Avaliação da Capacidade de Decisão em Psiquiatria de Ligação
Autor(a) principal: | |
---|---|
Data de Publicação: | 2017 |
Outros Autores: | , , , , |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | https://doi.org/10.25752/psi.7353 |
Resumo: | Introdução: Entre as funções do psiquiatra de ligação, encontra-se a avaliação da capacidade de decidir. Esta envolve a capacidade de fazer escolhas de forma autónoma e surge de forma relevante na prática clínica diária como pré-condição ao consentimento informado. Objetivos: Os autores pretendem rever o pro- cesso subjacente à avaliação da capacidade de decisão, assim como outra informação relevante publicada a este respeito. Métodos: Revisão não sistemática da literatura através da pesquisa eletrónica nos motores de busca Medline/Pubmed. Resultados: A capacidade de decidir apenas pode ser avaliada relativamente a uma decisão em particular, sendo que o seu resultado não é necessariamente estável ao longo do tempo. Da mesma forma, não existe nenhum diagnóstico que permita concluir, por si só, pela incapacidade para decidir ou que possibilite prescindir da sua avaliação. Depende de vários fatores: conteúdo, forma do pensa- mento e funções cognitivas. Pode igualmente ser influenciada pelo nível de instrução do indivíduo, traços da personalidade, estados emocionais/mecanismos de coping ou fatores circunstanciais. Qualquer médico deverá estar habilitado para a realização desta avaliação. O psiquiatra de ligação deve ser envolvido perante a suspeita de doença mental capaz de prejudicar a capacidade de consentir ou perante a necessidade de validar uma avaliação já realizada. Appelbaum e Grisso propuseram uma avaliação sistematizada segundo os seguintes critérios: a) comunicação da escolha, b) compreensão, c) apreciação e d) processo de decisão racional/ raciocínio. Numa tentativa de minimizar diferenças entre avaliadores, foram desenvolvidos vários instrumentos de avaliação, entre os quais se destaca a MacArthur Competence Assessment Tool. Particularmente nos doentes com défice cognitivo, tem sido também utilizada o Mini Mental State Examination, surgindo propostas no sentido de correlacionar os scores obtidos com a presença de capacidade de decisão. Perante a incapacidade para decidir, deverá ser respeitado o melhor interesse do doente, sendo procurada uma “decisão de substituição”, no rigoroso respeito pela ética e pela lei. Conclusões: Um doente capaz de decidir deve apresentar: a) atenção focada no problema; b) capacidade de considerar as diferentes opções propostas; c) capacidade de avaliar os riscos e benefícios e d) capacidade de antecipar os seus possíveis resultados. |
id |
RCAP_0cc5f535d6a585ef5f4ae90c1b5f2f54 |
---|---|
oai_identifier_str |
oai:ojs.revistas.rcaap.pt:article/7353 |
network_acronym_str |
RCAP |
network_name_str |
Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
repository_id_str |
7160 |
spelling |
Avaliação da Capacidade de Decisão em Psiquiatria de LigaçãoAvaliação da Capacidade de Decisão em Psiquiatria de LigaçãoArtigos de RevisãoIntrodução: Entre as funções do psiquiatra de ligação, encontra-se a avaliação da capacidade de decidir. Esta envolve a capacidade de fazer escolhas de forma autónoma e surge de forma relevante na prática clínica diária como pré-condição ao consentimento informado. Objetivos: Os autores pretendem rever o pro- cesso subjacente à avaliação da capacidade de decisão, assim como outra informação relevante publicada a este respeito. Métodos: Revisão não sistemática da literatura através da pesquisa eletrónica nos motores de busca Medline/Pubmed. Resultados: A capacidade de decidir apenas pode ser avaliada relativamente a uma decisão em particular, sendo que o seu resultado não é necessariamente estável ao longo do tempo. Da mesma forma, não existe nenhum diagnóstico que permita concluir, por si só, pela incapacidade para decidir ou que possibilite prescindir da sua avaliação. Depende de vários fatores: conteúdo, forma do pensa- mento e funções cognitivas. Pode igualmente ser influenciada pelo nível de instrução do indivíduo, traços da personalidade, estados emocionais/mecanismos de coping ou fatores circunstanciais. Qualquer médico deverá estar habilitado para a realização desta avaliação. O psiquiatra de ligação deve ser envolvido perante a suspeita de doença mental capaz de prejudicar a capacidade de consentir ou perante a necessidade de validar uma avaliação já realizada. Appelbaum e Grisso propuseram uma avaliação sistematizada segundo os seguintes critérios: a) comunicação da escolha, b) compreensão, c) apreciação e d) processo de decisão racional/ raciocínio. Numa tentativa de minimizar diferenças entre avaliadores, foram desenvolvidos vários instrumentos de avaliação, entre os quais se destaca a MacArthur Competence Assessment Tool. Particularmente nos doentes com défice cognitivo, tem sido também utilizada o Mini Mental State Examination, surgindo propostas no sentido de correlacionar os scores obtidos com a presença de capacidade de decisão. Perante a incapacidade para decidir, deverá ser respeitado o melhor interesse do doente, sendo procurada uma “decisão de substituição”, no rigoroso respeito pela ética e pela lei. Conclusões: Um doente capaz de decidir deve apresentar: a) atenção focada no problema; b) capacidade de considerar as diferentes opções propostas; c) capacidade de avaliar os riscos e benefícios e d) capacidade de antecipar os seus possíveis resultados.Introduction: Decision Capacity Assessment is one of the functions of consultation psychiatry. It involves the ability to make choices autonomously and arises in a relevant way in clinical practice as a precondition to informed consent. Aims: The authors pretend to review the process underlying decision capacity assessment, as well as other relevant information published in this regard. Methods: Non systematic review of the literature, through electronic search in Medline/Pubmed. Results: The ability to decide can only be assessed in relation to a particular decision, and its outcome is not necessarily stable over time. Similarly, there is no single diagnosis that allows concluding for incapacity, nor dispensing its proper evaluation. It depends on various factors like the thought content, thinking process or cognitive functions. It can also be influenced by the individual’s level of edu- cation, personality traits, emotional states/ coping mechanisms or circumstantial factors. Every doctor should be able to carry out this evaluation. The liaison psychiatrist should be involved in case of suspected mental illness that can impair the ability to consent or before the need to validate an assessment already taken. Appelbaum and Grisso proposed a systematic evaluation based on the following criteria: a) communication of choice, b) understanding, c) appreciation and d) rational decision making. In an attempt to minimize differences between evaluators, several assessment instruments were developed, among which the MacArthur Competence Assessment Tool assumes a special focus. Mini Mental State Examination has also been used in patients with cognitive impairment, emerging proposals for correlating the scores obtained with the presence of decision-making. When a patient is unable to decide, it should be respected his best interest, and seek a “replacement decision”, with respect for ethics and the law." Conclusions: A patient who is able to deci- de must present: a) attention focused on the problem; b) ability to consider the different options proposed; c) ability to assess the risks and benefits and d ability to anticipate their possible results.Departamento de Saúde Mental | Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca, EPE2017-03-15T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articlehttps://doi.org/10.25752/psi.7353por2182-31461646-091XVicente, Filipe LopesNascimento, MartaOliveira, CiroTomé, CarlotaVieira, CarlosLuís, Aliceinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2022-05-16T14:11:59Zoai:ojs.revistas.rcaap.pt:article/7353Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T14:57:12.597190Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
dc.title.none.fl_str_mv |
Avaliação da Capacidade de Decisão em Psiquiatria de Ligação Avaliação da Capacidade de Decisão em Psiquiatria de Ligação |
title |
Avaliação da Capacidade de Decisão em Psiquiatria de Ligação |
spellingShingle |
Avaliação da Capacidade de Decisão em Psiquiatria de Ligação Vicente, Filipe Lopes Artigos de Revisão |
title_short |
Avaliação da Capacidade de Decisão em Psiquiatria de Ligação |
title_full |
Avaliação da Capacidade de Decisão em Psiquiatria de Ligação |
title_fullStr |
Avaliação da Capacidade de Decisão em Psiquiatria de Ligação |
title_full_unstemmed |
Avaliação da Capacidade de Decisão em Psiquiatria de Ligação |
title_sort |
Avaliação da Capacidade de Decisão em Psiquiatria de Ligação |
author |
Vicente, Filipe Lopes |
author_facet |
Vicente, Filipe Lopes Nascimento, Marta Oliveira, Ciro Tomé, Carlota Vieira, Carlos Luís, Alice |
author_role |
author |
author2 |
Nascimento, Marta Oliveira, Ciro Tomé, Carlota Vieira, Carlos Luís, Alice |
author2_role |
author author author author author |
dc.contributor.author.fl_str_mv |
Vicente, Filipe Lopes Nascimento, Marta Oliveira, Ciro Tomé, Carlota Vieira, Carlos Luís, Alice |
dc.subject.por.fl_str_mv |
Artigos de Revisão |
topic |
Artigos de Revisão |
description |
Introdução: Entre as funções do psiquiatra de ligação, encontra-se a avaliação da capacidade de decidir. Esta envolve a capacidade de fazer escolhas de forma autónoma e surge de forma relevante na prática clínica diária como pré-condição ao consentimento informado. Objetivos: Os autores pretendem rever o pro- cesso subjacente à avaliação da capacidade de decisão, assim como outra informação relevante publicada a este respeito. Métodos: Revisão não sistemática da literatura através da pesquisa eletrónica nos motores de busca Medline/Pubmed. Resultados: A capacidade de decidir apenas pode ser avaliada relativamente a uma decisão em particular, sendo que o seu resultado não é necessariamente estável ao longo do tempo. Da mesma forma, não existe nenhum diagnóstico que permita concluir, por si só, pela incapacidade para decidir ou que possibilite prescindir da sua avaliação. Depende de vários fatores: conteúdo, forma do pensa- mento e funções cognitivas. Pode igualmente ser influenciada pelo nível de instrução do indivíduo, traços da personalidade, estados emocionais/mecanismos de coping ou fatores circunstanciais. Qualquer médico deverá estar habilitado para a realização desta avaliação. O psiquiatra de ligação deve ser envolvido perante a suspeita de doença mental capaz de prejudicar a capacidade de consentir ou perante a necessidade de validar uma avaliação já realizada. Appelbaum e Grisso propuseram uma avaliação sistematizada segundo os seguintes critérios: a) comunicação da escolha, b) compreensão, c) apreciação e d) processo de decisão racional/ raciocínio. Numa tentativa de minimizar diferenças entre avaliadores, foram desenvolvidos vários instrumentos de avaliação, entre os quais se destaca a MacArthur Competence Assessment Tool. Particularmente nos doentes com défice cognitivo, tem sido também utilizada o Mini Mental State Examination, surgindo propostas no sentido de correlacionar os scores obtidos com a presença de capacidade de decisão. Perante a incapacidade para decidir, deverá ser respeitado o melhor interesse do doente, sendo procurada uma “decisão de substituição”, no rigoroso respeito pela ética e pela lei. Conclusões: Um doente capaz de decidir deve apresentar: a) atenção focada no problema; b) capacidade de considerar as diferentes opções propostas; c) capacidade de avaliar os riscos e benefícios e d) capacidade de antecipar os seus possíveis resultados. |
publishDate |
2017 |
dc.date.none.fl_str_mv |
2017-03-15T00:00:00Z |
dc.type.status.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/publishedVersion |
dc.type.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/article |
format |
article |
status_str |
publishedVersion |
dc.identifier.uri.fl_str_mv |
https://doi.org/10.25752/psi.7353 |
url |
https://doi.org/10.25752/psi.7353 |
dc.language.iso.fl_str_mv |
por |
language |
por |
dc.relation.none.fl_str_mv |
2182-3146 1646-091X |
dc.rights.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/openAccess |
eu_rights_str_mv |
openAccess |
dc.publisher.none.fl_str_mv |
Departamento de Saúde Mental | Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca, EPE |
publisher.none.fl_str_mv |
Departamento de Saúde Mental | Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca, EPE |
dc.source.none.fl_str_mv |
reponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação instacron:RCAAP |
instname_str |
Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação |
instacron_str |
RCAAP |
institution |
RCAAP |
reponame_str |
Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
collection |
Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
repository.name.fl_str_mv |
Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação |
repository.mail.fl_str_mv |
|
_version_ |
1799129846038659072 |