As placas de xisto gravadas (e os báculos) do sítio do Monte da Barca (Coruche)

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Gonçalves, Victor S.
Data de Publicação: 2011
Tipo de documento: Livro
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10451/9391
Resumo: O sítio funerário do Monte da Barca foi identificado por puro acaso em 1971, durante o processo que conduziu à sua destruição, presumivelmente integral, e foi apresentado ao 3.º Congresso Nacional de Arqueologia (Porto) em 1973, parcialmente publicado nas suas Actas, em 1974. Peças do espólio desapareceram entretanto e outras, inéditas, foram recuperadas por iniciativa da Câmara Municipal de Coruche. Em 2008, ao abrigo dos Programas de investigação PLACA NOSTRA e ANSOR (Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa – UNIARQ – Grupo de trabalho sobre as antigas sociedades camponesas) foi iniciado o estudo do conjunto das 29 placas de xisto gravadas nele recolhidas, dos quatro báculos e, por extensão, de alguns materiais associados. Descrevem‑ se aqui as placas e os báculos e comenta‑ se a integração do sítio no seu ambiente megalítico. O autor acredita não haver argumentos para defender que o sítio do Monte da Barca foi um monumento megalítico, inclinando‑ se antes para uma grande fossa escavada na rocha macia, para enterramentos colectivos, talvez como em Aljezur. Claro que o espólio recolhido é «megalítico ». Tão «megalítico» como o que se encontra em antas... grutas naturais e artificiais e tholoi... O megalitismo, para além de um estilo arquitectónico, é um subsistema mágico‑ religioso próprio a certas fases das antigas sociedades camponesas e com esta flexibilidade deverá ser entendido. O sítio funerário do Monte da Barca corresponde assim a uma das fases evoluídas do megalitismo ortostático, mais precisamente àquela que associa as placas de xisto gravadas aos rituais funerários. Pela sua própria posição geográfica, Monte da Barca está entre o mundo do Alto Alentejo e as Penínsulas de Lisboa e Setúbal. Artefactos de pedra polida, sílex, as placas de xisto gravadas e as cerâmicas partilham mundos em comunicação. A sua grande importância reside também na sua própria localização, em paisagem totalmente aberta, com visibilidade extrema a partir da margem direita do Sorraia, onde se localiza o povoado do Monte do Lacrau e, mais a montante, o Cabeço do Pé da Erra, com uma área de trabalho de placas de xisto gravadas. A cronologia proposta aponta para algures num intervalo de tempo que engloba o último século do 4.º milénio e os primeiros do 3.º a.n.e.
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Descrevem‑ se aqui as placas e os báculos e comenta‑ se a integração do sítio no seu ambiente megalítico. O autor acredita não haver argumentos para defender que o sítio do Monte da Barca foi um monumento megalítico, inclinando‑ se antes para uma grande fossa escavada na rocha macia, para enterramentos colectivos, talvez como em Aljezur. Claro que o espólio recolhido é «megalítico ». Tão «megalítico» como o que se encontra em antas... grutas naturais e artificiais e tholoi... O megalitismo, para além de um estilo arquitectónico, é um subsistema mágico‑ religioso próprio a certas fases das antigas sociedades camponesas e com esta flexibilidade deverá ser entendido. O sítio funerário do Monte da Barca corresponde assim a uma das fases evoluídas do megalitismo ortostático, mais precisamente àquela que associa as placas de xisto gravadas aos rituais funerários. Pela sua própria posição geográfica, Monte da Barca está entre o mundo do Alto Alentejo e as Penínsulas de Lisboa e Setúbal. Artefactos de pedra polida, sílex, as placas de xisto gravadas e as cerâmicas partilham mundos em comunicação. A sua grande importância reside também na sua própria localização, em paisagem totalmente aberta, com visibilidade extrema a partir da margem direita do Sorraia, onde se localiza o povoado do Monte do Lacrau e, mais a montante, o Cabeço do Pé da Erra, com uma área de trabalho de placas de xisto gravadas. A cronologia proposta aponta para algures num intervalo de tempo que engloba o último século do 4.º milénio e os primeiros do 3.º a.n.e.Abstract: The burial site of Monte da Barca (in the Coruche county) was identified by pure chance in 1971, due to a series of events that have ended in its entire destruction. The findings were subsequently presented to the 3rd National Congress of Archaeology (Porto) in 1973 and partly published in its Proceedings in 1974. Some of the artefacts, the unpublished ones, were retrieved by initiative of the mayor of Coruche. In 2009 however, under the ANSOR and PLACA NOSTRA research programs (from the Lisbon University Centre of Archaeology UNIARQ – Work Group on ancient peasant societies), all 29 schist plaques, four schist crosses and by extension other associated materials have started to be studied. We describe here these ideotechnical artefacts and proceed to classify their cultural environment as a megalithic context. The author argues against the categorization of the Monte da Barca site as a megalithic monument stricto sensu, and that it should instead be perceived as a large collective burial pit, dug into the soft rock, similar perhaps to the Aljezur situation. The ensemble is of course considered as megalithic as any other group of artefacts unearthed in a megalithic monument per se, such as dolmens, natural or rock-cut caves and tholoi... Megalithism is, in addition to an architectural manifestation, part of a magical and religious subsystem, characteristic of certain phases of the evolution of ancient peasant societies – something to be taken into account when attempting to understand their rituals. The burial site of Monte da Barca is therefore simultaneous with an advanced phase of orthostatic megalithism, specifically one that includes engraved schist plaques in burial sites. From a merely geographical point of view, the site of Monte da Barca is connected to the Alentejo and to the Lisbon and Setúbal Peninsulas. The polished stone artifacts, knapped flint, schist plaques and pottery also shows the same access routes. Also worth mentioning is the visibility conditions of the site, with a view to the right bank of the Sorraia River, the Calcolithic camp of Monte do Lacrau and to the Pé da Erra settlement (which includes a manufacturing area for the engraved schist plaques). Chronologically the site is somewhere between the last century of the 4rd millennium and the first centuries of the 3rd millennium BCE.Fundação para a Ciência e Tecnologia; Município de Coruche.UNIARQ - Centro de Arqueologia da Universidade de LisboaRepositório da Universidade de LisboaGonçalves, Victor S.2013-10-21T08:17:41Z2011-012011-01-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/bookapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10451/9391por978-989-95653-5-7info:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-11-08T15:53:44Zoai:repositorio.ul.pt:10451/9391Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T21:33:37.084213Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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