O que pensam os Internos de Cirurgia Geral do seu Internato? Os resultados portugueses do International Surgical Residents Study

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Sousa, Hugo Miguel T. F. Santos
Data de Publicação: 2015
Outros Autores: Machado, Tiago Q. B. Ribeirinho, Dubecz, Attilla, Barbosa, Laura E. Ribeiro, Maia, José Eduardo F. Costa
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: https://revista.spcir.com/index.php/spcir/article/view/549
Resumo: Introdução: O presente estudo, International Surgical Residents Study, pretendeu avaliar o grau de satisfação dos internos de cirurgia geral relativamente ao seu internato, em diferentes países. São apresentados os resultados portugueses do referido estudo. Material e métodos: Num período de 3 meses (Abril a Junho de 2011), foi realizado um questionário em inglês, confidencial e anónimo, preenchido online, com 41 itens classificados numa escala de 5 graus. Foi realizada a análise univariada de acordo com o sexo, o ano de internato e o tipo de hospital (universitário vs comunitário). Resultados: Neste período foram preenchidos 40 questionários. Relativamente aos internos participantes neste estudo, 22 (55%) eram do sexo masculino e 18 (45%) do feminino, com uma idade média de 28,98 ± 2,68 anos. Em 52% dos casos os internos pertenciam a um hospital comunitário. A maioria (64,1%) dos internos apresenta um elevado nível de satisfação com o internato em Cirurgia Geral, no entanto 22,5% dos internos já consideraram deixar o internato de Cirurgia Geral. Os internos demonstram preocupação relativamente ao apoio institucional e às relações interpessoais, com 17,5% dos internos a acharem que não são respeitados pelos especialistas. São fontes de stress e de preocupação entre os internos, o número de horas e o stress no trabalho, a apreensão relativamente às suas capacidades clínicas, e a preocupação em causar mal aos doentes, em 45% dos casos devido à sobrecarga de trabalho. O gosto em operar e de tratar os doentes foram os principais motivos para escolha do internato em Cirurgia Geral, com apenas 12,5% dos internos a escolherem devido à expectativa de uma boa compensação económica. No que diz respeito às perspectivas futuras da Cirurgia Geral, a maioria demonstra preocupações com os aspectos económicos e com possibilidade de outras especialidades realizarem procedimentos da Cirurgia Geral. Na análise univariada de acordo o sexo verificaram-se diferenças nos seguintes itens: a opinião do interno tem importância (p=0,003), a influência da expectativa de uma boa compensação económica na escolha da especialidade (p=0,029). Na análise de acordo com o ano de internato, observaram-se diferenças nos seguintes aspectos: a existência de apoio institucional para os internos em dificuldades (p=0,046), já consideraram abandonar o internato de Cirurgia Geral (p=0,045), preocupação em causar mal aos doentes devido à sobrecarga de trabalho (p=0,011), descontentamento com a personalidade necessária para se tornar um bom cirurgião (p=0,024), preocupação com o facto dos especialistas pensarem mal do interno se este pedir ajuda na orientação de um doente (p=0,026), preocupação em ficar mal visto perante os internos mais velhos (p=0,039), queda ao longo do internato nas suas expectativas relativamente ao dinheiro que vão ganhar quando concluírem o mesmo (p=0,032). Na análise univariada de acordo com o tipo de hospital, verificaram-se diferenças nos seguintes itens: não se sentirem respeitados pelos especialistas (p=0,039), a influência da expectativa de uma boa compensação económica na escolha da especialidade (p=0,029). Conclusões: As atitudes, experiências e perspectivas dos internos de Cirurgia Geral relativamente ao seu Internato reflectem quer níveis elevados de satisfação quer fonte de apreensão. Estes factores variam de acordo com o sexo, ano de internato e tipo de hospital.
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