O papel da estimulação magnética transcraniana repetitiva no tratamento do tremor misto

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Almeida, Vasco Paisana Pires
Data de Publicação: 2017
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10400.6/8093
Resumo: Introdução: Doente do sexo masculino, 69 anos, com o diagnóstico de síndrome parkinsónica com tremor misto (tremor de repouso e tremor cerebelar) mais acentuado do lado esquerdo, rigidez e bradicinesia ligeiras, de evolução gradual desde há 30 anos. É seguido na consulta de neurologia da Unidade Local de Saúde da Guarda (ULSG), com uma história de insucessos terapêuticos farmacológicos sucessivos pois, apesar de ter realizado a terapêutica otimizada com a associação carbidopa + levodopa, para além da restante medicação, tem vindo a sofrer um agravamento dos seus tremores, tendo sido proposto para estimulação magnética transcraniana repetitiva (EMTr). Trata-se de uma técnica não invasiva de estimulação craniana que tem ganho popularidade devido ao seu potencial terapêutico nos sintomas motores de doentes parkinsónicos. Metodologia: Relativamente à componente teórica do trabalho, a revisão bibliográfica foi realizada baseada em livros atualizados e em bases de dados biomédicas reconhecidas, como Pubmed e Medscape. Quanto à componente prática, foi efetuada a recolha da história clínica completa bem como o exame físico, no dia 27 de fevereiro de 2015, na Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade da Beira Interior (FCS-UBI). De 12 a 16 de março de 2015, o doente foi sujeito a 5 sessões diárias de estimulação em que se aplicaram sequencialmente 1200 pulsos de EMTr inibitória a 0.9 Hz sobre o córtex motor primário em ambos os hemisférios e efetuou-se a medição da pontuação UPDRS em dois momentos: antes do procedimento, pré-EMTr, a 27 de fevereiro de 2015; e pós-EMTr, a 06 de junho de 2015. Resultados: Os resultados revelaram um aumento da pontuação da escala UPDRS após a aplicação da EMTr, ou seja, um agravamento da sua sintomatologia motora, à custa do agravamento da escrita, do vestir, do discurso e do tremor de repouso. O único parâmetro que experimentou uma melhoria após o procedimento foi a estabilidade postural. O tremor cerebelar permaneceu inalterado. A pontuação pré-EMTr total foi de 28 pontos, enquanto que a pontuação pós-EMTr foi de 32 pontos. Conclusão: No caso do tremor de repouso, estudos efetuados em doentes parkinsónicos demonstram resultados discordantes, havendo muitos que relatam efeitos potencialmente benéficos do procedimento e muitos que relatam o mesmo como sendo ineficaz. Contudo, os mesmos apontam para um possível efeito terapêutico da EMTr inibitória sobre M1, o que não se verificou neste doente. Relativamente ao tremor cerebelar, não existem estudos acerca desta técnica como possível ferramenta terapêutica. Este caso clínico alerta para a necessidade de futuros ensaios clínicos randomizados controlados de larga escala com follow-up apropriado que possam ajudar os investigadores a definir o papel da EMTr no tratamento do tremor misto assim como estudos futuros para definir os parâmetros ótimos de estimulação.
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spelling O papel da estimulação magnética transcraniana repetitiva no tratamento do tremor mistoA propósito de um caso clínicoEmtrSíndrome ParkinsónicaTremor CerebelarTremor de RepousoTremor MistoUpdrsDomínio/Área Científica::Ciências Médicas::Ciências da Saúde::MedicinaIntrodução: Doente do sexo masculino, 69 anos, com o diagnóstico de síndrome parkinsónica com tremor misto (tremor de repouso e tremor cerebelar) mais acentuado do lado esquerdo, rigidez e bradicinesia ligeiras, de evolução gradual desde há 30 anos. É seguido na consulta de neurologia da Unidade Local de Saúde da Guarda (ULSG), com uma história de insucessos terapêuticos farmacológicos sucessivos pois, apesar de ter realizado a terapêutica otimizada com a associação carbidopa + levodopa, para além da restante medicação, tem vindo a sofrer um agravamento dos seus tremores, tendo sido proposto para estimulação magnética transcraniana repetitiva (EMTr). Trata-se de uma técnica não invasiva de estimulação craniana que tem ganho popularidade devido ao seu potencial terapêutico nos sintomas motores de doentes parkinsónicos. Metodologia: Relativamente à componente teórica do trabalho, a revisão bibliográfica foi realizada baseada em livros atualizados e em bases de dados biomédicas reconhecidas, como Pubmed e Medscape. Quanto à componente prática, foi efetuada a recolha da história clínica completa bem como o exame físico, no dia 27 de fevereiro de 2015, na Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade da Beira Interior (FCS-UBI). De 12 a 16 de março de 2015, o doente foi sujeito a 5 sessões diárias de estimulação em que se aplicaram sequencialmente 1200 pulsos de EMTr inibitória a 0.9 Hz sobre o córtex motor primário em ambos os hemisférios e efetuou-se a medição da pontuação UPDRS em dois momentos: antes do procedimento, pré-EMTr, a 27 de fevereiro de 2015; e pós-EMTr, a 06 de junho de 2015. Resultados: Os resultados revelaram um aumento da pontuação da escala UPDRS após a aplicação da EMTr, ou seja, um agravamento da sua sintomatologia motora, à custa do agravamento da escrita, do vestir, do discurso e do tremor de repouso. O único parâmetro que experimentou uma melhoria após o procedimento foi a estabilidade postural. O tremor cerebelar permaneceu inalterado. A pontuação pré-EMTr total foi de 28 pontos, enquanto que a pontuação pós-EMTr foi de 32 pontos. Conclusão: No caso do tremor de repouso, estudos efetuados em doentes parkinsónicos demonstram resultados discordantes, havendo muitos que relatam efeitos potencialmente benéficos do procedimento e muitos que relatam o mesmo como sendo ineficaz. Contudo, os mesmos apontam para um possível efeito terapêutico da EMTr inibitória sobre M1, o que não se verificou neste doente. Relativamente ao tremor cerebelar, não existem estudos acerca desta técnica como possível ferramenta terapêutica. Este caso clínico alerta para a necessidade de futuros ensaios clínicos randomizados controlados de larga escala com follow-up apropriado que possam ajudar os investigadores a definir o papel da EMTr no tratamento do tremor misto assim como estudos futuros para definir os parâmetros ótimos de estimulação.Introduction: 69 year old male patient diagnosed with a 30 year old progressing parkinsonism with mixed tremor (resting tremor and cerebellar tremor) more pronounced on the left side, mild rigidity and bradykinesia. The patient is followed by the neurology service at the Local Health Unit in Guarda, with a history of several pharmacological therapeutic failures, since, despite having performed the optimized therapy with the combination carbidopa + levodopa, in addition to the remaining medications, he has been experiencing a worsening of his tremors and therefore has been proposed for repetitive transcranial magnetic stimulation (rTMS). This is a non-invasive technique for transcranial stimulation that has gained popularity due to its potential therapeutic effect specially on the motor symptoms of patients with parkinsonism. Methods: The theoretical component of this essay, the literature review, was made based on updated books and well recognized biomedical databases such as Pubmed and Medscape. Concerning the practical component of this essay, a thoroughly history of the patient was collected and a comprehensive physical examination was conducted on the 27th February 2015 in Faculdade de Ciências da Saúde at University of Beira Interior (FCS-UBI). From 12 to 16 March 2015, the patient was subjected to 5 daily sessions of stimulation. We applied sequentially 1200 pulses of 0.9 Hz inhibitory rTMS over the primary motor cortex in both hemispheres and we calculated the UPDRS score in two different moments: before the stimulation, pre-rTMS, on the 27th February 2015; and post-rTMS on the 6th June 2015. Results: The results revealed a higher UPDRS score after the execution of rTMS, i.e., a worsening of the patient’s motor symptoms in expense of a worsening of writing, dressing, speech and resting tremor. The only parameter that experienced an improvement after the procedure was postural stability. The cerebellar tremor remained unchanged. The pre-rTMS total score was 28 points whereas the post-rTMS total score was 32 points. Conclusion: Regarding resting tremor, studies conducted on patients with parkinsonism have demonstrated inconsistent findings with some reporting potential beneficial effects of rTMS and others reporting no such results. Nevertheless, they show a potential beneficial effect of low-frequency rTMS over M1 that has not been verified in this patient. There are no studies concerning the therapeutic potential of rTMS in the treatment of cerebellar tremor. This case-report supports that large-scaled randomised controlled trials with appropriate follow-up are needed to help for researchers to define rTMS role in the treatment of mixed tremor as well as future studies to find out the optimal stimulation parameters.Patto, Maria da Assunção Morais e Cunha VazPinto, NunouBibliorumAlmeida, Vasco Paisana Pires2019-12-20T17:29:16Z2017-4-62017-06-072017-06-07T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10400.6/8093TID:202347753porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-12-15T09:47:50Zoai:ubibliorum.ubi.pt:10400.6/8093Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T00:48:30.478400Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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