Reconhecimento, intersubjetividade e vida ética : o encontro com a filosofia de Paul Ricoeur
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Data de Publicação: | 2010 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da PUC_RS |
Texto Completo: | http://tede2.pucrs.br/tede2/handle/tede/2849 |
Resumo: | A questão do sujeito e a sua "crise", a intersubjetividade e o reconhecimento, a ética e a sabedoria prática estão no centro do debate filosófico contemporâneo e constituem o tema/objeto da presente pesquisa de doutorado. Além disso, analisaram-se as ligações entre o sujeito e a intersubjetividade, tendo em vista o estabelecimento da chamada "pequena ética", que foi tecida nas densas páginas do "Soi-mêmme comme un autre" de Paul Ricoeur (1913-2005). Observou-se que o sujeito é constituído ao mesmo tempo como leitor e como escritor de sua vida e que a dialética da identidade (idem - ipse) expressa a temporalidade própria do ser do homem. Por tal razão, a identidade pode ser entendida, narrativamente, como história de uma vida. Nesse sentido, foi possível verificar, também, que compreender é sempre se compreender em face do texto e que não há apropriação direta de si, o cogito intuitivo é uma certeza sem verdade. Ainda, existe uma reflexão sobre a vida moral em todos os seus níveis, o que permite ao autor estabelecer uma distinção, embora conceitual, entre ética e moral. Há um apelo à singularidade das situações concretas, e é neste nível que reside a sabedoria prática ou, dito de outra maneira, a sabedoria prática é um retorno ao desejo ético, ao fundamento da ética, após a passagem pelo conflito normativo. A exigência de uma sabedoria prática surge precisamente no interior da conflitualidade. Cada ser humano está obrigado a um projeto pessoal inalienável que não pode atribuir a outro. O ético, portanto, é o que faz referência à consecução dos fins a que a pessoa se propõe, mediante os aspectos teleológicos da ação. Em troca, a moral será a obediência a uma norma, a um preceito e a uma lei. Tanto na vida individual quanto na vida coletiva convive-se, realmente, em respeito e em reconhecimento quando se atua em conjunto, e, ainda, é pela narração que o homem percebe a alteridade do outro, ou seja, o outro como um outro si-mesmo ou outro-eu e só então o homem é pessoa. O ideal da pessoa é viver uma vida boa, com e para os outros, em instituições justas, ideal que se mostra, simultaneamente, ético e político. Assim, a fenomenologia da pessoa, elaborada pelo autor, é constituída com base em quatro premissas centrais: linguagem, narração, ação e vida ética. Segundo essa perspectiva, a alteridade está implicada em um nível originário e profundo no processo de constituição de si. Assim, a identidade não constitui um dado imediato, originário de autodeterminação do eu, mas o resultado da dialética incessante entre o si e o outro. Identificada dessa maneira, a identidade implica um modo constitutivo, modo no qual o reconhecimento da alteridade "conhecer a si-mesmo" para o ser humano significa sempre se reconhecer por meio da mediação da alteridade: signo, símbolo, texto, tu, contexto histórico de pertencimento, a linguagem e a instituição. Diante disso, comprovou-se que a proposta ética será construída em diálogo com Aristóteles e Kant. Por fim, o que se evidenciou é que o autor realiza um referimento explícito a Hegel na elaboração da sua reflexão sobre a subjetividade, no momento em que afronta o tema da vida ética. Para isso, define o conceito de estima de si como uma figura do reconhecimento em sentido estrito e, acentuadamente, hegeliano. Isso possibilitou entender que o reconhecimento é uma estrutura do si refletindo sobre o movimento que coloca a estima de si versus a solicitude, e esta versus a justiça. E, ainda, que o reconhecimento introduz a díade e a pluralidade na constituição mesma do si. |
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Além disso, analisaram-se as ligações entre o sujeito e a intersubjetividade, tendo em vista o estabelecimento da chamada "pequena ética", que foi tecida nas densas páginas do "Soi-mêmme comme un autre" de Paul Ricoeur (1913-2005). Observou-se que o sujeito é constituído ao mesmo tempo como leitor e como escritor de sua vida e que a dialética da identidade (idem - ipse) expressa a temporalidade própria do ser do homem. Por tal razão, a identidade pode ser entendida, narrativamente, como história de uma vida. Nesse sentido, foi possível verificar, também, que compreender é sempre se compreender em face do texto e que não há apropriação direta de si, o cogito intuitivo é uma certeza sem verdade. Ainda, existe uma reflexão sobre a vida moral em todos os seus níveis, o que permite ao autor estabelecer uma distinção, embora conceitual, entre ética e moral. Há um apelo à singularidade das situações concretas, e é neste nível que reside a sabedoria prática ou, dito de outra maneira, a sabedoria prática é um retorno ao desejo ético, ao fundamento da ética, após a passagem pelo conflito normativo. A exigência de uma sabedoria prática surge precisamente no interior da conflitualidade. Cada ser humano está obrigado a um projeto pessoal inalienável que não pode atribuir a outro. O ético, portanto, é o que faz referência à consecução dos fins a que a pessoa se propõe, mediante os aspectos teleológicos da ação. Em troca, a moral será a obediência a uma norma, a um preceito e a uma lei. Tanto na vida individual quanto na vida coletiva convive-se, realmente, em respeito e em reconhecimento quando se atua em conjunto, e, ainda, é pela narração que o homem percebe a alteridade do outro, ou seja, o outro como um outro si-mesmo ou outro-eu e só então o homem é pessoa. O ideal da pessoa é viver uma vida boa, com e para os outros, em instituições justas, ideal que se mostra, simultaneamente, ético e político. Assim, a fenomenologia da pessoa, elaborada pelo autor, é constituída com base em quatro premissas centrais: linguagem, narração, ação e vida ética. Segundo essa perspectiva, a alteridade está implicada em um nível originário e profundo no processo de constituição de si. Assim, a identidade não constitui um dado imediato, originário de autodeterminação do eu, mas o resultado da dialética incessante entre o si e o outro. Identificada dessa maneira, a identidade implica um modo constitutivo, modo no qual o reconhecimento da alteridade "conhecer a si-mesmo" para o ser humano significa sempre se reconhecer por meio da mediação da alteridade: signo, símbolo, texto, tu, contexto histórico de pertencimento, a linguagem e a instituição. Diante disso, comprovou-se que a proposta ética será construída em diálogo com Aristóteles e Kant. Por fim, o que se evidenciou é que o autor realiza um referimento explícito a Hegel na elaboração da sua reflexão sobre a subjetividade, no momento em que afronta o tema da vida ética. Para isso, define o conceito de estima de si como uma figura do reconhecimento em sentido estrito e, acentuadamente, hegeliano. Isso possibilitou entender que o reconhecimento é uma estrutura do si refletindo sobre o movimento que coloca a estima de si versus a solicitude, e esta versus a justiça. 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