O pensamento da deslocalização
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2009 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10400.8/209 |
Resumo: | Nos tempos mais recentes é frequente escutarmos uma recorrente apologia do local e da especificidade do lugar, que parece gozar de um novo prestígio e servir um qualquer desígnio estratégico da época. O fundo desses discursos mais ou menos esclarecidos é uma certa reacção à globalização ou, pelo menos, ao que da globalização implica uma outra relação com a espacialização do mundo, com o modo de o habitar e percorrer, com o modo de pôr em relação aquilo que nele antes ficava distante ou separado. Quando pensamos nos processos da técnica que intensificaram a reconfiguração da superfície do mundo nas últimas décadas, não poderemos não pensar no modo como a informação e a telecomunicação, acopladas à densificação da concentração urbana, produziram um enredamento do próximo e do distante, a ponto de hoje o modo de relação com o próximo e com o distante ter perdido a distinção clara que regia os nossos protocolos de relação com um e com o outro. Uma parte considerável do horizonte de acontecimentos e do tecido relacional, que constituem a experiência quotidiana na actualidade, é formada pela inevitabilidade do confronto com o longínquo, o distante, o desconhecido, o ausente: basta encontrarmos um ecrã e logo se dá um encontro com uma estranha forma de presença com a qual o próximo (no sentido aqui estritamente físico) se volatilizou e foi eclipsado por um transporte imersivo para um outro espaço no qual entramos (quase) involuntariamente. Hoje, na maioria dos lugares onde nos deslocamos, para conduzirmos tarefas e afazeres da nossa subsistência, o longínquo abeira-se de nós e convida-nos ao teletransporte – nem que seja no banalíssimo não-lugar de uma conversa telefónica. |
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