GRAMATICALIZAÇÃO DE CONJUNÇÕES ADVERSATIVAS EM PORTUGUÊS: EM BUSCA DA MOTIVAÇÃO CONCEPTUAL DO PROCESSO

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: ANA PAULA ANTUNES ROCHA
Data de Publicação: 2006
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da PUC-RIO (Projeto Maxwell)
Texto Completo: https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=9754@1
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Resumo: Este trabalho trata da motivação conceptual que levou os itens mas, porém, contudo, todavia, entretanto e no entanto, considerados pela maioria das gramáticas do português como conjunções adversativas, a passarem por um processo de gramaticalização. Apesar de ser discutível a classificação dos referidos itens como conjunções adversativas - já que, com exceção de mas, os demais não têm um comportamento sintático típico de conjunções -, considera-se o fato de que todos, de alguma forma, se tornaram mais gramaticais desde suas origens medievais até hoje. O processo de gramaticalização é entendido, então, como aquele em que tanto itens lexicais e construções formam-se em certos contextos lingüísticos para exercer funções gramaticais quanto itens gramaticais desenvolvem novas funções gramaticais (HOPPER & TRAUGOTT, 2003). O enfoque do trabalho está na busca dos elementos conceptuais que possam ter motivado o processo. Trabalhos como o de Barreto (1999) afirmam que a motivação da gramaticalização dos itens em pauta foi metonímica, por influência da presença de elementos de sentido negativo em posição adjacente à deles, no português medieval. A proposta deste trabalho é investigar por que os itens em estudo encontravam-se maciçamente, ao que parece, em ambientes que apresentavam partículas de sentido negativo. A partir da leitura de trabalhos como o de Vogt & Ducrot (1980) e o de Sweetser (1991), entende- se que mas encontrava-se nesses ambientes em função de uma motivação metafórica e que as relações contrajuntivas para cujo estabelecimento o item contribuía ocorriam proeminentemente nos domínios epistêmico e conversacional da linguagem. A mesma proposta de análise é estendida aos demais itens, que, segundo se verifica em amostras do português medieval, por funcionarem em prol da coesão do texto, eram propícios a serem empregados em contextos lingüísticos nos quais se delimitavam dois grupos de informação postos em relação. Essa relação podia ser contrajuntiva e, se não se encontrava assinalada gramaticalmente, era, ainda assim, depreensível através de uma análise das relações textuais que se davam no plano do significado lingüístico, em especial nos níveis epistêmico ou conversacional. Portanto, elementos negativos eram cabíveis nos referidos contextos e, com eles, também elementos responsáveis pela coesão textual anafórica.
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Apesar de ser discutível a classificação dos referidos itens como conjunções adversativas - já que, com exceção de mas, os demais não têm um comportamento sintático típico de conjunções -, considera-se o fato de que todos, de alguma forma, se tornaram mais gramaticais desde suas origens medievais até hoje. O processo de gramaticalização é entendido, então, como aquele em que tanto itens lexicais e construções formam-se em certos contextos lingüísticos para exercer funções gramaticais quanto itens gramaticais desenvolvem novas funções gramaticais (HOPPER & TRAUGOTT, 2003). O enfoque do trabalho está na busca dos elementos conceptuais que possam ter motivado o processo. Trabalhos como o de Barreto (1999) afirmam que a motivação da gramaticalização dos itens em pauta foi metonímica, por influência da presença de elementos de sentido negativo em posição adjacente à deles, no português medieval. A proposta deste trabalho é investigar por que os itens em estudo encontravam-se maciçamente, ao que parece, em ambientes que apresentavam partículas de sentido negativo. A partir da leitura de trabalhos como o de Vogt & Ducrot (1980) e o de Sweetser (1991), entende- se que mas encontrava-se nesses ambientes em função de uma motivação metafórica e que as relações contrajuntivas para cujo estabelecimento o item contribuía ocorriam proeminentemente nos domínios epistêmico e conversacional da linguagem. A mesma proposta de análise é estendida aos demais itens, que, segundo se verifica em amostras do português medieval, por funcionarem em prol da coesão do texto, eram propícios a serem empregados em contextos lingüísticos nos quais se delimitavam dois grupos de informação postos em relação. Essa relação podia ser contrajuntiva e, se não se encontrava assinalada gramaticalmente, era, ainda assim, depreensível através de uma análise das relações textuais que se davam no plano do significado lingüístico, em especial nos níveis epistêmico ou conversacional. Portanto, elementos negativos eram cabíveis nos referidos contextos e, com eles, também elementos responsáveis pela coesão textual anafórica.In this work I deal with the conceptual motivation of the grammaticalization of the items mas, porém, todavia, entretanto e no entanto, which are classified as adversative conjunctions by the majority of the Portuguese Grammars. Though such classification is very discussable - for all of these items but mas present nontypically- conjunctional syntactical behavior - we consider the fact that all of the items cited above have become more grammatical in some manner since their medieval origins until the present days. Hence, the grammaticalization process is understood as that one in which the lexical items and constructions come in certain linguistic contexts to serve grammatical functions or how grammatical items develop new grammatical functions (HOPPER & TRAUGOTT, 2003). This work focuses the quest for the conceptual elements which could have motivated this process. Works such as Barreto´s (1999) state that the motivation for the grammaticalization of the items being studied in this text was a metonymic one, carried out by the influence of semantically negative elements which appeared next to them in the Medieval Portuguese. The objective of my work is to investigate why these items were massively found, as it seems, in contexts with negative-sense particles. From the reading of works such as Vogt´s & Ducrot´s (1980) and Sweetser´s (1991), I understand that mas was found in such contexts due to a metaphoric motivation and that the adversative relation for whose establishment it contributed occurred mainly within the epistemic domain of language. This very analysis is extended to the other items, which, according to what can be verified through the analysis of samples of the Medieval Portuguese, had the tendency of being used in contexts in which two groups of linguistic information, put into an adversative relation, were delimited, contributing for the text cohesion. This adversative relation, if not grammatically marked, was, even though, inferrible through the analysis of the textual relations which took place in the linguistic meaning plain, especially at the epistemic level. Thus, negative elements were possible in these contexts and with them, also, the elements responsible for the textual cohesion.PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO DE JANEIROCOORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DO PESSOAL DE ENSINO SUPERIORhttps://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=9754@1https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=9754@2porreponame:Repositório Institucional da PUC-RIO (Projeto Maxwell)instname:Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RIO)instacron:PUC_RIOinfo:eu-repo/semantics/openAccess2022-11-01T12:55:10Zoai:MAXWELL.puc-rio.br:9754Repositório InstitucionalPRIhttps://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/ibict.phpopendoar:5342019-06-14T00:00Repositório Institucional da PUC-RIO (Projeto Maxwell) - Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RIO)false
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