O poço, de Galder Gaztelu-Urrutia: a distopia de um panóptico contemporâneo
Autor(a) principal: | |
---|---|
Data de Publicação: | 2020 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10400.13/3038 |
Resumo: | Para além de tematizar a luta de classes - de forma orgânica e extremamente violenta - O poço (2019), dirigido pelo basco espanhol Galder Gaztelu-Urrutia, é um filme cujo protagonista se assemelha a um herói medieval. A fim de alimentar igualmente os detentos dos 333 andares de uma prisão vertical, Goreng, interpretado por Iván Massagué, é o mártir do enredo, sacrificando-se pelo “bem comum”, ainda que isso custe outras vidas. Repleto de intertextualidades com clássicos literários, como Dom Quixote e A divina comédia, a longa se ambienta nesse território claustrofóbico de privação de liberdade. A proposta dessa recensão é analisar a narrativa na perspectiva de Michel Foucault, para o qual o sistema carcerário atual, embora tenha apagado o corpo supliciado, esquartejado, amputado, nos seus dispositivos mais explícitos, ainda aplica certas medidas de sofrimento físico. No filme, o vigiar e punir - como propõe a estrutura do panóptico - também é reflexo das relações de poder, não apenas entre uma administração invisível que prepara banquetes que nunca chegam aos últimos andares, como no trato entre os pares que dividem as celas e entre aqueles que estão nas plataformas superiores e inferiores. |
id |
RCAP_049b67e5158b2ae6787a3339f1ae3342 |
---|---|
oai_identifier_str |
oai:digituma.uma.pt:10400.13/3038 |
network_acronym_str |
RCAP |
network_name_str |
Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
repository_id_str |
|
spelling |
O poço, de Galder Gaztelu-Urrutia: a distopia de um panóptico contemporâneoO poçoCinemaMichel FoucaultPanópticoPanopticon.Faculdade de Artes e HumanidadesPara além de tematizar a luta de classes - de forma orgânica e extremamente violenta - O poço (2019), dirigido pelo basco espanhol Galder Gaztelu-Urrutia, é um filme cujo protagonista se assemelha a um herói medieval. A fim de alimentar igualmente os detentos dos 333 andares de uma prisão vertical, Goreng, interpretado por Iván Massagué, é o mártir do enredo, sacrificando-se pelo “bem comum”, ainda que isso custe outras vidas. Repleto de intertextualidades com clássicos literários, como Dom Quixote e A divina comédia, a longa se ambienta nesse território claustrofóbico de privação de liberdade. A proposta dessa recensão é analisar a narrativa na perspectiva de Michel Foucault, para o qual o sistema carcerário atual, embora tenha apagado o corpo supliciado, esquartejado, amputado, nos seus dispositivos mais explícitos, ainda aplica certas medidas de sofrimento físico. No filme, o vigiar e punir - como propõe a estrutura do panóptico - também é reflexo das relações de poder, não apenas entre uma administração invisível que prepara banquetes que nunca chegam aos últimos andares, como no trato entre os pares que dividem as celas e entre aqueles que estão nas plataformas superiores e inferiores.Beyond to focusing on class struggle - in an organic and extremely violent way - The platform (2019), directed by the Spanish Basque Galder Gaztelu-Urrutia, is a film whose protagonist looks like a medieval hero. In order to feed equally the prisoners of the 333 floors from a vertical prison, Goreng, played by Iván Massagué, is the plot martyr, sacrificing himself on behalf of “common good”, even if it costs other lives. Full of intertextualities with literary classics, such as Don Quixote and The divine comedy, the movie takes place in this claustrophobic territory of liberty privation. The purpose of this review is to analyze the narrative from the perspective of Michel Foucault, for whom the current prison system, although it has erased the pleaded, quartered, amputated body, in its most explicit devices, still applies certain measures of physical suffering. In the film, watching and punishing - as proposed by the structure of the panopticon - is also a reflection of power relations, not only between an invisible administration that prepares feasts that never reach the last floors, as in the handling between the pairs that share the lockups and among those on the upper and lower platforms.Universidade da MadeiraDigitUMaMachuca, Jaqueline Castilho2020-12-14T11:46:19Z2020-01-01T00:00:00Z2020-01-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articleapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10400.13/3038porMachuca, J. (2020). O poço, de Galder Gaztelu-Urrutia: a distopia de um panóptico contemporâneo. Universidade da Madeira. https://doi.org/10.34640/UNIVERSIDADEMADEIRA2020MACHUCA10.34640/UNIVERSIDADEMADEIRA2020MACHUCAinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2022-09-05T12:55:56ZPortal AgregadorONG |
dc.title.none.fl_str_mv |
O poço, de Galder Gaztelu-Urrutia: a distopia de um panóptico contemporâneo |
title |
O poço, de Galder Gaztelu-Urrutia: a distopia de um panóptico contemporâneo |
spellingShingle |
O poço, de Galder Gaztelu-Urrutia: a distopia de um panóptico contemporâneo Machuca, Jaqueline Castilho O poço Cinema Michel Foucault Panóptico Panopticon . Faculdade de Artes e Humanidades |
title_short |
O poço, de Galder Gaztelu-Urrutia: a distopia de um panóptico contemporâneo |
title_full |
O poço, de Galder Gaztelu-Urrutia: a distopia de um panóptico contemporâneo |
title_fullStr |
O poço, de Galder Gaztelu-Urrutia: a distopia de um panóptico contemporâneo |
title_full_unstemmed |
O poço, de Galder Gaztelu-Urrutia: a distopia de um panóptico contemporâneo |
title_sort |
O poço, de Galder Gaztelu-Urrutia: a distopia de um panóptico contemporâneo |
author |
Machuca, Jaqueline Castilho |
author_facet |
Machuca, Jaqueline Castilho |
author_role |
author |
dc.contributor.none.fl_str_mv |
DigitUMa |
dc.contributor.author.fl_str_mv |
Machuca, Jaqueline Castilho |
dc.subject.por.fl_str_mv |
O poço Cinema Michel Foucault Panóptico Panopticon . Faculdade de Artes e Humanidades |
topic |
O poço Cinema Michel Foucault Panóptico Panopticon . Faculdade de Artes e Humanidades |
description |
Para além de tematizar a luta de classes - de forma orgânica e extremamente violenta - O poço (2019), dirigido pelo basco espanhol Galder Gaztelu-Urrutia, é um filme cujo protagonista se assemelha a um herói medieval. A fim de alimentar igualmente os detentos dos 333 andares de uma prisão vertical, Goreng, interpretado por Iván Massagué, é o mártir do enredo, sacrificando-se pelo “bem comum”, ainda que isso custe outras vidas. Repleto de intertextualidades com clássicos literários, como Dom Quixote e A divina comédia, a longa se ambienta nesse território claustrofóbico de privação de liberdade. A proposta dessa recensão é analisar a narrativa na perspectiva de Michel Foucault, para o qual o sistema carcerário atual, embora tenha apagado o corpo supliciado, esquartejado, amputado, nos seus dispositivos mais explícitos, ainda aplica certas medidas de sofrimento físico. No filme, o vigiar e punir - como propõe a estrutura do panóptico - também é reflexo das relações de poder, não apenas entre uma administração invisível que prepara banquetes que nunca chegam aos últimos andares, como no trato entre os pares que dividem as celas e entre aqueles que estão nas plataformas superiores e inferiores. |
publishDate |
2020 |
dc.date.none.fl_str_mv |
2020-12-14T11:46:19Z 2020-01-01T00:00:00Z 2020-01-01T00:00:00Z |
dc.type.status.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/publishedVersion |
dc.type.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/article |
format |
article |
status_str |
publishedVersion |
dc.identifier.uri.fl_str_mv |
http://hdl.handle.net/10400.13/3038 |
url |
http://hdl.handle.net/10400.13/3038 |
dc.language.iso.fl_str_mv |
por |
language |
por |
dc.relation.none.fl_str_mv |
Machuca, J. (2020). O poço, de Galder Gaztelu-Urrutia: a distopia de um panóptico contemporâneo. Universidade da Madeira. https://doi.org/10.34640/UNIVERSIDADEMADEIRA2020MACHUCA 10.34640/UNIVERSIDADEMADEIRA2020MACHUCA |
dc.rights.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/openAccess |
eu_rights_str_mv |
openAccess |
dc.format.none.fl_str_mv |
application/pdf |
dc.publisher.none.fl_str_mv |
Universidade da Madeira |
publisher.none.fl_str_mv |
Universidade da Madeira |
dc.source.none.fl_str_mv |
reponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação instacron:RCAAP |
instname_str |
Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação |
instacron_str |
RCAAP |
institution |
RCAAP |
reponame_str |
Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
collection |
Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
repository.name.fl_str_mv |
|
repository.mail.fl_str_mv |
|
_version_ |
1777301211890843648 |