Reflexo dos factores socioeconómicos dos pais/encarregados de educação no sucesso/insucesso dos seus educandos

• Autor(a) principal: Duarte, Ana Sofia Pacheco da Fonseca da Silva
• Data de Publicação: 2009
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/10174/11956

Para uma breve incursão na História, em ordem a contextualizar a investigação, situámos o tema na génese da história da educação em Portugal, situando-nos no século XX; neste período, Salazar disciplinou consciências, incutiu valores e reforçou dispositivos, com a imposição da tríade «Deus, Pátria, Família». Após 1974, a educação melhorou e a escola democratizou-se. Portugal encontrava-se em situação débil nas áreas sociais e educacionais e distanciado do resto da Europa. Durante a 1ª República, a actividade legislativa demonstrou preocupação nas diversas áreas de educação, mas houve vários ministros com opiniões dissidentes. A legislação foi fragmentária, dificultando a visão global do sistema escolar. João José da Conceição Camoesas, que tomou a Pasta de Instrução Pública, tentou dar uma ordem coerente e útil à linha geral dos estudos. Com a institucionalização do Estado Novo, a visão educativa foi centrada na redução dos programas de ensino, reforçando-se a componente moral e religiosa, para a inculcação de valores nacionalistas. Com a chegada de Marcelo Caetano ao poder, abrem-se novas perspectivas na área da educação com o Ministro Veiga Simão, que reconheceu que o ensino superior era o mais carenciado de reforma, tendo apresentado, em ordem à transformação da situação, projectos conjunturais de relevo. A Lei de Bases desta reforma contemplava inovações, tais como a inserção do ensino pré-escolar, a extensão da obrigatoriedade escolar de seis para oito anos, entre outras não menos importantes. Com o fim da ditadura, a 25 de Abril de 1974, nasceu uma nova concepção educativa, respondendo ao apelo à igualdade de oportunidades na educação. A natureza democrática do Estado Português permitiu esta mudança educativa que foi já visível na segunda metade da década de 70 do século XX. Apenas em 1986 se tornou obrigatória a escolaridade de 9 anos. Apesar do investimento tardio, o esforço continuado de investimento permitiu melhorar o nível de qualificação dos portugueses. Deu-se total a abertura no acesso aos estudos, havendo mais qualificação para as gerações mais jovens, comparando com as gerações anteriores. Mesmo assim, existem ainda muitos portugueses com um máximo 6 anos de escolaridade, o que se traduz numa posição desfavorável para Portugal ao nível internacional. Portugal registou um maior crescimento, nos últimos anos, convergindo com a escolarização dos outros Estados-membros. Mesmo com a democratização de acesso ao ensino, existem estudantes portugueses com formação abaixo da média, registando-se uma fraca qualidade de aprendizagem e abandono escolar sem conclusão do ensino básico. Neste sentido, Portugal enfrenta um duplo desafio para inverter a situação, ou seja, ultrapassar, num curto espaço de tempo, o atraso estrutural no domínio educativo e promover a educação ao longo da vida, de forma a manter a sociedade actualizada. Neste trabalho, quisemos saber se os factores socioeconómicos e culturais dos pais/encarregados de educação interferem no sucesso/insucesso escolar dos filhos. A investigação demonstrou que o fracasso escolar não atinge, de igual modo, todas as classes e grupos sociais. As taxas de insucesso, são mais elevadas, e de forma bem diferenciada, junto dos alunos pertencentes aos sectores sociais convencionalmente designados por “classes desfavorecidas”. O estatuto sócio-cultural-económico tem um peso determinante. No grupo dos pais, com maior estabilidade económica e coesão de valores, os seus filhos estão mais predestinados ao sucesso. Por isso, sugerimos, em forma de conclusão, que devem ser promovidas novas formas de relações sociais e estratégias políticas que tenham em vista o decréscimo das diferenças e de todas as formas de exclusão social, referindo que a educação deve ser um factor de coesão, tendo em conta a diversidade dos indivíduos. Reconhecemos, contudo, que o Estado Português garante na Constituição a todos os cidadãos a liberdade de aprender e ensinar; ### ABSTRACT: For one soon incursion in History, in sequence to contextualize the inquiry, we pointed out the subject in geneses of the history of the education in Portugal, point out-in the ones in century XX; in this period Salazar it disciplined consciences, it infused values and it strengthened devices, with the imposition of the triad “God, Native land, Family”. After 1974, the education improved, and the school was democratized. Portugal met in weak in the social and educational areas and distanced situation of the remaining portion of the Europe. During 1ª Republic, the legislative activity demonstrated concern in the diverse areas of education, but it had some ministers with not conforming opinions. The legislation was fragmentary, making it difficult the global vision of the pertaining to school system. João Jose da Conceição Camoesas, that took the Folder of Public Instruction, tried to give a coherent and useful order to the general line of the studies. With the institutionalization of the New State, the educative vision was centered in the reduction of the education programs, having strengthened itself it component religious moral and, for the inculcação of nationalistic values. With the arrival of Marcelo Caetano to the power, new perspectives in the area of the education with the Minister Veiga Simão, that recognized that superior education was the area that most needed of reform and presented, for this effect, two projects. The Basic Law of this reform, contemplated innovations such as the insertion of pre-school education, the extension of compulsory education from six to eight years, among other no less important. With the end of the dictatorship, the 25 of April of 1974, had a new educative conception, as well as, appeal it to the equality chances in the education. The nature of the Portuguese State allowed the educative change in Portugal during the 70's and from the same. Only in 1986 it became obligator the scholarity of 9 years. Although the delayed investment, the continued effort of investment allowed to improve the level of qualification of the Portuguese. It was given, also, the democratization in the access to the studies, having more qualification for the generations youngest. Still, there are many Portuguese with a maximum of 6 years of schooling, which results give an unfavorable position for Portugal at international level. Portugal registered the highest growth in recent years, converging with the schooling of other Member States. Even with the democratization of access to education, Portuguese students are below of the average, there is a poor quality of learning and early school abandonment without conclusion of basic education. In this direction, Portugal faces a double challenge to invert the situation, that is, to exceed, in a short space of time, the structural delay in the educative domain and to promote the education throughout the life, of form to keep the society actualized. In this work, we wanted to know if the socioeconomics and cultural factors of in charge parents/of education intervene with the success/pertaining to school failure of the children. The inquiry demonstrated that the failure pertaining to school does not reach, equally, all classes and social groups. The failure rates are higher, and quite differentiated from the students belonging to the social sectors conventionally called by “underprivileged classes”. The socio-cultural-economic status has a determinative weight. In the group of the parents, with bigger economic stability and cohesion of values, its children more are predestined to the success. Therefore we suggest, in a conclusion form, that new forms of social relations and strategies must be promoted politics that have in sight the decrease of the differences and all forms of social exclusion, relating that the education must be a cohesion factor, having in account the diversity of the individuals. We recognize, however, that the Portuguese State guarantees in the Constitution to all the citizens the freedom to learn and to teach.