Entre religiões e negócios, a sobrevivência

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Tavares, Maria José Ferro
Data de Publicação: 2013
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10400.14/12760
Resumo: Quando D. Manuel decretou a unidade religiosa, definindo a religião cristã católica como a única permitida em Portugal e obrigou os Judeus e os Mouros a receberem o batismo ou estes últimos a abandonarem o reino, estava longe de supor que a sua política religiosa seria em muitos casos um insucesso. Embora batizados e frequentando a igreja muitos destes ex‑Judeus e ex‑Mouros permaneciam no interior dos seus lares, outros na sua consciência, na sua fé ancestral. Orando ao Deus de Abraão, de Isaac e de Jacob ou invocando Alá, os neófitos afirmavam ‑se o “outro” na sociedade portuguesa e mantinham vivas as tradições da sua fé. A liberdade era alcançada pela fuga para outras paragens, a Europa ou o norte de África Os negócios permitiam a saída e a liberdade religiosa era encontrada nas cidades italianas, no império turco ou em Marrocos. Entre duas religiões, em busca do Deus verdadeiro e da salvação da alma, os cristãos-novos viviam divididos entre o “ser” e o “não ser”. Alimentava as partidas e as chegadas a assumção de uma identidade, bebida no leite materno, desejada e receada.
id RCAP_07aa5c9b2ed1013b310fb0d21b0bf249
oai_identifier_str oai:repositorio.ucp.pt:10400.14/12760
network_acronym_str RCAP
network_name_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository_id_str 7160
spelling Entre religiões e negócios, a sobrevivênciaJudeusMourosNeófitosDiásporaReligiãoNegócioJewsMuslimsNeophytesDiasporaReligionBusinessQuando D. Manuel decretou a unidade religiosa, definindo a religião cristã católica como a única permitida em Portugal e obrigou os Judeus e os Mouros a receberem o batismo ou estes últimos a abandonarem o reino, estava longe de supor que a sua política religiosa seria em muitos casos um insucesso. Embora batizados e frequentando a igreja muitos destes ex‑Judeus e ex‑Mouros permaneciam no interior dos seus lares, outros na sua consciência, na sua fé ancestral. Orando ao Deus de Abraão, de Isaac e de Jacob ou invocando Alá, os neófitos afirmavam ‑se o “outro” na sociedade portuguesa e mantinham vivas as tradições da sua fé. A liberdade era alcançada pela fuga para outras paragens, a Europa ou o norte de África Os negócios permitiam a saída e a liberdade religiosa era encontrada nas cidades italianas, no império turco ou em Marrocos. Entre duas religiões, em busca do Deus verdadeiro e da salvação da alma, os cristãos-novos viviam divididos entre o “ser” e o “não ser”. Alimentava as partidas e as chegadas a assumção de uma identidade, bebida no leite materno, desejada e receada.When king Manuel I proclaimed the religious unity, defining Roman Catholicism as the only religion allowed in Portugal and imposing that Jews and Moors should be baptized or leave the kingdom, he was far from imagining that his religious politic would be unsuccessful in many cases. In spite having been baptized and attending church services, many of these former Jews and former Moors still maintained their ancestral faith inside their homes or in their own conscience. Praying to the God of Abraham, Isaac and Jacob or invoking Allah, the neophytes claimed to be the “Other” in the Portuguese society and preserved their traditions and ancient faith. Freedom was obtained by fleeing to other regions, inside Europe or north Africa and Turk empire. Business and trade provided for this exit and religious freedom was found in Italian Cities, in the Turkish Empire or in Morocco. Living between two religions, and seeking for the true God and the salvation of the soul, the «cristãos ‑novos» were divided between «being» and «not being». Departures and arrivals were nurtured by the assumption of an identity simultaneously wanted and feared.Universidade Católica Portuguesa, Centro de Estudos de História ReligiosaVeritati - Repositório Institucional da Universidade Católica PortuguesaTavares, Maria José Ferro2013-09-18T13:21:07Z20132013-01-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articleapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10400.14/12760porTAVARES, Maria José Ferro – Entre religiões e negócios, a sobrevivência. Lusitania Sacra. Lisboa. ISSN 0076-1508. 2ª S. 27 (Jan. - Jun. 2013) 15-340076-150810.34632/lusitaniasacra.2013.65922182‑8822info:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-07-12T17:17:20Zoai:repositorio.ucp.pt:10400.14/12760Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T18:10:19.716445Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
dc.title.none.fl_str_mv Entre religiões e negócios, a sobrevivência
title Entre religiões e negócios, a sobrevivência
spellingShingle Entre religiões e negócios, a sobrevivência
Tavares, Maria José Ferro
Judeus
Mouros
Neófitos
Diáspora
Religião
Negócio
Jews
Muslims
Neophytes
Diaspora
Religion
Business
title_short Entre religiões e negócios, a sobrevivência
title_full Entre religiões e negócios, a sobrevivência
title_fullStr Entre religiões e negócios, a sobrevivência
title_full_unstemmed Entre religiões e negócios, a sobrevivência
title_sort Entre religiões e negócios, a sobrevivência
author Tavares, Maria José Ferro
author_facet Tavares, Maria José Ferro
author_role author
dc.contributor.none.fl_str_mv Veritati - Repositório Institucional da Universidade Católica Portuguesa
dc.contributor.author.fl_str_mv Tavares, Maria José Ferro
dc.subject.por.fl_str_mv Judeus
Mouros
Neófitos
Diáspora
Religião
Negócio
Jews
Muslims
Neophytes
Diaspora
Religion
Business
topic Judeus
Mouros
Neófitos
Diáspora
Religião
Negócio
Jews
Muslims
Neophytes
Diaspora
Religion
Business
description Quando D. Manuel decretou a unidade religiosa, definindo a religião cristã católica como a única permitida em Portugal e obrigou os Judeus e os Mouros a receberem o batismo ou estes últimos a abandonarem o reino, estava longe de supor que a sua política religiosa seria em muitos casos um insucesso. Embora batizados e frequentando a igreja muitos destes ex‑Judeus e ex‑Mouros permaneciam no interior dos seus lares, outros na sua consciência, na sua fé ancestral. Orando ao Deus de Abraão, de Isaac e de Jacob ou invocando Alá, os neófitos afirmavam ‑se o “outro” na sociedade portuguesa e mantinham vivas as tradições da sua fé. A liberdade era alcançada pela fuga para outras paragens, a Europa ou o norte de África Os negócios permitiam a saída e a liberdade religiosa era encontrada nas cidades italianas, no império turco ou em Marrocos. Entre duas religiões, em busca do Deus verdadeiro e da salvação da alma, os cristãos-novos viviam divididos entre o “ser” e o “não ser”. Alimentava as partidas e as chegadas a assumção de uma identidade, bebida no leite materno, desejada e receada.
publishDate 2013
dc.date.none.fl_str_mv 2013-09-18T13:21:07Z
2013
2013-01-01T00:00:00Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/article
format article
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/10400.14/12760
url http://hdl.handle.net/10400.14/12760
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv TAVARES, Maria José Ferro – Entre religiões e negócios, a sobrevivência. Lusitania Sacra. Lisboa. ISSN 0076-1508. 2ª S. 27 (Jan. - Jun. 2013) 15-34
0076-1508
10.34632/lusitaniasacra.2013.6592
2182‑8822
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade Católica Portuguesa, Centro de Estudos de História Religiosa
publisher.none.fl_str_mv Universidade Católica Portuguesa, Centro de Estudos de História Religiosa
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron:RCAAP
instname_str Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron_str RCAAP
institution RCAAP
reponame_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
collection Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository.name.fl_str_mv Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1799131777833369600