Quando o desejo materno não circula: impasses na relação mãe-bebê

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Barcelos, Daniela Gouveia
Data de Publicação: 2016
Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da PUC_SP
Texto Completo: https://repositorio.pucsp.br/jspui/handle/handle/27514
Resumo: Meninas, mulheres, mães. O que por muito se acreditou como único destino possível para as mulheres passou a ganhar outra forma com as aberturas sociais conquistadas. Hoje, mais de 100 anos após as primeiras formulações psicanalíticas de Freud, as histéricas por ele atendidas deram lugar às mulheres contemporâneas capazes de escolher diferentes vias de libidinização. Freud fala de três destinos possíveis para a sexualidade feminina: a inibição sexual formadora de neuroses oriunda da incidência de uma castração tida como condição insuportável, a fixação na fase de caráter masculino esperando fantasiosamente possuir um pênis como os homens e a feminilidade como resultado da equação simbólica pênis-falobebê, sendo a maternidade a saída vista por Freud como a atitude feminina. Atualmente já se sabe a maternidade como uma possível escolha das mulheres. O desejo por um bebê aparece como um dos possíveis resultados da elaboração edípica, sendo o desejo materno uma das formas de corresponder aos simbolismos construídos acerca das relações com as figuras parentais. Quando há o desejo materno, oferece-se ao bebê encontrar um campo simbólico construído antes mesmo de sua concepção, já se reserva para ele o lugar falicizado na fantasia materna. Sendo a mulher relançada aos efeitos da castração durante a maternidade, o bebê pode ser tomado pelo seu desejo de forma a saturá-lo. A partir da elaboração do presente estudo, fez-se possível compreender que para que o bebê possa nascer psiquicamente não é suficiente que todas suas necessidades básicas vitais sejam atendidas, é também fundamental que ele receba o investimento fálico marcado pelo lugar que ocupa na economia do desejo materno, desejo esse que não deve ser anônimo como sugere Lacan. Para o autor, o desejo materno indica um investimento desejante na criança e a não saturação deste. Enquanto falo da mãe, ou a criança divide ou preenche o seu desejo, e é quando o satura que a metáfora paterna não encontra possibilidade para operar. A não-presença de um terceiro nesta relação dual pode levar à angústia ou ainda à patologização, encontrando a mãe impossibilidades e conflitos frente a outras escolhas de mesma ordem fálica e podendo o bebê apresentar sintomas que revelam uma verdade da relação mãe-bebê. Esta é a questão que surge a partir de um recorte clínico a partir do qual a problematizamos
id PUC_SP-1_38f520fbb0dd06936550729a277a9213
oai_identifier_str oai:repositorio.pucsp.br:handle/27514
network_acronym_str PUC_SP-1
network_name_str Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da PUC_SP
repository_id_str
spelling Jerusalinsky, JulietaBarcelos, Daniela Gouveia2022-08-30T12:34:29Z2022-08-30T12:34:29Z2016-07-06Barcelos, Daniela Gouveia. Quando o desejo materno não circula: impasses na relação mãe-bebê. 2016. Monografia de Especialização (Especialização em Teoria Psicanalítica) - Faculdade de Ciências Humanas e da Saúde da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2016.https://repositorio.pucsp.br/jspui/handle/handle/27514Meninas, mulheres, mães. O que por muito se acreditou como único destino possível para as mulheres passou a ganhar outra forma com as aberturas sociais conquistadas. Hoje, mais de 100 anos após as primeiras formulações psicanalíticas de Freud, as histéricas por ele atendidas deram lugar às mulheres contemporâneas capazes de escolher diferentes vias de libidinização. Freud fala de três destinos possíveis para a sexualidade feminina: a inibição sexual formadora de neuroses oriunda da incidência de uma castração tida como condição insuportável, a fixação na fase de caráter masculino esperando fantasiosamente possuir um pênis como os homens e a feminilidade como resultado da equação simbólica pênis-falobebê, sendo a maternidade a saída vista por Freud como a atitude feminina. Atualmente já se sabe a maternidade como uma possível escolha das mulheres. O desejo por um bebê aparece como um dos possíveis resultados da elaboração edípica, sendo o desejo materno uma das formas de corresponder aos simbolismos construídos acerca das relações com as figuras parentais. Quando há o desejo materno, oferece-se ao bebê encontrar um campo simbólico construído antes mesmo de sua concepção, já se reserva para ele o lugar falicizado na fantasia materna. Sendo a mulher relançada aos efeitos da castração durante a maternidade, o bebê pode ser tomado pelo seu desejo de forma a saturá-lo. A partir da elaboração do presente estudo, fez-se possível compreender que para que o bebê possa nascer psiquicamente não é suficiente que todas suas necessidades básicas vitais sejam atendidas, é também fundamental que ele receba o investimento fálico marcado pelo lugar que ocupa na economia do desejo materno, desejo esse que não deve ser anônimo como sugere Lacan. Para o autor, o desejo materno indica um investimento desejante na criança e a não saturação deste. Enquanto falo da mãe, ou a criança divide ou preenche o seu desejo, e é quando o satura que a metáfora paterna não encontra possibilidade para operar. A não-presença de um terceiro nesta relação dual pode levar à angústia ou ainda à patologização, encontrando a mãe impossibilidades e conflitos frente a outras escolhas de mesma ordem fálica e podendo o bebê apresentar sintomas que revelam uma verdade da relação mãe-bebê. Esta é a questão que surge a partir de um recorte clínico a partir do qual a problematizamosporPontifícia Universidade Católica de São PauloEspecialização em Teoria PsicanalíticaPUC-SPBrasilFaculdade de Ciências Humanas e da SaúdeCNPQ::CIENCIAS HUMANAS::PSICOLOGIADesejo maternomaternidadesexualidade femininamãe-bebêQuando o desejo materno não circula: impasses na relação mãe-bebêinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/bachelorThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da PUC_SPinstname:Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP)instacron:PUC_SPORIGINALDANIELA GOUVEIA BARCELOS.pdfapplication/pdf670120https://repositorio.pucsp.br/xmlui/bitstream/handle/27514/1/DANIELA%20GOUVEIA%20BARCELOS.pdf7747d058ad837af94f6eba2949ad0e00MD51TEXTDANIELA GOUVEIA BARCELOS.pdf.txtDANIELA GOUVEIA BARCELOS.pdf.txtExtracted texttext/plain94555https://repositorio.pucsp.br/xmlui/bitstream/handle/27514/2/DANIELA%20GOUVEIA%20BARCELOS.pdf.txtb82ccf0228d64163d8e18e439df6cb29MD52THUMBNAILDANIELA GOUVEIA BARCELOS.pdf.jpgDANIELA GOUVEIA BARCELOS.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1081https://repositorio.pucsp.br/xmlui/bitstream/handle/27514/3/DANIELA%20GOUVEIA%20BARCELOS.pdf.jpgbf4ed4ab101bdc85cf051b73595b2bb3MD53handle/275142022-08-31 01:03:20.583oai:repositorio.pucsp.br:handle/27514Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://sapientia.pucsp.br/https://sapientia.pucsp.br/oai/requestbngkatende@pucsp.br||rapassi@pucsp.bropendoar:2022-08-31T04:03:20Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da PUC_SP - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP)false
dc.title.pt_BR.fl_str_mv Quando o desejo materno não circula: impasses na relação mãe-bebê
title Quando o desejo materno não circula: impasses na relação mãe-bebê
spellingShingle Quando o desejo materno não circula: impasses na relação mãe-bebê
Barcelos, Daniela Gouveia
CNPQ::CIENCIAS HUMANAS::PSICOLOGIA
Desejo materno
maternidade
sexualidade feminina
mãe-bebê
title_short Quando o desejo materno não circula: impasses na relação mãe-bebê
title_full Quando o desejo materno não circula: impasses na relação mãe-bebê
title_fullStr Quando o desejo materno não circula: impasses na relação mãe-bebê
title_full_unstemmed Quando o desejo materno não circula: impasses na relação mãe-bebê
title_sort Quando o desejo materno não circula: impasses na relação mãe-bebê
author Barcelos, Daniela Gouveia
author_facet Barcelos, Daniela Gouveia
author_role author
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv Jerusalinsky, Julieta
dc.contributor.author.fl_str_mv Barcelos, Daniela Gouveia
contributor_str_mv Jerusalinsky, Julieta
dc.subject.cnpq.fl_str_mv CNPQ::CIENCIAS HUMANAS::PSICOLOGIA
topic CNPQ::CIENCIAS HUMANAS::PSICOLOGIA
Desejo materno
maternidade
sexualidade feminina
mãe-bebê
dc.subject.por.fl_str_mv Desejo materno
maternidade
sexualidade feminina
mãe-bebê
description Meninas, mulheres, mães. O que por muito se acreditou como único destino possível para as mulheres passou a ganhar outra forma com as aberturas sociais conquistadas. Hoje, mais de 100 anos após as primeiras formulações psicanalíticas de Freud, as histéricas por ele atendidas deram lugar às mulheres contemporâneas capazes de escolher diferentes vias de libidinização. Freud fala de três destinos possíveis para a sexualidade feminina: a inibição sexual formadora de neuroses oriunda da incidência de uma castração tida como condição insuportável, a fixação na fase de caráter masculino esperando fantasiosamente possuir um pênis como os homens e a feminilidade como resultado da equação simbólica pênis-falobebê, sendo a maternidade a saída vista por Freud como a atitude feminina. Atualmente já se sabe a maternidade como uma possível escolha das mulheres. O desejo por um bebê aparece como um dos possíveis resultados da elaboração edípica, sendo o desejo materno uma das formas de corresponder aos simbolismos construídos acerca das relações com as figuras parentais. Quando há o desejo materno, oferece-se ao bebê encontrar um campo simbólico construído antes mesmo de sua concepção, já se reserva para ele o lugar falicizado na fantasia materna. Sendo a mulher relançada aos efeitos da castração durante a maternidade, o bebê pode ser tomado pelo seu desejo de forma a saturá-lo. A partir da elaboração do presente estudo, fez-se possível compreender que para que o bebê possa nascer psiquicamente não é suficiente que todas suas necessidades básicas vitais sejam atendidas, é também fundamental que ele receba o investimento fálico marcado pelo lugar que ocupa na economia do desejo materno, desejo esse que não deve ser anônimo como sugere Lacan. Para o autor, o desejo materno indica um investimento desejante na criança e a não saturação deste. Enquanto falo da mãe, ou a criança divide ou preenche o seu desejo, e é quando o satura que a metáfora paterna não encontra possibilidade para operar. A não-presença de um terceiro nesta relação dual pode levar à angústia ou ainda à patologização, encontrando a mãe impossibilidades e conflitos frente a outras escolhas de mesma ordem fálica e podendo o bebê apresentar sintomas que revelam uma verdade da relação mãe-bebê. Esta é a questão que surge a partir de um recorte clínico a partir do qual a problematizamos
publishDate 2016
dc.date.issued.fl_str_mv 2016-07-06
dc.date.accessioned.fl_str_mv 2022-08-30T12:34:29Z
dc.date.available.fl_str_mv 2022-08-30T12:34:29Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/bachelorThesis
format bachelorThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.citation.fl_str_mv Barcelos, Daniela Gouveia. Quando o desejo materno não circula: impasses na relação mãe-bebê. 2016. Monografia de Especialização (Especialização em Teoria Psicanalítica) - Faculdade de Ciências Humanas e da Saúde da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2016.
dc.identifier.uri.fl_str_mv https://repositorio.pucsp.br/jspui/handle/handle/27514
identifier_str_mv Barcelos, Daniela Gouveia. Quando o desejo materno não circula: impasses na relação mãe-bebê. 2016. Monografia de Especialização (Especialização em Teoria Psicanalítica) - Faculdade de Ciências Humanas e da Saúde da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2016.
url https://repositorio.pucsp.br/jspui/handle/handle/27514
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.publisher.none.fl_str_mv Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
dc.publisher.program.fl_str_mv Especialização em Teoria Psicanalítica
dc.publisher.initials.fl_str_mv PUC-SP
dc.publisher.country.fl_str_mv Brasil
dc.publisher.department.fl_str_mv Faculdade de Ciências Humanas e da Saúde
publisher.none.fl_str_mv Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da PUC_SP
instname:Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP)
instacron:PUC_SP
instname_str Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP)
instacron_str PUC_SP
institution PUC_SP
reponame_str Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da PUC_SP
collection Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da PUC_SP
bitstream.url.fl_str_mv https://repositorio.pucsp.br/xmlui/bitstream/handle/27514/1/DANIELA%20GOUVEIA%20BARCELOS.pdf
https://repositorio.pucsp.br/xmlui/bitstream/handle/27514/2/DANIELA%20GOUVEIA%20BARCELOS.pdf.txt
https://repositorio.pucsp.br/xmlui/bitstream/handle/27514/3/DANIELA%20GOUVEIA%20BARCELOS.pdf.jpg
bitstream.checksum.fl_str_mv 7747d058ad837af94f6eba2949ad0e00
b82ccf0228d64163d8e18e439df6cb29
bf4ed4ab101bdc85cf051b73595b2bb3
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv MD5
MD5
MD5
repository.name.fl_str_mv Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da PUC_SP - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP)
repository.mail.fl_str_mv bngkatende@pucsp.br||rapassi@pucsp.br
_version_ 1809277826202861568