O envolvimento familiar no processo de decisão dos jovens à saída do 9º ano.

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Faria, Susana
Data de Publicação: 2006
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: https://doi.org/10.25755/int.293
Resumo: A influência familiar nos projectos escolares e profissionais dos jovens pode fazer-se sentir de várias formas: transmitindo valores e informações sobre as profissões, actuando como modelo ou impondo uma profissão. Tem, em todo o caso, um papel inquestionável enquanto estruturante das decisões do adolescente, razão pela qual não pode deixar de ser equacionado na análise do processo de decisão vocacional.  O presente artigo incide sobre um dos momentos que considero mais problemáticos na vida escolar dos alunos e respectivas famílias – o momento em que é necessário escolher uma área de estudos que dará (ou não) acesso a um curso superior e/ou uma profissão.  Com o trabalho de campo que desenvolvi, procurei aceder às diferentes racionalidades presentes nas decisões relativas à continuidade do percurso escolar e/ou profissional, a partir do 10º ano, mas também analisar a “unidade de decisão”, isto é a participação (mais do que influência) de outros actores sociais: professores, orientadores, amigos e familiares. O processo de decisão surge, nesta perspectiva, como um produto social, fruto de constrangimentos vários: representações, vocações e expectativas, por um lado, mas também da pressão familiar, do “seguir os amigos”, da “proximidade de uma escola” ou simplesmente da “fuga a uma disciplina.” Mais do que explicar o processo de decisão dos alunos, procurei compreender a forma como este se desenvolve em cada caso, compreender o modo como os jovens e as famílias lidam com a tarefa identitária, que sentido lhe atribuem e, neste sentido, quais as representações que fazem do meio que os rodeia.  Nesta perspectiva, realizei entrevistas em profundidade aos alunos e respectivas famílias, mas recorri também à realização de dois questionários a um conjunto de turmas do 9º ano de três escolas do 3º Ciclo do Ensino Básico (3º CEB) da região de Leiria. O primeiro, administrado durante o mês de Fevereiro de 2002, permitiu-me um primeiro diagnóstico da situação em que se encontravam os alunos relativamente às suas decisões e, neste sentido, funcionou como uma forma de aproximação ao terreno. O objectivo foi confrontá-lo com um segundo questionário, realizado no final do ano lectivo, a fim de analisar a evolução registada no que diz respeito às intenções de escolha. Acima de tudo, daqui resultou a selecção do conjunto de alunos a estudar com maior profundidade, constituindo um grupo onde procurei que a diversidade endógena (sócio-cultural) estivesse contemplada.  Foi junto deste grupo que procurei uma abordagem fenomenológica, onde as entrevistas com os alunos e respectivas famílias assumiram especial relevo. O texto que se segue recai essencialmente sobre esta dimensão qualitativa da investigação, pelo que a par de uma fundamentação teórica invocarei os testemunhos dos actores envolvidos, em especial, aqueles que reflectem a influência familiar no processo de decisão vocacional.
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