A Anarquia nas Teorias das Relações Internacionais: hegemonia de paradigmas ou necessidade conceptual?

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Santos, Rui Fernando Pires Henrique
Data de Publicação: 2017
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10362/31903
Resumo: Esta tese visa interrogar o conceito-chave das Teorias sistémicas das Relações Internacionais, a Anarquia. Numa disciplina científica recente e eivada de ontologias e epistemologias díspares, a mencionada conceptualização anárquica tem-se sabido impor e resistir ao tempo e a várias investidas teóricas. Foi o Realismo Estrutural (ou neo-realismo) de Kenneth Waltz e o seu “Theory of International Politics” (1979) que permitiu trazer uma “determinada” configuração Anárquica para o âmago das Relações Internacionais. As sistematizações teóricas Realista, Liberal e Construtivista (nas suas múltiplas abordagens) partilham esta mesma assunção, baseada no pressuposto da inexistência de uma autoridade superior ao Estado. A Anarquia assume-se como uma necessidade conceptual paradigmática e “naturalizada”. Utilizando uma gama de ferramentas teóricas críticas – suportadas pela análise da Hegemonia Gramsciana e neo-gramsciana bem como na ligação da tríade conhecimento-poder-linguagem que existe em Foucault e na “escola” da Análise Crítica de Discurso – visamos argumentar que a Anarquia se estatuiu com formato de Hegemonia ideacional no edifício disciplinar das Relações Internacionais. Apresentamos para o efeito – como complemento ao enquadramento teórico – uma pesquisa quantitativa que valida a proeminência de autores e textos geograficamente “ocidentais”, epistemologicamente racionalistas, editados em língua inglesa e posteriores à marca do volume Waltziano (1979) que funciona como paradigma indispensável. Esta “tipologia” de autores e textos, reflectindo ademais posicionamentos e influências académicas e científicas, potencia uma caracterização hegemónica, apta a estabelecer, mesmo que de forma tácita e difusa, “regras de acesso” e “regimes de verdade” em torno do principio basilar desta disciplina, a Anarquia.
id RCAP_0098270f7be245eead24cfcda7f76d76
oai_identifier_str oai:run.unl.pt:10362/31903
network_acronym_str RCAP
network_name_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository_id_str 7160
spelling A Anarquia nas Teorias das Relações Internacionais: hegemonia de paradigmas ou necessidade conceptual?HegemoniaParadigmaAnarquiaAnarchyTeorias das Relações InternacionaisHegemonyParadigmTheories of International RelationsDomínio/Área Científica::Ciências Sociais::Ciências PolíticasEsta tese visa interrogar o conceito-chave das Teorias sistémicas das Relações Internacionais, a Anarquia. Numa disciplina científica recente e eivada de ontologias e epistemologias díspares, a mencionada conceptualização anárquica tem-se sabido impor e resistir ao tempo e a várias investidas teóricas. Foi o Realismo Estrutural (ou neo-realismo) de Kenneth Waltz e o seu “Theory of International Politics” (1979) que permitiu trazer uma “determinada” configuração Anárquica para o âmago das Relações Internacionais. As sistematizações teóricas Realista, Liberal e Construtivista (nas suas múltiplas abordagens) partilham esta mesma assunção, baseada no pressuposto da inexistência de uma autoridade superior ao Estado. A Anarquia assume-se como uma necessidade conceptual paradigmática e “naturalizada”. Utilizando uma gama de ferramentas teóricas críticas – suportadas pela análise da Hegemonia Gramsciana e neo-gramsciana bem como na ligação da tríade conhecimento-poder-linguagem que existe em Foucault e na “escola” da Análise Crítica de Discurso – visamos argumentar que a Anarquia se estatuiu com formato de Hegemonia ideacional no edifício disciplinar das Relações Internacionais. Apresentamos para o efeito – como complemento ao enquadramento teórico – uma pesquisa quantitativa que valida a proeminência de autores e textos geograficamente “ocidentais”, epistemologicamente racionalistas, editados em língua inglesa e posteriores à marca do volume Waltziano (1979) que funciona como paradigma indispensável. Esta “tipologia” de autores e textos, reflectindo ademais posicionamentos e influências académicas e científicas, potencia uma caracterização hegemónica, apta a estabelecer, mesmo que de forma tácita e difusa, “regras de acesso” e “regimes de verdade” em torno do principio basilar desta disciplina, a Anarquia.This dissertation aims to interrogate the key concept of the systemic Theories of International Relations, Anarchy. In a recent scientific discipline based on disparate ontologies and epistemologies, the aforementioned anarchic conceptualization has been able to impose and resist time and several theoretical assumptions. It was Kenneth Waltz's Structural Realism (or neo-realism) and his "Theory of International Politics" (1979), which allowed for a "determined" Anarchic configuration of international relations. The theoretical, Realistic, Liberal and Constructivist systematizations (in their multiple approaches) share this same assumption, based on the presupposition that there is no authority superior to the State. Anarchy is assumed to be a paradigmatic and "naturalized" conceptual need. Using a range of critical theoretical tools - supported by the analysis of the Gramscian Hegemony and the linkage of the knowledge-power-language triad that exists in Foucault and the "school" of Critical Discourse Analysis - we aim to argue that Anarchy was modeled as Hegemony in the disciplinary building of International Relations. For this purpose – and as a complement to our theoretical framework - we present a quantitative research that validates the prominence of writers and works geographically "western", epistemologically rationalist, published in English and subsequent to Waltzian volume (1979), which functions as an indispensable paradigm. This "typology" of authors and texts, reflecting in addition academic and scientific positions and influences, fosters a hegemonic characterization, capable of establishing, even tacitly and diffusely, "rules of access" and "regimes of truth" around the principle of this discipline, Anarchy.Pinto, Ana SantosRUNSantos, Rui Fernando Pires Henrique2018-03-06T16:20:51Z2018-01-192017-10-012018-01-19T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10362/31903TID:201831805porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-03-11T04:17:44Zoai:run.unl.pt:10362/31903Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T03:29:46.388155Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
dc.title.none.fl_str_mv A Anarquia nas Teorias das Relações Internacionais: hegemonia de paradigmas ou necessidade conceptual?
title A Anarquia nas Teorias das Relações Internacionais: hegemonia de paradigmas ou necessidade conceptual?
spellingShingle A Anarquia nas Teorias das Relações Internacionais: hegemonia de paradigmas ou necessidade conceptual?
Santos, Rui Fernando Pires Henrique
Hegemonia
Paradigma
Anarquia
Anarchy
Teorias das Relações Internacionais
Hegemony
Paradigm
Theories of International Relations
Domínio/Área Científica::Ciências Sociais::Ciências Políticas
title_short A Anarquia nas Teorias das Relações Internacionais: hegemonia de paradigmas ou necessidade conceptual?
title_full A Anarquia nas Teorias das Relações Internacionais: hegemonia de paradigmas ou necessidade conceptual?
title_fullStr A Anarquia nas Teorias das Relações Internacionais: hegemonia de paradigmas ou necessidade conceptual?
title_full_unstemmed A Anarquia nas Teorias das Relações Internacionais: hegemonia de paradigmas ou necessidade conceptual?
title_sort A Anarquia nas Teorias das Relações Internacionais: hegemonia de paradigmas ou necessidade conceptual?
author Santos, Rui Fernando Pires Henrique
author_facet Santos, Rui Fernando Pires Henrique
author_role author
dc.contributor.none.fl_str_mv Pinto, Ana Santos
RUN
dc.contributor.author.fl_str_mv Santos, Rui Fernando Pires Henrique
dc.subject.por.fl_str_mv Hegemonia
Paradigma
Anarquia
Anarchy
Teorias das Relações Internacionais
Hegemony
Paradigm
Theories of International Relations
Domínio/Área Científica::Ciências Sociais::Ciências Políticas
topic Hegemonia
Paradigma
Anarquia
Anarchy
Teorias das Relações Internacionais
Hegemony
Paradigm
Theories of International Relations
Domínio/Área Científica::Ciências Sociais::Ciências Políticas
description Esta tese visa interrogar o conceito-chave das Teorias sistémicas das Relações Internacionais, a Anarquia. Numa disciplina científica recente e eivada de ontologias e epistemologias díspares, a mencionada conceptualização anárquica tem-se sabido impor e resistir ao tempo e a várias investidas teóricas. Foi o Realismo Estrutural (ou neo-realismo) de Kenneth Waltz e o seu “Theory of International Politics” (1979) que permitiu trazer uma “determinada” configuração Anárquica para o âmago das Relações Internacionais. As sistematizações teóricas Realista, Liberal e Construtivista (nas suas múltiplas abordagens) partilham esta mesma assunção, baseada no pressuposto da inexistência de uma autoridade superior ao Estado. A Anarquia assume-se como uma necessidade conceptual paradigmática e “naturalizada”. Utilizando uma gama de ferramentas teóricas críticas – suportadas pela análise da Hegemonia Gramsciana e neo-gramsciana bem como na ligação da tríade conhecimento-poder-linguagem que existe em Foucault e na “escola” da Análise Crítica de Discurso – visamos argumentar que a Anarquia se estatuiu com formato de Hegemonia ideacional no edifício disciplinar das Relações Internacionais. Apresentamos para o efeito – como complemento ao enquadramento teórico – uma pesquisa quantitativa que valida a proeminência de autores e textos geograficamente “ocidentais”, epistemologicamente racionalistas, editados em língua inglesa e posteriores à marca do volume Waltziano (1979) que funciona como paradigma indispensável. Esta “tipologia” de autores e textos, reflectindo ademais posicionamentos e influências académicas e científicas, potencia uma caracterização hegemónica, apta a estabelecer, mesmo que de forma tácita e difusa, “regras de acesso” e “regimes de verdade” em torno do principio basilar desta disciplina, a Anarquia.
publishDate 2017
dc.date.none.fl_str_mv 2017-10-01
2018-03-06T16:20:51Z
2018-01-19
2018-01-19T00:00:00Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/masterThesis
format masterThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/10362/31903
TID:201831805
url http://hdl.handle.net/10362/31903
identifier_str_mv TID:201831805
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron:RCAAP
instname_str Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron_str RCAAP
institution RCAAP
reponame_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
collection Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository.name.fl_str_mv Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1799137922656501760