O regionalismo revisitado pela paródia: da articulação intertextual à super-regional em Galvez, imperador do Acre

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Sakai, Luiz Guilherme Fernandes da Costa
Data de Publicação: 2010
Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da PUC_SP
Texto Completo: https://repositorio.pucsp.br/jspui/handle/handle/36626
Resumo: Este trabalho voltou-se à análise do romance-folhetim Galvez, imperador do Acre, de Márcio Souza, objetivando verificar como o procedimento paródico inscrito na construção literária constantemente em flerte com a cinematográfica revigora o romance regionalista nacional. Desse modo, recorremos a Bakhtin (1988) – que insere a paródia no contexto dialógico e a considera um “híbrido premeditado”, ou seja, confronto de dois discursos: o parodístico e o parodiado - e a Linda Hutcheon (1985) - que define o gesto paródico como repetição com distanciamento crítico, possuindo a ironia como principal mecanismo estratégico. Ambos veem na paródia não apenas implicações estéticas, mas ideológicas. Suas constatações nos foram cruciais como ponto de partida para este estudo. Abordamos, então, a convenção parodiada: o romance folhetim, que enfatizava, grosso modo, as maquinações e os mistérios, bem como a modalidade regionalista nacional romântica e naturalista, que visavam configurar uma identidade estritamente nacional e abriram portas para o Modernismo. Valendo-se de um episódio histórico, o romance de Márcio Souza, herdeiro de Oswald de Andrade, utilizando linguagem telegráfica, assume orientação dupla: de um lado, parodia o discurso oficial; de outro, estabelece reflexões acerca da tradição literária nacional. Primeiramente verificamos a linguagem de que se apropria o autor e constatamos que o romance, repleto de cortes e apropriando-se de diversos tipos de textos para compor sua narrativa, rompe com as características básicas do romance folhetim. Além disso, a obra confere tratamento diferente aos elementos regionais, pois utiliza referenciais literários e culturais europeus em contraste com os elementos locais. No segundo momento, focamo-nos no episódio histórico que a obra aborda e vimos que o autor, atuante também como historiador e antropólogo, denuncia o risco que as populações tradicionais da Amazônia correm, uma vez que a região sofre explorações constantes. Assim, o romance pode ser lido como severa crítica social. Parodiando a tradição literária e a história, a inventiva obra pode representar a “desidentidade” regional, bem como ser enquadrada na categoria “super-regional”
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