Marcadores moleculares de resistência de Plasmodium falciparum `Sulfadoxina-Pirimetamina após a mudança de políticas de tratamento da malária em Angola

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: ISIDORO, Gisela Aleixo
Data de Publicação: 2018
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10362/53501
Resumo: A malária causada por Plasmodium falciparum é, entre as doenças infeciosas e parasitárias, uma das maiores causas de mortalidade mundial. O diagnóstico atempado e correto são elementos chave para um programa de controlo da malária bem-sucedido. No entanto, controlo e tratamento têm sido bastante dificultados pelo aparecimento e disseminação da resistência dos parasitas aos antimaláricos mais utilizados nas últimas décadas, nomeadamente a cloroquina. Este facto conduziu à introdução de outros antimaláricos (ex. pirimetamina e sulfadoxina), assim como a modificação de esquemas terapêuticos e a inclusão de novas associações. Nas áreas endémicas de África, das 5 espécies de Plasmodium que infetam o homem, Plasmodium falciparum, é o que representa maior prevalência e virulência, uma vez que desenvolveu resistência a maioria dos antimaláricos atualmente em uso. De todos os grupos de risco, na mulher grávida a malária é considerada um grave problema de saúde pública pelas consequências que podem ocorrer tanto na mãe como no feto. O tratamento intermitente preventivo (TIP) com sulfadoxina e pirimetamina (SP) para grávidas foi uma das estratégias adotadas pela Organização Mundial de Saúde neste grupo de risco. A resistência aos fármacos utilizados tem colocado em causa esta intervenção e pode ter impato na sua eficácia e custo-benefício, pelo que é fundamental a caracterização dos marcadores moleculares que estão na sua origem. A resistência à SP utilizada no TIP na grávida tem vindo a aumentar e surge com a presença de mutações pontuais nas regiões codificantes de 2 genes, o dihidrofolato redutase (dhfr) e o dihidropteroato sintase (dhps), assim, é importante perceber qual o papel que o sequestro na placenta poderá desempenhar no aparecimento/manutenção da resistência a estes fármacos. Este estudo envolveu mulheres grávidas em trabalho de parto nas Maternidades Lucrécia Paím e Hospital Geral Especializado Augusto Ngangula, de Abril de 2006 a Fevereiro de 2008, com o objetivo de caracterizar a malária placentária por P. falciparum em Luanda, Angola. Nas amostras positivas por PCR foi efetuada a caracterização da prevalência de marcadores de resistência através da técnica de sequenciação genética pelo método de Sanger, para detetar as mutações A16V, N51I, C59R, S108N e I164L no pfdhfr e S436A, A437G, K540E, A581G e A613S/T no pfdhps. Das 81 mulheres com amostras de sangue de 3 compartimentos (cordão umbilical, sangue periférico, e placenta), observou-se uma prevalência dos SNPs no gene pfdhfr 108N de 96%, 51I de 89,2% e 59R de 40,5%, no gene pfdhps 437G de 98,2%, 540E de 19,3%. Dos haplótipos 51I/59R/108N de 29,7%, do 437G/540E 19,3% e 20% de prevalência do quíntuplo mutante pfdhfr/pfdhps 51I/59R/108N/437G/540E. Estes resultados sugerem que o uso de SP para o TIP em Angola é viável.
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Nas áreas endémicas de África, das 5 espécies de Plasmodium que infetam o homem, Plasmodium falciparum, é o que representa maior prevalência e virulência, uma vez que desenvolveu resistência a maioria dos antimaláricos atualmente em uso. De todos os grupos de risco, na mulher grávida a malária é considerada um grave problema de saúde pública pelas consequências que podem ocorrer tanto na mãe como no feto. O tratamento intermitente preventivo (TIP) com sulfadoxina e pirimetamina (SP) para grávidas foi uma das estratégias adotadas pela Organização Mundial de Saúde neste grupo de risco. A resistência aos fármacos utilizados tem colocado em causa esta intervenção e pode ter impato na sua eficácia e custo-benefício, pelo que é fundamental a caracterização dos marcadores moleculares que estão na sua origem. A resistência à SP utilizada no TIP na grávida tem vindo a aumentar e surge com a presença de mutações pontuais nas regiões codificantes de 2 genes, o dihidrofolato redutase (dhfr) e o dihidropteroato sintase (dhps), assim, é importante perceber qual o papel que o sequestro na placenta poderá desempenhar no aparecimento/manutenção da resistência a estes fármacos. Este estudo envolveu mulheres grávidas em trabalho de parto nas Maternidades Lucrécia Paím e Hospital Geral Especializado Augusto Ngangula, de Abril de 2006 a Fevereiro de 2008, com o objetivo de caracterizar a malária placentária por P. falciparum em Luanda, Angola. Nas amostras positivas por PCR foi efetuada a caracterização da prevalência de marcadores de resistência através da técnica de sequenciação genética pelo método de Sanger, para detetar as mutações A16V, N51I, C59R, S108N e I164L no pfdhfr e S436A, A437G, K540E, A581G e A613S/T no pfdhps. Das 81 mulheres com amostras de sangue de 3 compartimentos (cordão umbilical, sangue periférico, e placenta), observou-se uma prevalência dos SNPs no gene pfdhfr 108N de 96%, 51I de 89,2% e 59R de 40,5%, no gene pfdhps 437G de 98,2%, 540E de 19,3%. Dos haplótipos 51I/59R/108N de 29,7%, do 437G/540E 19,3% e 20% de prevalência do quíntuplo mutante pfdhfr/pfdhps 51I/59R/108N/437G/540E. Estes resultados sugerem que o uso de SP para o TIP em Angola é viável.Malaria caused by Plasmodium falciparum is one of the major causes of worldwide mortality among infectious and parasitic diseases. Early and correct diagnosis, are the key element for a successful malaria control program. However, the control and treatment have been greatly hampered by the appearance and dissemination of parasite resistance to the most commonly used antimalarials in recent decades, namely chloroquine. This fact led to the introduction of other antimalarials (eg. pyrimethamine and sulfadoxine), as well as to a modification of therapeutic schemes and the inclusion of new associations. In endemic areas of Africa, among the 5 Plasmodium species that infect humans, P. falciparum, is the one that represents greater prevalence and virulence, since it developed resistance to most of the antimalarials currently in use. Malaria in pregnant woman, is considered a serious public health problem because of the consequences on both the mother and the fetus. Intermittent preventive treatment with sulphadoxine and pyrimethamine (SP) was one of the strategies adopted by the World Health Organization to control the disease in this risk group. The resistance to the currently available drugs has been challenging this intervention and may impact on its efficacy and cost-effectiveness, so it is fundamental to characterize the molecular markers that are at its origin. The resistance to SP used in TIP in the pregnant women has been increasing and arises with the presence of point mutations in the coding regions of 2 genes, dihydrofolate reductase (dhfr) and dihydropteroate synthetase (dhps), so, it is important to understand which is the role that sequestration in the placenta may play in the onset / maintenance of resistance to these drugs. This study involved pregnant women in labor at the Lucrécia Paím Maternities and Augusto Ngangula General Specialized Hospital, from April 2006 to February 2008, with the objective of characterizing placental malaria by P. falciparum in Luanda, Angola. In the PCR-positive samples, the prevalence of resistance markers was determined using the Sanger method to detect the mutations A16V, N51I, C59R, S108N and I164L in pfdhfr and S436A, A437G, K540E, A581G and A613S/T in pfdhps. Of the 81 women with 3 compartment (blood samples, umbilical cord, peripheral blood, and placenta), a prevalence of SNPs in the pfdhfr gene 108N with 96%, 51I with 89,2% and 59R 40,5%. In the pfdhps gene 437G with 98,2%, 540E with 19,3%. Of the haplotypes 51I / 59R/108N with 29,7%, of the 437G/540E with 19,3% and 20% of the quintuple mutant prevalence of pfdhfr/pfdhps 51I/59R/108N/437G/540E. These results suggest that the use of SP for TIP in Angola needs to be reviewed.Instituto de Higiene e Medicina TropicalSILVEIRA, HenriqueCAMPOS, Paulo AdãoRUNISIDORO, Gisela Aleixo2019-05-18T00:30:52Z201820182018-01-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10362/53501TID:202026973porinfo:eu-repo/semantics/embargoedAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-03-11T04:26:25Zoai:run.unl.pt:10362/53501Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T03:32:39.396976Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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