Garção e a gramática ou a ficção do teatro português
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2021 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10451/48902 |
Resumo: | Em Teatro Novo, assistimos, paradoxalmente, à desmontagem dos mecanismos da ficção teatral. A representação corresponde ao estado real das coisas (sociedade, condutas), tornando a verdadeira representação, a do teatro, impossível. Em Garção, o teatro é ocupado pelo mundo. O teatro serve o mundo, em particular o mundo dos esquemas de fraude capitalista, com Aprígio, o «corretor dourado», e Bigodes, o explorador colonialista, à cabeça. Ao mesmo tempo, este mundo não depende de fases históricas, pelo menos quanto às gerações ainda vivas; para velhos e novos, é sempre igual a si próprio, sem que a interferência das mudanças (de moda, estilo, forma, hábito) altere a essencial hipocrisia, ou ficção estabelecida, que o rege. Neste mundo, o teatro não só é impossível, como é desnecessário e inútil, uma vez que não consegue oferecer-se como alternativa. Teatro Novo permite-nos sair do mundo para entrar no teatro, de maneira a mostrar que não escapamos do primeiro. Daí o seu fracasso original: a peça de Garção não nos deixa ir ao teatro. O artigo que lhe falta é o sinal da falha: teatro novo não tem teatro nenhum. |
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Garção e a gramática ou a ficção do teatro portuguêsTeatroGarção, Correia, 1724-1772PortugalArtigo gramaticalEm Teatro Novo, assistimos, paradoxalmente, à desmontagem dos mecanismos da ficção teatral. A representação corresponde ao estado real das coisas (sociedade, condutas), tornando a verdadeira representação, a do teatro, impossível. Em Garção, o teatro é ocupado pelo mundo. O teatro serve o mundo, em particular o mundo dos esquemas de fraude capitalista, com Aprígio, o «corretor dourado», e Bigodes, o explorador colonialista, à cabeça. Ao mesmo tempo, este mundo não depende de fases históricas, pelo menos quanto às gerações ainda vivas; para velhos e novos, é sempre igual a si próprio, sem que a interferência das mudanças (de moda, estilo, forma, hábito) altere a essencial hipocrisia, ou ficção estabelecida, que o rege. Neste mundo, o teatro não só é impossível, como é desnecessário e inútil, uma vez que não consegue oferecer-se como alternativa. Teatro Novo permite-nos sair do mundo para entrar no teatro, de maneira a mostrar que não escapamos do primeiro. Daí o seu fracasso original: a peça de Garção não nos deixa ir ao teatro. O artigo que lhe falta é o sinal da falha: teatro novo não tem teatro nenhum.Repositório da Universidade de LisboaAlves, Hélio J. S.2021-07-12T16:29:36Z20212021-01-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articleapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10451/48902por"Garção e a gramática ou a ficção do teatro português", Românica, 24, Departamento de Literaturas Românicas, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, 2021, 203-215.0872-5675info:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-11-08T16:52:23Zoai:repositorio.ul.pt:10451/48902Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T22:00:37.725296Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
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