Roger Sherman Loomis : uma perspectiva celtizante da Literatura Medieval

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Nogueira, Anabela Garcia Ferreira Pinto
Data de Publicação: 2004
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1822/707
Resumo: Ao elaborar esta dissertação, pretendemos divulgar a tese celtizante do estudioso americano, Roger Sherman Loomis, falecido em 1966. A sua teoria aponta para a influência que a mitologia céltica teve na literatura francesa da Idade Média e como a configuração dos episódios do romance arturiano revelam os esquemas narrativos que encerram essa mitologia. Dividimos o trabalho em quatro partes: - na primeira, apresentamos, em traços gerais, a perspectiva loomisiana de mito e folclore (conceitos fundamentais para se perceber o modo como a essência, que é o mito, é mantida na sua actualização de lugares, nomes, personagens e esquemas), e o método do estudo da etimologia para desvendar a influência céltica. Este método revela-se particularmente importante, sobretudo se atendermos ao facto de que estamos perante uma cultura predominantemente oral e, por isso, sujeita a subjectividades e transformações (umas arbitrárias, outras, por força da circulação geográfica das narrativas, mais justificáveis); - na segunda parte, que traduz o pensamento de Loomis antes da Segunda Grande Guerra, centramo-nos na obra de 1927, Celtic Myth and Arthurian Romance. Aqui, conhecemos a tese continental da transmissão, a deusa irlandesa da vegetação e os deuses- sol, que são os protótipos de muitas das personagens do romance arturiano, e as funções dos talismãs do graal. Tudo isto subjaz ao mito solar e aos motivos que lhe são associados, como por exemplo, o jogo da decapitação; - na terceira parte, temos duas obras que representam as mudanças que ocorreram no pensamento loomisiano após a Segunda Grande Guerra: Arthurian Tradition and Chrétien de Troyes, de 1949, e The Grail. From Celtic Myth to Christian Symbol, de 1963. Ambas indicam um afunilamento dos interesses da teoria loomisiana: passamos de um vasto leque de questões em 1927, para a procura de traços mitológicos galeses na obra de Chrétien, para a substituição de "mito" por "tradição", para o estudo da interrelação de tudo o que forma a narrativa medieval, em 1949. E, em 1963, passamos para o estudo do percurso desse objecto misterioso que é o graal, o qual se transforma em símbolo cristão, obrigando-nos a esquecer a sua origem pagã. É neste ano que Loomis nos apresenta de um modo exaustivo a forma como "li cors bénit" céltico (o corno da abundância) se transforma em "li cors" (o corpo) de Cristo; - na quarta e última parte, apresentamos as nossas conclusões, mas vemos muitas questões sem resposta: quem influenciou quem na transmissão dos conteúdos mitológicos célticos?, qual a origem do graal?, eram os jograis realmente uma classe profissional?, a presença da mitologia céltica no romance arturiano não passa de uma mão cheia de confusões fonéticas? Quando analisamos a obra de Loomis, deparamo-nos com algums inconsistências, mas encontramos sempre a forte convicção de que a mitologia céltica está inquestionavelmente presente no romance arturiano. Mesmo que os argumentos utilizados por Loomis levantem mais questões que aquelas que consegue resolver.
id RCAP_0fc19f3e753d0aa6da9d30ee345ccd16
oai_identifier_str oai:repositorium.sdum.uminho.pt:1822/707
network_acronym_str RCAP
network_name_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository_id_str 7160
spelling Roger Sherman Loomis : uma perspectiva celtizante da Literatura MedievalAo elaborar esta dissertação, pretendemos divulgar a tese celtizante do estudioso americano, Roger Sherman Loomis, falecido em 1966. A sua teoria aponta para a influência que a mitologia céltica teve na literatura francesa da Idade Média e como a configuração dos episódios do romance arturiano revelam os esquemas narrativos que encerram essa mitologia. Dividimos o trabalho em quatro partes: - na primeira, apresentamos, em traços gerais, a perspectiva loomisiana de mito e folclore (conceitos fundamentais para se perceber o modo como a essência, que é o mito, é mantida na sua actualização de lugares, nomes, personagens e esquemas), e o método do estudo da etimologia para desvendar a influência céltica. Este método revela-se particularmente importante, sobretudo se atendermos ao facto de que estamos perante uma cultura predominantemente oral e, por isso, sujeita a subjectividades e transformações (umas arbitrárias, outras, por força da circulação geográfica das narrativas, mais justificáveis); - na segunda parte, que traduz o pensamento de Loomis antes da Segunda Grande Guerra, centramo-nos na obra de 1927, Celtic Myth and Arthurian Romance. Aqui, conhecemos a tese continental da transmissão, a deusa irlandesa da vegetação e os deuses- sol, que são os protótipos de muitas das personagens do romance arturiano, e as funções dos talismãs do graal. Tudo isto subjaz ao mito solar e aos motivos que lhe são associados, como por exemplo, o jogo da decapitação; - na terceira parte, temos duas obras que representam as mudanças que ocorreram no pensamento loomisiano após a Segunda Grande Guerra: Arthurian Tradition and Chrétien de Troyes, de 1949, e The Grail. From Celtic Myth to Christian Symbol, de 1963. Ambas indicam um afunilamento dos interesses da teoria loomisiana: passamos de um vasto leque de questões em 1927, para a procura de traços mitológicos galeses na obra de Chrétien, para a substituição de "mito" por "tradição", para o estudo da interrelação de tudo o que forma a narrativa medieval, em 1949. E, em 1963, passamos para o estudo do percurso desse objecto misterioso que é o graal, o qual se transforma em símbolo cristão, obrigando-nos a esquecer a sua origem pagã. É neste ano que Loomis nos apresenta de um modo exaustivo a forma como "li cors bénit" céltico (o corno da abundância) se transforma em "li cors" (o corpo) de Cristo; - na quarta e última parte, apresentamos as nossas conclusões, mas vemos muitas questões sem resposta: quem influenciou quem na transmissão dos conteúdos mitológicos célticos?, qual a origem do graal?, eram os jograis realmente uma classe profissional?, a presença da mitologia céltica no romance arturiano não passa de uma mão cheia de confusões fonéticas? Quando analisamos a obra de Loomis, deparamo-nos com algums inconsistências, mas encontramos sempre a forte convicção de que a mitologia céltica está inquestionavelmente presente no romance arturiano. Mesmo que os argumentos utilizados por Loomis levantem mais questões que aquelas que consegue resolver.When writing this work, we want to divulge the Celtic thesis of the American studious, Roger Sherman Loomis, deceased in 1966. His thesis indicates the influence that the Celtic mythology had on the French literature of the Middle Ages and how the shape of the Arthurian Romance episodes reveals the narrative schemes that enclose that mythology. We divide this work into four parts: - on the first one, we generally present the loomisian perspective of myth and folklore (two main concepts to understand the way the essence, which the myth is, is kept on the renewal of places, names, characters and schemes), and the method of the ethymological study to reveal the Celtic influence. This method shows itself particularly important if we focus to the fact that we are before a mainly oral culture, therefore willing to subjectivities and transformations (some, mere impulses, others completely normal if we consider the narratives geographical circulation); - on the second part, which shows Loomis' theory before the Second World War, we focus on the book of 1927, Celtic Myth and Arthurian Romance. We acknowledge the continental thesis of transmission, the Irish goddess of vegetation and the sun- gods, all prototypes of many of the Arthurian romance characters, and the fonctions of the talismans of the grail. All this is submitted to the solar myth and its motives, such as the decapitation game; - on the third part, we have two major books that represent the changes that occured on the loomisian thought after the Second World War: Arthurian Tradition and Chrétien de Troyes, in 1949, and The Grail. From Celtic Myth to Christian Symbol, in 1963. They both indicate a narrowing of Loomis' questions: from a great number of questions in 1927, in 1949 he searches the Welsh mythological particularities in Chrétien's works, he replaces "myth" by "tradition", he studies the inner relations that shape the medieval romance. And, in 1963, he studies the path of that mysterious object, the grail, which transforms itself into a Christian symbol and makes us forget its pagan origin. It's in 1963 that Loomis explains in a very exhaustive manner how the Celtic "li cors bénit" (the blessed horn) gets into "licors" (the body) of Christ; - on the fourth and last part, we present our conclusions, but we certainly see many questions unanswered: who influenced whom when transmitting the Celtic material?, which is the origin of the grail?, were the conteurs a real professional class?, the presence of the Celtic mythology in the Arthurian romance is nothing but a phonetic confusion? When we study Loomis' work, we see some inconsistences, but we always find a strong certainty that the Celtic mythology is undoubtedly present in the Arthurian romance. Even if Loomis' arguments arise more questions than the answers he can provideUniversidade do MinhoNogueira, Anabela Garcia Ferreira Pinto20042004-01-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/1822/707porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-07-21T12:25:28Zoai:repositorium.sdum.uminho.pt:1822/707Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T19:19:42.954999Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
dc.title.none.fl_str_mv Roger Sherman Loomis : uma perspectiva celtizante da Literatura Medieval
title Roger Sherman Loomis : uma perspectiva celtizante da Literatura Medieval
spellingShingle Roger Sherman Loomis : uma perspectiva celtizante da Literatura Medieval
Nogueira, Anabela Garcia Ferreira Pinto
title_short Roger Sherman Loomis : uma perspectiva celtizante da Literatura Medieval
title_full Roger Sherman Loomis : uma perspectiva celtizante da Literatura Medieval
title_fullStr Roger Sherman Loomis : uma perspectiva celtizante da Literatura Medieval
title_full_unstemmed Roger Sherman Loomis : uma perspectiva celtizante da Literatura Medieval
title_sort Roger Sherman Loomis : uma perspectiva celtizante da Literatura Medieval
author Nogueira, Anabela Garcia Ferreira Pinto
author_facet Nogueira, Anabela Garcia Ferreira Pinto
author_role author
dc.contributor.none.fl_str_mv Universidade do Minho
dc.contributor.author.fl_str_mv Nogueira, Anabela Garcia Ferreira Pinto
description Ao elaborar esta dissertação, pretendemos divulgar a tese celtizante do estudioso americano, Roger Sherman Loomis, falecido em 1966. A sua teoria aponta para a influência que a mitologia céltica teve na literatura francesa da Idade Média e como a configuração dos episódios do romance arturiano revelam os esquemas narrativos que encerram essa mitologia. Dividimos o trabalho em quatro partes: - na primeira, apresentamos, em traços gerais, a perspectiva loomisiana de mito e folclore (conceitos fundamentais para se perceber o modo como a essência, que é o mito, é mantida na sua actualização de lugares, nomes, personagens e esquemas), e o método do estudo da etimologia para desvendar a influência céltica. Este método revela-se particularmente importante, sobretudo se atendermos ao facto de que estamos perante uma cultura predominantemente oral e, por isso, sujeita a subjectividades e transformações (umas arbitrárias, outras, por força da circulação geográfica das narrativas, mais justificáveis); - na segunda parte, que traduz o pensamento de Loomis antes da Segunda Grande Guerra, centramo-nos na obra de 1927, Celtic Myth and Arthurian Romance. Aqui, conhecemos a tese continental da transmissão, a deusa irlandesa da vegetação e os deuses- sol, que são os protótipos de muitas das personagens do romance arturiano, e as funções dos talismãs do graal. Tudo isto subjaz ao mito solar e aos motivos que lhe são associados, como por exemplo, o jogo da decapitação; - na terceira parte, temos duas obras que representam as mudanças que ocorreram no pensamento loomisiano após a Segunda Grande Guerra: Arthurian Tradition and Chrétien de Troyes, de 1949, e The Grail. From Celtic Myth to Christian Symbol, de 1963. Ambas indicam um afunilamento dos interesses da teoria loomisiana: passamos de um vasto leque de questões em 1927, para a procura de traços mitológicos galeses na obra de Chrétien, para a substituição de "mito" por "tradição", para o estudo da interrelação de tudo o que forma a narrativa medieval, em 1949. E, em 1963, passamos para o estudo do percurso desse objecto misterioso que é o graal, o qual se transforma em símbolo cristão, obrigando-nos a esquecer a sua origem pagã. É neste ano que Loomis nos apresenta de um modo exaustivo a forma como "li cors bénit" céltico (o corno da abundância) se transforma em "li cors" (o corpo) de Cristo; - na quarta e última parte, apresentamos as nossas conclusões, mas vemos muitas questões sem resposta: quem influenciou quem na transmissão dos conteúdos mitológicos célticos?, qual a origem do graal?, eram os jograis realmente uma classe profissional?, a presença da mitologia céltica no romance arturiano não passa de uma mão cheia de confusões fonéticas? Quando analisamos a obra de Loomis, deparamo-nos com algums inconsistências, mas encontramos sempre a forte convicção de que a mitologia céltica está inquestionavelmente presente no romance arturiano. Mesmo que os argumentos utilizados por Loomis levantem mais questões que aquelas que consegue resolver.
publishDate 2004
dc.date.none.fl_str_mv 2004
2004-01-01T00:00:00Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/masterThesis
format masterThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/1822/707
url http://hdl.handle.net/1822/707
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
application/pdf
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron:RCAAP
instname_str Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron_str RCAAP
institution RCAAP
reponame_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
collection Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository.name.fl_str_mv Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1799132657174446080