Abordagem do tabagismo num hospital português: estudo piloto

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Jesus, Joana Sofia Teixeira
Data de Publicação: 2010
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10400.6/789
Resumo: Introdução O tabagismo é a principal causa de morte evitável da actualidade, sendo por isso considerado a grande epidemia do nosso século. A dependência de tabaco assume-se como uma doença crónica que, tal como qualquer outra patologia, necessita de um diagnóstico sistemático e de uma intervenção terapêutica dirigida. Durante o internamento, a dependência de nicotina deve ser sempre valorizada, não só pela necessidade de controlo da síndrome de abstinência, mas sobretudo pela excelente oportunidade de aconselhamento e acompanhamento para deixar de fumar que constitui. Objectivo Avaliar se durante o internamento é realizado, pelos profissionais de saúde, a abordagem sistematizada do tabagismo: Identificação dos fumadores, aconselhamento para deixar de fumar e apoio especializado à cessação tabágica. Métodos Realizou-se um estudo observacional transversal descritivo, através da aplicação de um questionário construído para o efeito, a uma amostra de conveniência de 50 doentes com 18 ou mais anos, internados nos Departamentos de Medicina, Cirurgia e Saúde da criança e da mulher, do Centro Hospitalar Cova da Beira (CHCB). O questionário foi aplicado por entrevista directa entre Novembro de 2009 e Janeiro de 2010. Resultados Dos 50 doentes, com idade mediana de 66 anos, 26% eram do sexo masculino, 24% encontravam-se empregados, 88% tinham nível de instrução igual ou inferior ao primário e 16% eram fumadores. Relativamente à abordagem do tabagismo realizada pelos profissionais de saúde, verificou-se que a identificação dos fumadores foi efectuada em 30% dos casos, que 25% dos fumadores foram aconselhados a deixar de fumar e que a nenhum fumador foi oferecido apoio especializado à cessação tabágica. Quanto aos hábitos tabágicos dos fumadores inquiridos, observou-se que 62,5% tinham uma dependência de nicotina moderada a elevada, que 75% tinham uma motivação baixa ou moderada para deixar de fumar, que 62,5% tinham uma elevada confiança para parar o consumo de tabaco e que 62,5% se encontravam na fase de preparação para a mudança comportamental. Metade dos fumadores consumiram tabaco durante o internamento e destes, metade fê-lo no interior do hospital. Discussão Dadas algumas limitações do estudo, não foi possível inferir a prevalência do tabagismo nos doentes internados do CHCB. Uma vez que a identificação dos fumadores e o aconselhamento para deixar de fumar foram realizados em menos de metade dos fumadores e que não foi oferecido apoio especializado a nenhum doente fumador, conclui-se que, em todos os casos, os profissionais de saúde não realizaram uma abordagem sistematizada e completa do tabagismo. Apesar da “janela de oportunidade” que constitui o internamento, da maioria dos doentes fumadores apresentar uma elevada confiança para deixar de fumar e do facto destes se encontrarem maioritariamente numa fase de preparação para a mudança comportamental, a abordagem do tabagismo não foi correctamente realizada nestes doentes (inclusivamente na grávida fumadora), o que expõe importantes lacunas e revela que há muito a melhorar na abordagem deste problema. Mesmo sendo o Centro Hospitalar Cova da Beira um Hospital livre de fumo, registaram-se casos de consumo de tabaco no interior do mesmo, o que demonstra algum insucesso das medidas preventivas hospitalares.
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