditions of existence and their particular effects. More specifically, I propose we read this topicality of time as a discursive formation, that is, a set of regularities that organize and distribute time in fields of knowledge, affects, and power through which we come to govern ourselves and others. To do so, I start from a reading of discourse that brings together Foucault s early emphasis on fields of dispersion with an interpretation of discursive formations as circuits of affects through which they not only become libidinally invested, but also effectively libidinal. I then develop two arguments. First, by working through debates over time and world politics, I make emerge the fields of concepts, objects, subjects, and strategies under which they take place. In doing so, I argue they tend to reproduce dualisms such as fixity/fluidity, timeliness/disjunction, unity/multiplicity, necessity/contingency, and metaphors of scales and turns that often recuperate the very conceptions of modern politics and subjectivity they proclaim to run counter by taking time seriously. Instead of reading such ambivalence as a problem, however, I venture we should understand it in terms of the productive effects of the discourse of time. Second, moving towards an understanding of melancholia as an articulation of discursive relations through loss, identification, reflexivity, and enjoyment, I propose we can name the discourse of time melancholic. In doing so, I argue that the above discourse is not only embedded with powerful luring effects, but also that it gives particular form to present melancholia. Given these melancholic fields of knowledge-power that are the discourse of time, I conclude by proposing that the topicality of time since the late 20th century can tell us something about the modes of government being mobilized in world politics at least, if not also beyond.MAXWELLPAULO LUIZ MOREAUX LAVIGNE ESTEVESPAULO LUIZ MOREAUX LAVIGNE ESTEVESPAULO LUIZ MOREAUX LAVIGNE ESTEVESPAULO HENRIQUE DE OLIVEIRA CHAMON2019-01-25info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/otherhttps://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=36301@1https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=36301@2http://doi.org/10.17771/PUCRio.acad.36301engreponame:Repositório Institucional da PUC-RIO (Projeto Maxwell)instname:Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RIO)instacron:PUC_RIOinfo:eu-repo/semantics/openAccess2019-09-11T00:00:00Zoai:MAXWELL.puc-rio.br:36301Repositório InstitucionalPRIhttps://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/ibict.phpopendoar:5342019-09-11T00:00Repositório Institucional da PUC-RIO (Projeto Maxwell) - Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RIO)false |
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[pt] Desde o final do século XX, o tempo - enquanto conceito, objeto, tema, ou categoria do entendimento e da experiência - tem sido crescentemente mobilizado como instrumento crítico nas ciências sociais e nas humanidades. De diferentes formas, viemos a ser interpelados a levar o tempo a sério, na busca por lançar luz sobre pressupostos não reconhecidos, esclarecer debates conceituais, aprimorar investigações empíricas, e buscar melhores análises, ações e disposições sociais e políticas. Em particular, os debates sobre política internacional responderam a tal interpelação refletindo sobre os limites e as possibilidades advindas de seus pressupostos temporais, muitas vezes mantidos implícitos. Nesta tese, proponho que, embora não haja como negar estas afirmações nem o importante trabalho delas decorrente, há também boas razões para considerá-las sob uma outra perspectiva. Nesse sentido, abordo essa literatura não tanto em termos da legitimidade das posições articuladas por meio dela, mas em termos das suas condições de existência e dos efeitos decorrentes destas. Mais especificamente, proponho lermos tal proliferação do tempo em termos de uma formação discursiva, isto é, de um conjunto de regularidades que organizam e distribuem o tempo em campos de conhecimento, poder e afetos por meio dos quais podemos a governar a nós mesmos e aos outros. Para tanto, parto de uma leitura de discurso que reúne a ênfase inicial de Foucault em campos de dispersão com uma interpretação de formações discursivas como circuitos de afetos pelos quais elas não apenas são investidas de libido, mas também efetivamente libidinais. Eu então desenvolvo dois argumentos. Em primeiro lugar, trabalhando com debates sobre tempo e política internacional, descrevo os campos de conceitos, objetos, sujeitos e estratégias a partir dos quais tais debates ocorrem. Ao fazê-lo, argumento que eles tendem a reproduzir dualismos como fixidez e fluidez, temporâneo e disjunção, unidade e multiplicidade, necessidade e contingência, assim como metáforas de escalas e inversões que muitas vezes recuperam as próprias concepções de política moderna e subjetividade que buscam contrariar ao levar o tempo a sério. Entretanto, ao invés de interpretar tal ambivalência como um problema, proponho entendê-la em termos da efetividade produtiva do discurso do tempo. Em segundo lugar, caminhando para uma compreensão da melancolia como um modo de articulação de relações discursivas por meio de perda, identificação, reflexividade e prazer, proponho que podemos nomear o discurso do tempo como melancólico. Ao fazê-lo, argumento que tal discurso é não apenas embebido de poderosos efeitos de atração, mas também dá forma particular à melancolia nos nossos dias. Diante dos melancólicos circuitos de poder e conhecimento que são o discurso do tempo, concluo propondo que a proliferação do tempo desde o final do século XX pode nos dizer algo sobre os modos de governo mobilizados na política mundial pelo menos, se não além dela. |
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