Veredito : escola, inclusão, justiça restaurativa e experiência de si

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Schuler, Betina
Data de Publicação: 2009
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da PUC_RS
Texto Completo: http://tede2.pucrs.br/tede2/handle/tede/3599
Resumo: Esta tese parte de uma inspiração genealógica para analisar de que modos o dispositivo da inclusão vem funcionando por meio do discurso da Justiça Restaurativa na escola, sendo justamente os mecanismos de segurança uma condição de possibilidade para essa filiação entre educação e justiça através da tecnologia do Círculo Restaurativo em que se busca a transformação das experiências de si mesmo dos indivíduos colocados na posição de ofensor. Esta pesquisa debruça-se sobre essas práticas discursivas nas escolas de Porto Alegre, a partir de entrevistas, questionários e análise documental, buscando entender como estamos nos constituindo em diferentes relações de poder, saber e modos de subjetivação, sendo este último o efeito principal dessa maquinaria jurídico-escolar. Nesse sentido, o Círculo Restaurativo coloca-se como um procedimento de verdade e governo, empregando o exercício do poder soberano, disciplinar e de controle, por meio de tecnologias de si tais como a exposição pública, a confissão, a responsabilização e o acordo, atravessados por uma razão de estado, em que o sujeito e suas condutas deverão coincidir com padrões administrativos de segurança. Assim, o aluno ofensor de hoje é tomado como risco em potencial no futuro e nessa relação são produzidos vereditos morais e científicos, em que os indivíduos em posição de alunos são colocados a experimentar a si mesmo, em um determinado domínio moral, cristão, de uma justiça metafísica, da ciência com seus manuais, metodologias e relatórios, se problematizando a si mesmo por meio de valores como culpa, vergonha, cura, responsabilização, humildade, ofencionalidade, justiça. Temos aí o controle dos indivíduos e das populações em uma biopolítica contemporânea, em que o controle torna-se generalizado, garantindo isso principalmente pelos espaços de auto-narração, em que o indivíduo se faz nos próprios códigos do regime de verdade vigente. Um ato jurídico da consciência, somado a toda uma tecnologia de escrita e documentação, em que o tribunal é assumido como modo de existência, em que o indivíduo deverá estar constantemente prestando contas de si, julgando-se, expressando sua verdade, assumindo obrigações, ocupando o assento moral do ofensor, do responsabilizado, do restaurado, assumindo essa identidade e sendo enclausurado dentro dela, tendo como fim último o auto-governo.
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