Um Paradoxo no Cluster de Vinho: Vantagens e Desvantagens da Região Demarcada do Douro sobre a Inovação

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Matos, Ligia Aparecida Inhan
Data de Publicação: 2011
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10348/2432
Resumo: Este trabalho tem como objetivo equacionar as vantagens e desvantagens que os empresários percebem ao estarem na rede de negócios da Região Demarcada do Douro. A globalização provocou a abertura do mercado internacional para todos os países, independentemente do seu desenvolvimento industrial, gerando produtos similares e, no caso do mercado de vinho, excesso de oferta. Desta forma, a partir de 1992, a União Europeia procurou incentivar os recursos da denominação de origem e da indicação geográfica como meios de valorizar os produtos dos países de forma a diferenciá-los dos concorrentes, somando-lhes o valor agregado da tradição da produção e da região. Portugal, desde o século XVIII, instituiu uma região específica para a produção de vinhos tradicionais e com isso, além de já se beneficiar do valor da região, criou todas as condições, definidas pelos autores acadêmicos, para a criação de um cluster. Assim, ao longo do tempo, essa região foi se impregnando de valores intrínsecos, tais como, o terroir, a tradição e a qualidade regulada por instituições normativas. Após a abertura das fronteiras econômicas de Portugal com a adesão à União Europeia, houve a percepção de que os empresários vinicultores poderiam expandir seus mercados, nacional e internacional, por meio de outros tipos de vinhos, além do vinho do Porto. Assim fizeram os empresários estudados nesta pesquisa. Mas esse fato não se deveu somente à abertura do mercado, mas também devido à alta carga de legislação para seu produto mais antigo, que dificulta sua produção, e também, principalmente, pela concorrência por preços ocorrida no mercado interno. Para não terem que se submeter a esse tipo de concorrência buscaram ampliar sua base de consumidores no mercado externo, efetivando inúmeras inovações para alcançar o nível de qualidade dos padrões internacionais. Dessa forma, surge um paradoxo em que as empresas pertencem a uma região onde há concorrência por preços, a qual imprime em seus produtos os valores intrínsecos da qualidade e da tradição, elevando-os à categoria da diferenciação. Foi utilizada a metodologia qualitativa a fim de descobrir como os empresários estão resolvendo as questões das inovações necessárias para aumentar a competitividade no mercado internacional dos vinhos, sem prescindir dos valores tradicionais da região. Os principais resultados encontrados nesta pesquisa estão relacionados à concordância dessas empresas em permanecer em uma região tradicional, cuja legislação dificulta as inovações radicais, mas que, concomitantemente, assegura os valores da qualidade; à transferência de valores tradicionais de um produto específico, o vinho do Porto, para os novos produtos lançados recentemente no mercado; e finalmente, a substituição do valor agregado do vinho do Porto para o valor do vínculo da família com o processo produtivo e com as terras da Região Demarcada do Douro.
id RCAP_0582322311cea521057cfae35bd5cf1e
oai_identifier_str oai:repositorio.utad.pt:10348/2432
network_acronym_str RCAP
network_name_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository_id_str 7160
spelling Um Paradoxo no Cluster de Vinho: Vantagens e Desvantagens da Região Demarcada do Douro sobre a InovaçãoGlobalizaçãoCluster de vinhoValores intrínsecosInovação;Região do DouroEste trabalho tem como objetivo equacionar as vantagens e desvantagens que os empresários percebem ao estarem na rede de negócios da Região Demarcada do Douro. A globalização provocou a abertura do mercado internacional para todos os países, independentemente do seu desenvolvimento industrial, gerando produtos similares e, no caso do mercado de vinho, excesso de oferta. Desta forma, a partir de 1992, a União Europeia procurou incentivar os recursos da denominação de origem e da indicação geográfica como meios de valorizar os produtos dos países de forma a diferenciá-los dos concorrentes, somando-lhes o valor agregado da tradição da produção e da região. Portugal, desde o século XVIII, instituiu uma região específica para a produção de vinhos tradicionais e com isso, além de já se beneficiar do valor da região, criou todas as condições, definidas pelos autores acadêmicos, para a criação de um cluster. Assim, ao longo do tempo, essa região foi se impregnando de valores intrínsecos, tais como, o terroir, a tradição e a qualidade regulada por instituições normativas. Após a abertura das fronteiras econômicas de Portugal com a adesão à União Europeia, houve a percepção de que os empresários vinicultores poderiam expandir seus mercados, nacional e internacional, por meio de outros tipos de vinhos, além do vinho do Porto. Assim fizeram os empresários estudados nesta pesquisa. Mas esse fato não se deveu somente à abertura do mercado, mas também devido à alta carga de legislação para seu produto mais antigo, que dificulta sua produção, e também, principalmente, pela concorrência por preços ocorrida no mercado interno. Para não terem que se submeter a esse tipo de concorrência buscaram ampliar sua base de consumidores no mercado externo, efetivando inúmeras inovações para alcançar o nível de qualidade dos padrões internacionais. Dessa forma, surge um paradoxo em que as empresas pertencem a uma região onde há concorrência por preços, a qual imprime em seus produtos os valores intrínsecos da qualidade e da tradição, elevando-os à categoria da diferenciação. Foi utilizada a metodologia qualitativa a fim de descobrir como os empresários estão resolvendo as questões das inovações necessárias para aumentar a competitividade no mercado internacional dos vinhos, sem prescindir dos valores tradicionais da região. Os principais resultados encontrados nesta pesquisa estão relacionados à concordância dessas empresas em permanecer em uma região tradicional, cuja legislação dificulta as inovações radicais, mas que, concomitantemente, assegura os valores da qualidade; à transferência de valores tradicionais de um produto específico, o vinho do Porto, para os novos produtos lançados recentemente no mercado; e finalmente, a substituição do valor agregado do vinho do Porto para o valor do vínculo da família com o processo produtivo e com as terras da Região Demarcada do Douro.This paper aims to consider the advantages and disadvantages that entrepreneurs perceive to be in the business network from the Douro Region. Globalization has led to the opening of international markets for all countries, irrespective of their industrial development, creating similar products and in the case of the wine market, excess supply. Thus, since 1992, the EU sought to promote the resources of the denomination of origin and geographical indication as a means of promoting the products of the countries in order to differentiate them from competitors, by adding the value of tradition in production and the region. Portugal, since the eighteenth century, has established a specific region for the production of traditional wines and with this, and already having benefits from the value of the region, created all the conditions defined by the academic authors, to create a cluster. Thus, as time went by, this region was impregnating itself of the intrinsic values, such as terroir, tradition and quality norms set by institutions. After the opening of Portugal economic borders on the European Union accession, there was a perception that entrepreneurs winemakers could expand their markets nationally and internationally, through other types of wines, beyond Port wine. That is what the entrepreneurs studied in this study did. But this fact was not due only to market opening, but also because of the high burden of legislation for their older product, which makes their production more difficult, and mainly by the price inner market competition. In order not to undergo this type of competition, they sought to expand its customer base in foreign markets, effecting numerous innovations to achieve the quality level of international standards. Thus, a paradox arises in which the companies belong to a region where there is competition for prices, which prints its products quality and tradition intrinsic values, elevating them to the category of differentiation. We used a qualitative methodology in order to find out how businesses are addressing the issues of the innovations needed to enhance the competitiveness in the international wine market, whilst maintaining traditional values in the region. The main findings of this study are related to the correlation of these companies remaining in a traditional region, where legislation hinders the radical innovations, but at the same time, ensures the quality values, the transfer of traditional values of a particular product, the Port wine for the new products launched recently in the market, and finally, the replacement value of the Port wine to the value of family ties with the productive process and the lands of the Douro Region.2013-05-20T10:16:37Z2011-01-01T00:00:00Z2011info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10348/2432pormetadata only accessinfo:eu-repo/semantics/openAccessMatos, Ligia Aparecida Inhanreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-02-02T12:45:52Zoai:repositorio.utad.pt:10348/2432Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T02:04:04.314704Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
dc.title.none.fl_str_mv Um Paradoxo no Cluster de Vinho: Vantagens e Desvantagens da Região Demarcada do Douro sobre a Inovação
title Um Paradoxo no Cluster de Vinho: Vantagens e Desvantagens da Região Demarcada do Douro sobre a Inovação
spellingShingle Um Paradoxo no Cluster de Vinho: Vantagens e Desvantagens da Região Demarcada do Douro sobre a Inovação
Matos, Ligia Aparecida Inhan
Globalização
Cluster de vinho
Valores intrínsecos
Inovação;
Região do Douro
title_short Um Paradoxo no Cluster de Vinho: Vantagens e Desvantagens da Região Demarcada do Douro sobre a Inovação
title_full Um Paradoxo no Cluster de Vinho: Vantagens e Desvantagens da Região Demarcada do Douro sobre a Inovação
title_fullStr Um Paradoxo no Cluster de Vinho: Vantagens e Desvantagens da Região Demarcada do Douro sobre a Inovação
title_full_unstemmed Um Paradoxo no Cluster de Vinho: Vantagens e Desvantagens da Região Demarcada do Douro sobre a Inovação
title_sort Um Paradoxo no Cluster de Vinho: Vantagens e Desvantagens da Região Demarcada do Douro sobre a Inovação
author Matos, Ligia Aparecida Inhan
author_facet Matos, Ligia Aparecida Inhan
author_role author
dc.contributor.author.fl_str_mv Matos, Ligia Aparecida Inhan
dc.subject.por.fl_str_mv Globalização
Cluster de vinho
Valores intrínsecos
Inovação;
Região do Douro
topic Globalização
Cluster de vinho
Valores intrínsecos
Inovação;
Região do Douro
description Este trabalho tem como objetivo equacionar as vantagens e desvantagens que os empresários percebem ao estarem na rede de negócios da Região Demarcada do Douro. A globalização provocou a abertura do mercado internacional para todos os países, independentemente do seu desenvolvimento industrial, gerando produtos similares e, no caso do mercado de vinho, excesso de oferta. Desta forma, a partir de 1992, a União Europeia procurou incentivar os recursos da denominação de origem e da indicação geográfica como meios de valorizar os produtos dos países de forma a diferenciá-los dos concorrentes, somando-lhes o valor agregado da tradição da produção e da região. Portugal, desde o século XVIII, instituiu uma região específica para a produção de vinhos tradicionais e com isso, além de já se beneficiar do valor da região, criou todas as condições, definidas pelos autores acadêmicos, para a criação de um cluster. Assim, ao longo do tempo, essa região foi se impregnando de valores intrínsecos, tais como, o terroir, a tradição e a qualidade regulada por instituições normativas. Após a abertura das fronteiras econômicas de Portugal com a adesão à União Europeia, houve a percepção de que os empresários vinicultores poderiam expandir seus mercados, nacional e internacional, por meio de outros tipos de vinhos, além do vinho do Porto. Assim fizeram os empresários estudados nesta pesquisa. Mas esse fato não se deveu somente à abertura do mercado, mas também devido à alta carga de legislação para seu produto mais antigo, que dificulta sua produção, e também, principalmente, pela concorrência por preços ocorrida no mercado interno. Para não terem que se submeter a esse tipo de concorrência buscaram ampliar sua base de consumidores no mercado externo, efetivando inúmeras inovações para alcançar o nível de qualidade dos padrões internacionais. Dessa forma, surge um paradoxo em que as empresas pertencem a uma região onde há concorrência por preços, a qual imprime em seus produtos os valores intrínsecos da qualidade e da tradição, elevando-os à categoria da diferenciação. Foi utilizada a metodologia qualitativa a fim de descobrir como os empresários estão resolvendo as questões das inovações necessárias para aumentar a competitividade no mercado internacional dos vinhos, sem prescindir dos valores tradicionais da região. Os principais resultados encontrados nesta pesquisa estão relacionados à concordância dessas empresas em permanecer em uma região tradicional, cuja legislação dificulta as inovações radicais, mas que, concomitantemente, assegura os valores da qualidade; à transferência de valores tradicionais de um produto específico, o vinho do Porto, para os novos produtos lançados recentemente no mercado; e finalmente, a substituição do valor agregado do vinho do Porto para o valor do vínculo da família com o processo produtivo e com as terras da Região Demarcada do Douro.
publishDate 2011
dc.date.none.fl_str_mv 2011-01-01T00:00:00Z
2011
2013-05-20T10:16:37Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/masterThesis
format masterThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/10348/2432
url http://hdl.handle.net/10348/2432
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv metadata only access
info:eu-repo/semantics/openAccess
rights_invalid_str_mv metadata only access
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron:RCAAP
instname_str Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron_str RCAAP
institution RCAAP
reponame_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
collection Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository.name.fl_str_mv Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1799137126335381504