A alimentação na Baixa de Cassange: inquérito de consumo e nutricionais campanhas alimentares e obra de fomento

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Nunes, José António Pereira
Data de Publicação: 1960
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10362/138223
Resumo: Contém quadros e gráficos.
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spelling A alimentação na Baixa de Cassange: inquérito de consumo e nutricionais campanhas alimentares e obra de fomentoSaúde públicaNutriçãoAlimentaçãoEstudo de casoCassangeAngolaContém quadros e gráficos.1º. - As populações da Baixa de Cassange obtêm principalmente a sua alimentação dos recursos naturais do meio onde vivem. O aumento dos rendimentos praticamente não influi sobre a obtenção dos alimentos por compra. A população, tendo fixado um tipo de alimentação na dependência dos recursos naturais, não modifica este tipo mesmo que tenha possibilidade financeira de o fazer. 2º. - A base da sua alimentação é a mandioca, cultura que exige pouco esforço e que se conserva, na terra, com facilidade. 3º. - O consumo de legumes frescos é assaz restrito entre estas populações e o valor nutritivo daqueles que mais se consomem, as folhas verdes de diferentes proveniências, é limitado pelos récipes culinários com que são utilizados. É diminuta a atenção que as populações dedicam à confecção e manutenção de hortas, pelo que a maior parte destes legumes vêm da mata ou das lavras. 4º. - O pequeno consumo de algumas leguminosas secas (macunde e gergelim) nas épocas de penúria resulta mais das pequenas quantidades produzidas que das dificuldades de conservação. As leguminosas aparecem como alimentos de reserva e recurso quando não é possível obter outros géneros mais ricos em proteínas e lípidos. 5º. - Com os meios à disposição dos nativos o milho só se conserva durante pouco tempo. Não há, pois, interesse em aumentar a produção deste cereal, visto que, dada aquela circunstância, a produção que ultrapassa o consumo é comercializada e o aumento do poder de compra que resulta só em medida insignificante é empregado na aquisição de melhores alimentos – é o mercado das bebidas alcoólicas que principalmente beneficia. 6º. - O consumo de proteínas animais é condicionado pelos recursos e tradições locais. A aquisição (carne de bovinos e peixe seco) e a caça são as suas grandes fontes. Os rios são pobres em peixe e o consumo de pequenos animais (pequenos mamíferos, insectos, vermes e crustáceos) nunca atinge nível importante. As proteínas vegetais das leguminosas só muito incompletamente cobrem estas deficiências. 7º. - As gorduras apresentam-se também em grande deficiência. São o amendoim, o gergelim e as palmeiras dendém que fornecem a sua pequena quota, e em particular as últimas, cujo óleo é na maior parte obtido por compra. Das que constituem recurso natural só beneficiam os aglomerados que vivem junto aos palmares espontâneos nas margens de alguns rios. 8º. - Os frutos são pouco consumidos. Com excepção da bananeira, as árvores que os produzem são poucos abundantes na região. 9º. - O cálculo tabular dos regimes mostra que estes são insuficientes em proteínas animais, cálcio, tiamina e riboflavina. Além destas, o exame clínico mostrou insuficiência em vitamina A e vitamina C. 10º. - Os teores médios anuais de calorias, ferro, vitamina A, niacina e vitamina C são satisfatórios. Quanto às vitaminas A e C tal insuficiência é só aparente, conforme já referimos no número anterior. São as seguintes as linhas de orientação geral das medidas propostas para a melhoria da situação alimentar da população estudada: 1º. - Criação de recursos naturais de alimentos especialmente destinados a suprir as deficiências verificadas, satisfazendo as predilecções da população e que no meio encontram boas condições de desenvolvimento. 2º. – Quando tal não for possível, introdução, mediante ensaios e testes especialmente promovidos, de géneros que também satisfaçam aquelas condições e que sejam muito baratos quando tenham de ser adquiridos. 3º. – Equilíbrio das campanhas alimentares, isto é, não promover a produção de um alimento em excesso com prejuízo de outros, embora todos eles sejam necessários. De acordo com estas linhas, são as seguintes as medidas indicadas: 1º. – Plantação e difusão de palmeiras dendém e árvores cujos frutos sejam ricos em vitamina C (mamoeiros, goiabeiras) – correcção das deficiências de lípidos, vitamina A e vitamina C. 2º. – Implantação de tanques de piscicultura – correcção das deficiências em proteínas animais, cálcio e riboflavina. 3º. – Multiplicação e difusão da variedade vermelha de batata-doce – correcção da deficiência de vitamina A. 4º. – Introdução da cultura da jinguba-ia-Kambambi nas lavras e de certos legumes frescos (pimentos, por exemplo) nas hortas – correcção da deficiência de vitamina C. 5º. – As campanhas alimentares devem ser feitas por distribuição de sementes, não por agricultores, mas por agregado familiar e de maneira fraccionada, de modo que as colheitas se possam prolongar durante um período de tempo tão dilatado quanto possível. 6º. – Ensaios para introdução e consumo de farinha de peixe. Como os ensaios de aceitabilidade já realizados resultaram positivos, há que prosseguir com ensaios de propaganda e venda.Instituto de Medicina TropicalRUNNunes, José António Pereira2022-05-19T16:32:44Z1960-031960-03-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articleapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10362/138223porNunes José António Pereira (1960) . A alimentação na Baixa de Cassange: inquéritos de consumo e nutricionais campanhas alimentares e obras de fomento . 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